Máfia e gangsters no cinema: História e filmes selecionados
Um pouco da história da máfia
A Máfia surgiu no sul da Itália na época medieval. Seus membros eram agricultores proprietários de suas pequenas terras. Com o passar do tempo viram que eram vulneráveis aos poderosos senhores feudais donos de grandes terras, os quais usavam de atos criminosos para obter as terras dos demais.
Após isso, vários camponeses se uniram e lutaram juntos para vencer os poderosos donos de terras. Ao decorrer dos anos, várias pessoas se juntaram aos camponeses com o mesmo intuito de se proteger, foi então que começaram a sistematizar um esquema de proteção e de expansão de negócios, depredando o gado e as plantações daqueles que não pagassem.
Quem quisesse evitar esse vandalismo deveria fazer um acordo com a máfia. Da Itália, onde a máfia foi mais desenvolvida, a chamada indústria da “proteção forçada” se espalhou para o mundo inteiro, em especial para os Estados Unidos.
A palavra “mafia” foi tirada do adjetivo da língua siciliana mafiusu, que tem suas raízes no árabe mahyas, que significa “alarde agressivo, jactância” ou marfud, que significa “rejeitado”. Traduzido livremente, significa bravo. Referindo-se a um homem, mafiusu, no século XIX, significava alguém ambíguo, arrogante, mas destemido; ativo; orgulhoso.
O termo “máfia” foi originalmente aplicado à máfia siciliana. Desde então, o termo se expandiu para abranger outras organizações de métodos e propósitos semelhantes, por exemplo, “a máfia russa” ou “a máfia japonesa”. O termo foi cunhado pela imprensa e é informal. As próprias organizações criminosas têm seus próprios nomes. Por exemplo, a máfia siciliana e a máfia ítalo-americana relacionada referem-se a suas organizações como “Cosa Nostra”; a “máfia japonesa” se autodenomina “Ninkyō dantai”, mas é mais comumente conhecida como “yakuza” pelo público; e os grupos da “Máfia Russa” frequentemente se autodenominam “Bratva”.
Quando usado sozinho e sem qualquer qualificador, “Máfia” ou “a Máfia” geralmente se refere à máfia siciliana ou à máfia ítalo-americana e, às vezes, ao crime organizado italiano em geral. Também pode designar sociedades financeiras semelhantes às sociedades anônimas que funcionam como empreendimentos, geralmente ilícitos e na base da força.
Máfia e gangsters no cinema
O tema da máfia e gangsters foi muito trabalhado principalmente no cinema americano, a tal ponto de se tornar um gênero. Fizemos uma seleção histórica de filmes que se sobressaíram ao longo do século XX.
Começamos pelo filme intitulado no Brasil de “Scarface, A Vergonha de Uma Nação”, de 1932, dirigido por Howard Hawks. O enredo se passa na Chicago dos anos 20, um gângster (Paul Muni) mata um rival do seu chefe e rapidamente ganha destaque dentro da quadrilha. Ele espera o momento exato para assassinar seu chefe e se tornar o novo líder do bando, mas o fato de sua irmã (Ann Dvorak), por quem ele sente uma paixão incestuosa, estar envolvida com seu homem de confiança (George Raft) o deixa totalmente abalado. Este fato gerará trágicas consequências.
Cenas de “Scarface, A Vergonha de Uma Nação”, 1932
Em 1938, o diretor Michael Curtiz dirigiu “Anjos de Cara Suja”. No enredo, Rocky (James Cagney) e Jerry (Pat O’Brien) são dois amigos de infância que viviam em um bairro barra-pesada de Nova York. Depois de crescidos, eles tomam rumos bem diferentes: Rocky se torna um famoso gângster e Jerry um padre engajado. As crianças da vizinhança idolatram o criminoso, mas perdem um pouco de respeito depois que ele cede aos pedidos de Jerry para não fazer uma execução. O caminho dos dois vai se cruzar, assim como seus interesses diversos.
