Os melhores filmes da década de 1960
O contexto histórico
No plano político, a década de 60 se caracterizou pelo crescimento da ‘Guerra Fria’ e da corrida armamentista, já antevendo um futuro nuclear tenebroso. Ocorreu também a Revolução Cubana na América Latina e o avanço das ideais comunistas que foram enfrentadas com ditaduras militares que se instalaram ao longo do tempo. Teve início também a descolonização da África e do Caribe, com a gradual independência das antigas colônias.
Do ponto de vista econômico, essa década começou com uma prosperidade de muitos países. Por exemplo, com a explosão do consumo doméstico, a disseminação da televisão como uma nova forma de comunicação de massa e o boom dos automóveis. Mas também houve pioras nas condições de vida de inúmeros outros países, gerando desigualdades sociais e novos movimentos políticos de orientação de esquerda.
Do ponto de vista cultural, surgiu um grande movimento de contracultura que desafiava o status quo e o estabilishment, mas também uma revolução sexual e musical, como a expansão do rock. O feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais cresceram. O Concílio Vaticano II revolucionou a Igreja Católica. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, com seus protestos contrários à Guerra Fria e à Guerra do Vietnã. As drogas, a vida alternativa comunitária e a minissaia enfrentaram os códigos morais e de costumes vigentes.
Lista dos melhores filmes dos anos 60
Selecionamos os 11 filmes mais significativos da década de 60. Os critérios foram: inovação na linguagem, contexto social, transgressões nos roteiros e realismo nas temáticas. Consultamos listas de especialistas, mas também houve escolhas próprias do Blog Cinema em Foco.
Filme: Acossado, 1960, França
Direção: Jean-Luc Godard
Comentário: O filme é considerado um manifesto estético do movimento cinematográfico da Nouvelle francesa por diversos fatores, entre eles: filmagens nas ruas, irreverência, ironia, herói à deriva, cortes rápidos, baixo orçamento e câmera na mão. Estilizando uma trama policial, o filme acompanha um ladrão em Paris que, depois de roubar um carro e assassinar um policial, planeja uma fuga para Roma com uma jovem americana aspirante a jornalista. O filme rompeu com a narrativa convencional do cinema, se tornou vanguardista e um clássico.
Cenas de “Acossado”, 1960
Filme: Jules e Jim, 1962, França
Direção: François Truffaut
Comentário: O filme é um clássico da Nouvelle Vague francesa e do cinema de autor que apresenta um triângulo amoroso nada convencional. Na Paris pré-primeira guerra mundial, Jules, um alemão tímido, e Jim, um boêmio francês, se apaixonam por Catherine, uma mulher moderna, independente e sedutora. A guerra os separa, mas após a Paz eles se reencontram e se libertam de amarras tradicionais de relacionamento. O filme é repleto de cenas memoráveis imitadas mundo afora e explora a afetividade e o lirismo, misturando amor, amizade e sexo.
Cenas de “Jules e Jim”, 1962
Filme: O Anjo Exterminador, 1962, México
Direção: Luís Bunüel
Comentário: ”O Anjo Exterminador” é um filme radical que empareda a burguesia e seu mundo de ostentações entre quatro paredes de uma festa. Um rico burguês convida amigos para um jantar opulento e luxuoso. Enquanto os convidados desfrutam do bom e do melhor, os servos desaparecem um a um. De repente, os participantes da festa são misteriosamente incapazes de sair do local. À medida que o tempo passa, o pânico, o caos e a loucura se instalam. Com sua usual pegada surrealista, o diretor Luís Bunüel encarcera a classe alta numa “caverna” de si mesmos.
Cenas de “O Anjo Exterminador”, 1962
Filme: 8 e ½, Itália
Direção: Federico Fellini
Comentário: O filme foi uma catarse de seu próprio diretor, Federico Fellini, que se encontrava artisticamente pressionado. Retrata um problemático cineasta italiano, Guido Anselmi, que luta contra a estagnação criativa enquanto tenta fazer um novo filme decolar. Oprimido por seu trabalho e vida pessoal, o personagem se refugia em seus pensamentos, seus amores, passados e presentes. Penetrando no território do fantástico, o filme acompanha Anselmi que, ao lidar com sua confusão delirante, vê sua produção se tornando cada vez mais autobiográfica.
Cenas de “8 e 1/2”, 1963
Filme: Zorba, o Grego, 1964, Estados Unidos
Direção: Michael Cacoyannis
Comentário: “Zorba, O Grego” é uma ode pela vida. Um filme que trata de uma improvável amizade entre um escritor britânico, Basil, em crise de criatividade, e um homem grego simples e estimulado de nome Zorba. Ao se encontrarem por acaso num navio com destino a uma ilha grega, os dois terão uma relação de descobertas e encantos quando se deparam com uma mina em dificuldades. Exalando humanidade na veia, Zorba ensinará ao seu amigo erudito o que é viver, que o importante é ter entusiasmo, deixar aflorar todos os sentimentos, buscar a alegria.
