Mimi, Demais para Mim e As Espiãs de Churchill, três filmes que tratam de barriga de aluguel, doença terminal, amor e espionagem de guerra
Filme: Mimi, 2021
Direção: Laxman Utekar
Elenco: Kriti Sanon, Pankaj Tripathi, Sai Tamhankar, Evelyn Edwards, Aidan Whytock
Onde assistir: Netflix
Enredo: No filme indiano “Mimi”, acompanhamos o casal americano John (Aidan Whytock) e Summer (Evelyn Edwards), que está tentando sem sucesso ter um filho. Para tentar solucionar o problema, os dois visitam o estado de Rajasthan, no Norte da Índia, atrás de uma barriga de aluguel. Chegando lá, o casal John e Summer é convidado por um motorista de aplicativo, Bhanu (Pankaj Tripathi), a conhecerem Mimi Rathore (Kriti Sanon), uma jovem dançarina local e aspirante a atriz. Com problemas financeiros, Mimi acaba topando a oferta do casal americano, mas agora precisa esconder dos seus pais a gravidez. Porém, uma notícia relacionada à gestação abala o casal americano: a criança, ainda na barriga, é diagnosticada com Síndrome de Down. Agora, o casal precisa escolher entre aceitar e criar a criança ou deixá-la com Mimi, o que certamente arruinaria os planos profissionais da jovem e ameaçaria a relação dela com sua família.
Comentário: O filme indiano “Mimi” mistura drama e comédia, é leve e bem humorado, mas sem deixar de ser reflexivo. A mistura funciona bem e o filme consegue ser ao mesmo tempo engraçado e bastante comovente. Há grandes chances de ele arrancar de você não apenas lágrimas, mas também gostosas e descompromissadas risadas. O filme apresenta bem os hábitos e costumes do povo indiano, principalmente a rigidez sobre questões morais, proibições a mulheres e preconceitos a comportamentos liberais. O tema da barriga de aluguel é considerado um tabu na sociedade indiana, mas também não é bem visto em muitos lugares do mundo ocidental.
O assunto é tratado no filme de maneira aberta e convida os espectadores a refletirem sobre essa questão. O filme é edificante, pois faz uma ligação direta entre maternidade e humanidade. Os personagens são profundamente humanos, alegres e tristes, cômicos e trágicos, divertidos e apaixonantes. Tem uma boa atuação dos atores, além da cenografia local, fotografia, trilha sonora, coreografias de danças, figurino. E possui um ritmo lento que exprime a dinâmica da vida indiana e um roteiro interessante que aborda a maternidade usada para alcançar objetivos, além da descoberta de um amor inexplicável, mas verdadeiro, por alguém tão diferente. Trabalha questões como preconceitos de toda forma, solidariedade e compaixão.
Filme: Demais para Mim, 2020
Direção: Alice Filippi
Elenco: Ludovica Frances, Guiseppe Maggio, Gaja Masciale, Eleonora Gaggero, Jozef Gjura
Onde assistir: Netflix
Enredo: Marta (Ludovica Francesconi) é órfã de pai e mãe, mas isso nunca foi um problema para ela, pois cresceu com dois maravilhosos melhores amigos: Federica (Gaja Masciale), que é lésbica, e Jacopo (Jozef Gjura), que é gay. Os três vão viver juntos dividindo apartamento, e a vida deles seria como a de qualquer outro jovem, não fosse o fato de Marta ter uma doença irreversível e fatal. Ciente de que seu tejpo é curto, Marta vive intensamente cada momento, com muita alegria, bom humor e entrega. E uma das coisas que a jovem mais quer é ter um relacionamento amoroso de conto de fada. Por isso, no dia em que conhece Arturo (Giuseppe Maggio), ela tem certeza de que ele será o seu grande amor.