Cenas de “Anjos de Cara Suja”, 1938
Em 1972, o aclamado diretor americano Francis Ford Coppola lançou o filme “O Poderoso Chefão”. Em seguida continuou com o tema da máfia em mais dois filmes: “O Poderoso Chefão Parte II” e “O Poderoso Chefão Parte III”. Vamos nos ater apenas na primeira parte que se tornou uma obra prima. O filme segue a saga de uma família mafiosa de Nova York, onde Don Vito Corleone (Marlon Brando), chefe de uma família mafiosa, decide entregar seu império ao filho mais novo, Michael (Al Pacino). No entanto, sua decisão involuntariamente coloca as vidas de seus entes queridos em grave perigo.
Cenas de “O Poderoso Chefão”, 1972
Em 1984, o cineasta italiano Sérgio Leone, brilhante em seus faroestes da década de 60, abordou a máfia no incrível filme “Era Uma Vez na América”. O enredo navega na década de 20, quando David Aaronson (Robert De Niro) e Maximillian Bercouicz (James Woods), dois amigos de descendência judaica, crescem juntos cometendo pequenos crimes nas ruas do Lower East Side, Nova York. Gradualmente estes crimes assumem proporções maiores e a Máfia judaica passa a ter tanta força que os amigos do passado se tornam rivais. Esta saga percorre desde seus dias de infância, atravessa o apogeu durante a Lei Seca e retrata o reencontro deles após 35 anos.
Cenas de “Era Uma Vez na América”, 1984
Em 1985, o renomado diretor americano John Huston lançou “A Honra do Poderoso Prizzi”. Conta a história, em tons de humor negro, de uma família mafiosa contemporânea dos Estados Unidos. Charley Partanna (Jack Nicholson) é um gângster de confiança da tradicional família de mafiosos Prizzi, para quem trabalha como matador. Ele se apaixona por Irene Walker (Kathleen Turner), que é uma matadora de aluguel contratada pela família para eliminar um elemento interno que a teria lesado. A partir daí, as confusões acontecem.
Cenas de “A Honra do Poderoso Prizzi”, 1985
Em 1987 o diretor Brian DePalma realizou um dos melhores filmes sobre a máfia: “Os Intocáveis”. No enredo, apesar da Lei Seca nos EUA (anos 30), um mafioso, Al Capone (Robert De Niro), continua seu negócio ilícito de bebidas alcoólicas. Um agente federal, Eliot Ness (Kevin Costner), é designado para expor o negócio ilegal de Capone e levá-lo à justiça. O destaque vai para a espetacular atuação do ator Sean Connery, como um policial de rua que se junta ao agente federal na caça aos criminosos.
Cenas de “Os Intocáveis”, 1987
Em 1990, o genial cineasta Martim Scorsese lançou “Os Bons Companheiros”. No enredo, Henry (Ray Liotta) cresce idolatrando mafiosos em seu bairro pobre no Brooklyn, Nova York. As coisas pioram quando ele, junto com seus amigos Jimmy (Robert De Niro) e Tommy (Joe Pesci), decidem subir na hierarquia da máfia. Ele se envolve em golpes cada vez maiores e acaba se casando com Karen Hill (Loraine Bracco), sua amante. Impossibilitado de ser totalmente “adotado” pela “família”, o jovem ambicioso conquista prestígio, se envolve com o tráfico de drogas, prática grandes roubos e ganha muito dinheiro, mas os agentes federais estão na sua cola e o seu destino pode mudar a qualquer momento.
Cenas de “Os Bons Companheiros”, 1990
Também em 1990, os irmãos Joel e Ethan Copen realizaram “Ajuste Final”. Em 1929, em plena depressão econômica, Leo (Albert Finney) é um veterano gângster irlandês, que detém o controle do lado leste da cidade de Chicago. Para cuidar dos afazeres corriqueiros ele conta com Tom Reagan (Gabriel Byrne), seu braço direito. Johnny Caspar (Jon Polito), que anda sempre com seu capanga Eddie (J.E. Freeman), é o grande rival de Leo pelo controle da cidade. Daí, surge uma guerra de gangsters.