Cenas de “Zorba, O Grego”, 1964
Filme: Blow Up, 1966, Inglaterra
Direção: Michelangelo Antonioni
Comentário: Belíssimo de se ver e desafiante de se analisar, “Blow Up” é uma reflexão atemporal sobre a impermanência das coisas e as impossibilidades da vida. Centrado num fotógrafo de moda londrino, prepotente e tedioso, que testemunha através de suas fotos um possível assassinato num Parque, o filme navega em mitos culturais dos anos 60 em plena Swinging London (efervescência cultural e o modernismo de costumes em Londres). Mas o filme vai muito além disso. Transita entre o real e o imaginário, manipula as linguagens visuais, discorre sobre o vazio existencial, gélido, e questiona as liberdades cultuadas.
Cenas de “Blow Up”, 1966
Filme: Terra em Transe, 1967, Brasil
Direção: Glauber Rocha
Comentário: “Terra em Transe” é um libelo sobre o jogo da política e suas contradições. Mais especificamente, o filme pode ser lido como uma grande parábola da história do Brasil no período 1960-66, na medida em que metaforiza em seus personagens diferentes tendências políticas presentes no Brasil no contexto. No enredo, em um país fictício da América latina, um jornalista idealista, Paulo, polemiza entre dois líderes políticos: um populista e um conservador. Se sentindo traído pelo poder econômico e político, a sua opção pode ser a luta armada.
Cenas de “Terra em Transe”, 1967
Filme: 2001, Uma Odisseia no Espaço, 1968, Estados Unidos
Direção: Stanley Kubrick
Comentário: “2001, Uma Odisseia no Espaço” é um filme de ficção científica muito inovador para a época. No enredo, depois de descobrir um monolito misterioso, a espaçonave Discovery One e seu revolucionário supercomputador partem para desvendar sua origem. Entre os temas presentes no filme estão a evolução humana, o existencialismo e a inteligência artificial. O filme é lembrado pelo seu realismo científico e pioneirismo em efeitos especiais. Trata-se de uma profecia sobre tecnologia, espaço e as possibilidades de explorar um universo espantoso e desconhecido.
Cenas de “2001, Uma Odisseia no Espaço”, 1968
Filme: Perdidos na Noite, 1969, Estados Unidos
Direção: John Schlesinger
Comentário: “Perdidos na Noite” é um filme de um realismo social cruel. No enredo, Joe Buck é um ingênuo jovem texano que decide abandonar seu passado conturbado e se muda para Nova Iorque, onde tentará ganhar a vida como garoto de programa para mulheres ricas. Em uma de suas caminhadas, encontra Rizzo, um aleijado que se tornou um pária social e que sobrevive de pequenos golpes e furtos e com quem terá um laço de amizade. O filme desencanta sonhos, apresenta uma realidade impiedosa e soa permanentemente marginal.
Cenas de “Perdidos na Noite”, 1969
Filme: Era Uma Vez no Oeste, 1969, Itália
Direção: Sergio Leone
Comentário: O filme é uma ópera de faroeste e trata de uma vingança. Com uma maestria cinematográfica a toda prova, “Era Uma Vez no Oeste” explora quatro personagens sombrios sob o pano de fundo de uma viúva que tenta manter suas terras de pistoleiros implacáveis. O filme é lento, empoeirado, com muitos close-ups, em sua grande parte silencioso, mas que exala dramaticidade e explode com uma trilha sonora magistral. Ao abordar tipos complexos, que são ao mesmo tempo durões e decadentes, o filme antevê o fim de uma era do velho oeste com a chegada da ferrovia.
Cenas de “Era Uma Vez no Oeste”, 1969
Filme: Sem Destino, 1969, Estados Unidos
Direção: Dennis Hopper
Comentário: “Sem Destino” é um road movie que aborda de maneira visceral o sonho de uma vida alternativa nos Estados Unidos. Conta a história de dois motociclistas que viajam através do sul e sudoeste dos Estados Unidos com o objetivo de alcançar uma utopia de liberdade pessoal. Um marco na filmografia de contracultura e símbolo de uma geração pacifista, “Sem Destino” explora as paisagens naturais e sociais, assuntos e tensões na América da década de 1960, tais como a ascensão e queda do movimento hippie, o uso de drogas e o estilo de vida comunitária.
Cenas de “Sem Destino”, 1969
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