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A Voz Suprema do Blues, Relatos do Mundo e Mank, três filmes que falam de Blues e negros, veterano de guerra e relações hollywodianas

A Voz Suprema do Blues, Relatos do Mundo e Mank, três filmes que falam de Blues e negros, veterano de guerra e relações hollywodianas

Filme: A Voz suprema do Blues, 2020

Direção: George C. Wolfe

Elenco: Chadwick Boseman, Viola Davis

Enredo: Na cidade de Chicago dos anos 20, a chamada “mãe do Blues” Ma Rainey se reúne com sua banda para gravar canções para um disco. Daí ocorre desentendimentos, conflitos pessoais e também uma guerra de egos, tudo transbordando de fortes emoções, mágoas, ressentimentos e rancores. Tudo se passa dentro de um estúdio de gravação.

Comentário: O filme é um duelo de dramatização entre os atores Chadwick Boseman (sua última atuação no cinema), que interpreta o trompetista Levee Green, de triste passado, indivíduo frenético e sonhando em ser um astro da música, e Viola Davis, a cantora de blues Ma Rainey (que realmente existiu), talentosa, exigente e temperamental. Há muito diálogo que constroi um ambiente carregado, de sentimentalismos pesados e a tensão vai do início ao fim do filme dentro de uma gravadora, num ambiente claustrofóbico (fechado) e que afeta a sensibilidade de todos.  Dentro de um clima de bate boca, ressentimentos, a luta para sobreviver fazendo aquilo que gosta, egos inflados, o filme é bem conduzido e curiosamente apresenta embates entre os músicos negros numa época de muita discriminação racial.

Filme: Relatos do Mundo, 2020

Direção: Paul Greengrass

Elenco: Tom Hanks, Helena Zengel, Elizabeth Marvel

Enredo: O filme conta a história de um veterano confederado da guerra civil americana, derrotado no conflito, no ano de 1870, que segue sua vida viajando de cidade em cidade lendo as principais notícias dos jornais para os moradores locais. Numa de suas viagens conhece uma garotinha órfã perdida, de origem alemã, criada por uma tribo indígena massacrada, e resolve levá-la para seu novo lar numa viagem perigosa pelo Texas.

Comentário: “Relatos do Mundo” é um faroeste delicado e sutil. O filme retrata um melancólico Sul dos Estados Unidos, derrotado na guerra civil, que se recusou a superar a escravidão e abraçar o progresso. O ator Tom Hanks é o veterano Jefferson Kidd, um viajante que se arrepende da luta que dividiu o país ao meio, e sobrevive contando noticias dos jornais americanos para as populações por onde passa, como uma maneira de trazer uma certa união e um pouco de alegria. A atriz-mirim Helena Zengel é a órfã, que possui uma grande habilidade de atuar com pouca fala e se expressar incrivelmente com o olhar. A relação entre os dois, que se tornará com o tempo profundamente emocionante, segura toda a trama do filme com cenas carregadas de poesia. Atravessando o Texas, os dois parceiros improváveis mostrarão a melancolia e os perigos de uma América desolada do pós-guerra civil.

Filme: Mank, 2020

Direção: David Fincher

Elenco: Gary Oldman, Amanda Seyfried, Lily Collins

Enredo: O filme se baseia em fatos verídicos e se passa no início dos anos 40 quando o acidentado e acamado roteirista de cinema de Hollywood Herman J. Mankwiewicz, apelidado de Mank, prepara o melhor roteiro de sua vida, aquele que resultará no icônico filme “Cidadão Kane” de Orson Welles.  Isolado em um rancho, com suas garrafas de bebidas alcóolicas, Mank tem um surto artístico, enquanto sua vida é contada no passado.

Comentário: Filmado num lindo preto e branco, essa obra aborda, com uso intenso de flashback, os bastidores da cena cinematográfica de Hollywood nos anos 30 e seus protagonistas, tais como produtores, diretores, atrizes, e também apresenta estúdios e filmagens. O roteirista Mank é bem relacionado no mundo do cinema, mas seu alcoolismo, sua língua solta, suas posições um tanto socialistas e seu modo independente de vida criam conflitos e confusões na terra do cinema. Com uma ótima atuação de Gary Oldman como Mank, o filme aborda o dia a dia de Hollywood, misturando poder, dinheiro e política num ambiente de relações tumultuadas, dissimuladas e até perigosas dentro de um mundo de fofocas e intrigas. Destaque para as aparições de Orson Welles que dirigiria “Cidadão Kane” com roteiro de Mank.

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