Cenas de “Ajuste Final”, 1990
Em 1993, o ator Robert De Niro dirige o filme “Desafio no Bronx”. O filme se passa no Bronx, Nova York, 1960. Um garoto de nove anos (Francis Capra), filho de um motorista de ônibus (Robert De Niro), testemunha um assassinato cometido pelo principal gângster do bairro (Chazz Palminteri), mas quando a polícia o interroga ele não delata o criminoso. A partir de então surge uma amizade entre os dois, que seu pai não aprova, pois não quer ver o filho envolvido com um criminoso. Mas através dos anos este vínculo cresce e algo, sendo impossível de ser impedido ou controlado.
Cenas de “Desafio no Bronx”, 1993
Em 1995, o filme “Dillinger e Capone” é lançado e dirigido por Jon Purdy. O filme não é baseado em eventos reais, mas imagina um mundo em que John Dillinger (Martin Sheen), um famoso gangster, não é morto no Biograph Theater (como a história narra) e vive para trabalhar com o mafioso de Chicago Al Capone (F. Murray Abraham).
Cenas de “Dillinger e Capone”, 1995
Em 1997, o filme “Donnie Brasco” é lançado e dirigido por Mike Newell. Nos anos 70, o policial disfarçado (Johnny Depp), que usa o nome de Donnie Brasco, infiltra-se entre mafiosos de Nova York. Um criminoso mais velho (Al Pacino) o toma sob sua tutela, ensinando-lhe os caminhos do crime. Mas ele coloca sua vida pessoal em xeque, pondo em risco sua missão de derrubar a quadrilha de mafiosos.
Cenas de “Donnie Brasco”, 1997
Em 2002 foi lançado o filme “Estrada para Perdição”, dirigido por Sam Mendes. O filme se passa durante a grande depressão econômica, mais exatamente no inverno de 1931. Michael Sullivan (Tom Hanks) é um zeloso pai de família. Porém, ele vive moralmente em conflito, pois trabalha como assassino profissional para um irlandês, John Rooney (Paul Newman), um idoso mafioso chefe de quadrilha. Depois que seu filho testemunha um assassinato cometido por seu chefe. De um lado está sua lealdade, enquanto do outro ele deve salvar seu filho e também levar à justiça aqueles que o injustiçaram.
Cenas de “Estrada Para Perdição”, 2002
Em 2007, o diretor Ridley Scott aborda a máfia no filme “O Gangster”. No início dos anos 70, o impacto da Guerra do Vietnã nos Estados Unidos é avassalador e a corrupção policial em Nova York é gigantesca. Com o aval de autoridades policiais a máfia trafica entorpecentes, sem ser ameaçada de verdade. Neste contexto ascende Frank Lucas (Denzel Washington), aprendiz de um dos maiores líderes negros do pós-guerra, que aproveita a morte de seu mentor para assumir a liderança do tráfico em Nova York. Mas, Richie Roberts (Russell Crowe), um implacável detetive, resolve agir para desbaratar o negócio de Lucas.
Cenas de “O Gangster”, 2007
Em 2009 foi lançado o filme “Inimigos Públicos” dirigido por Michael Mann. A história se passa em 1933 durante a Grande depressão e se foca na história real de um agente do FBI (Christian Bale) tentando deter lendários gangsters como John Dillinger (Johnny Depp), Baby Face Nelson (Stephen Graham) e Pretty Boy Floyd (Channing Tatum).O curioso é que John Dillinger, um gangster audacioso e violento, atraía a opinião pública ao seu favor. Seus assaltos a bancos e fugas rápidas enlouqueciam a polícia que não tinha condições de enfrentá-lo. Assim, Dillinger se tornou o inimigo público número um.
Cenas de “Inimigos Públicos”, 2009