Comentário: O filme “Demais para Mim” é apaixonante, mesmo com uma temática pesada de doença terminal. É colorido, nos faz sorrir, sonhar, chorar e querer ser amigo de todos os personagens. Além disso, tem uma ambientação cenográfica incrível, simplesmente na bela cidade italiana de Turin. O filme se desenvolve de maneira deliciosa, apesar de possuir um fundo mórbido, fatal. A doença trágica da personagem principal não é abordada de maneira dramática, ao contrário: tudo é muito solar, iluminado, e alegre. Esse é o grande diferencial do filme, contar uma história dramática de maneira positiva, sem deixar pesar a saúde de Marta, uma jovem fascinante. Mais ainda: ao optar pelo gênero da comédia romântica, o filme acerta o tom, estabelecendo química imediata com todos os elementos fundamentais para sua história: personagens, figurino, fotografia e locação.
Todos os personagens de “Demais pra Mim” são adoráveis, cada um do seu modo. Os melhores amigos de Marta, Federica e Jacopo, funcionam como a sua família e imprimem suavidade e amor na forma de lidar com a doença fatal; Arturo, o namorado dos sonhos, apesar de ser um riquinho mimado, não discrimina Marta, essa doce e espevitada protagonista, que nos seduz com sua ânsia de viver, com seu guarda-roupa extravagante e com seu visual estético meio Amélie Poulain. O filme nos transporta para um universo de drama, mas com uma intensa história de amor de uma jovem e seu direito de viver e sonhar. “Demais para Mim” é um lindo filme alto astral, inspirador, animador e contagiante.
Filme: As Espiãs de Churchill, 2019
Direção: Lydia Dean Pilcher
Elenco: Stana Katic, Sarah Megan, Radhika Apte, Linus Roache
Onde assistir: Netflix
Enredo: Em 1941, as tropas de Hitler vão conquistando a Europa. Com esse avanço rápido, a Inglaterra, que se encontrava isolada, não tem agentes profissionais o bastante que possam agir como espiões nos países vizinhos. Dessa forma, a saída encontrada é iniciar o recrutamento de civis, entre eles, mulheres. Com o aval do então Primeiro-Ministro, Winston Churchill, a agente secreta Vera Atkins (Stana Katic) é encarregada de iniciar a procura por mulheres com perfil para se tornarem espiãs em solo francês, país onde a chegada do nazismo promove o terror junto à população. Dessa forma, duas mulheres acabam sendo treinadas para operações, Virginia Hall (Sarah Megan), uma americana com deficiência em uma das pernas, treinada para liderar operações espiãs, proteger e recrutar aliados, e Noor Ynayat Khan (Rhadika Apte), datilógrafa que assume o papel de mensageira entre espiões e a base de comando dos aliados.
Comentário: O filme explora a atuação de mulheres espiãs, assunto pouco abordado pela história, sua resiliência, força e capacidade de ação e que enfrentaram o preconceito dentro de um setor composto apenas por homens. “As Espiãs de Churchill” não se preocupa em detalhar fatos da segunda guerra mundial, mas em enaltecer jovens sem formação específica em combate, mas profundamente corajosas. É um filme emocional, em que os espectadores têm a oportunidade de se focar nos sentimentos e nas virtudes das personagens, temer pelas agentes ou comemorar seus feitos. Mas não é um filme de melodrama, pois a agente secreta Vera, a especialista em logística Virginia e a perita em comunicação Noor são dissociadas de suas famílias, de filhos, pais, maridos, e tampouco adquiram qualquer interesse amoroso ao longo das jornadas.
De maneira acertada, o filme se nega a romantizar as personagens, os cenários da época e a miséria nas ruas, concentrando parte considerável das ações em quartos e escritórios, dando um efeito um tanto tenebroso. É um retrato polido da guerra e isso faz a diferença, ou seja, o filme opta por tratar da violência de maneira não-violenta, diferente de outras obras cinematográficas sobre a segunda guerra mundial repletas de torturas, violência, explosões, sangue. Querendo recuperar o apagamento histórico ao qual mulheres, negros e outras minorias foram submetidos ao longo dos séculos, “As Espiãs de Churchill” tem como principal qualidade mostrar em tela o papel ativo que figuras femininas tiveram ao longo dos anos nas diversas missões que ajudaram a derrotar a Alemanha Nazista em 1945.
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