A Era de Ouro de Hollywood: Um painel com filmes e Diretores representativos

Movimentos Cinematográficos

10/09/2022

A Era de Ouro de Hollywood: Um painel com filmes e Diretores representativos

Conceituação da Era de Ouro

A Era de Ouro de Hollywood foi um boom de filmes americanos nas décadas de 30, 40 e 50 que se desenvolveu graças a um modelo empresarial que unia produção, distribuição e exibição. Investidores do cinema criaram o Studio-System, uma estrutura física de produção de filmes baseada na Califórnia, EUA. Juntamente com o Studio-System e bons Diretores de cinema, logo surgiu o Star-System que glorificava os atores e atrizes numa fachada de glamour.

Com essa estrutura unida, Hollywood criou uma máquina cinematográfica capaz não só de encantar o público americano como também conquistar o mundo inteiro com filmes de roteiros palpáveis que se traduziam em comédias românticas, melodramas, musicais e crônicas de costumes. Desenvolveu também o famoso cinema noir, com filmes de mistério e suspenses policiais.

Uma seleção de filmes da Era de Ouro de Hollywood

A década de 30

A década de 30 costuma ser associada ao início da Era de Ouro de Hollywood. Com a grande depressão econômica de 1929, que atingiu o mundo todo, o cinema de Hollywood teve a oportunidade de reanimar a economia americana e aquecer os corações das pessoas. A produção cinematográfica cresceu e uma nova safra de filmes alegrou o mundo.

O cinema falado já era dominante e destaca-se que a competição entre os estúdios de cinema favoreceu o dinamismo produtivo de Hollywood nessa década. Aliado a isso, ir ao cinema se tornou um programa de diversão e até mesmo uma válvula de escape contra os problemas econômicos e sociais que os Estados Unidos apresentavam.

O modelo industrial de fazer filmes já funcionava muito bem, a tal ponto do cinema de Hollywood conseguir exportar suas produções e, assim, o mundo assistia suas histórias de romances, sonhos e ilusões. Com o sucesso, uma gama de artistas estrangeiros, diretores de cinema, atores e atrizes, invadiu Hollywood e a internacionalizou.

Em 1932, o Diretor Joseph Von Sternberg realizou “O Expresso de Xangai”, um drama romântico que se passa nos anos 30 numa China convulsionada pela Guerra Civil. Ao embarcar no expresso de Xangai, um trem que vai partir de Pequim, o capitão britânico Donald ‘Doc’ Harvey é avisado pelos amigos de que a notória cortesã “Shanghai Lily” (Marlene Dietrich), conhecida por arruinar homens com seus caprichos, será também uma passageira.

Em 1935, o Diretor George Cukor rodou uma ótima comédia dedicada aos aventureiros do mundo numa época em que até os vigaristas tinham bom coração e obedeciam a certos princípios éticos. Trata-se de “Vivendo em Dúvida”, filme em que um pai foge da França após ter cometido um crime e força sua filha (Katharine Hepburn) a disfarçar-se de homem para enganar as autoridades. Já em Londres, eles cruzam com um malandro interpretado por Cary Grant.

Em 1937, o Diretor George Stevens realizou um grande musical chamado “Ritmo Louco” com a dupla de dançarinos Fred Astaire e Ginger Rogers. No enredo, Astaire é um dançarino e jogador. Precisando de dinheiro para se casar, ele viaja para Nova York onde acaba se envolvendo com a professora de dança Penny, que sonha em melhorar de vida com sua arte. O filme é um show de coreografias de danças.

“O Expresso de Xangai”, 1932, e o Diretor Joseph Von Sternberg

Cenas de “O Expresso de Xangai”, 1932

“Vivendo em Dúvida”, 1935, e o Diretor George Cukor

“Ritmo Louco”, 1937, e o Diretor George Stevens

Cenas de “Vivendo em Dúvida”, 1935

Cenas de “Ritmo Louco”, 1937

Em 1938, o Diretor Frank Capra, conhecido pelo seu cinema humano e otimista, realizou um filme encantador intitulado “Do Mundo Nada Se Leva”. A história acompanhaTony Kirby (James Stewart), o filho de um empresário rico e influente, que resolve se casar com Alice Sycamore, uma moça simples, pertencente a uma família de pessoas extrovertidas e amalucadas, o que gera um choque de comportamentos. Capra trata a luta de classes de maneira despojada e engraçada.

Em 1939, dentro do contexto da Guerra Fria, o alemão radicado nos EUA Ernst Lubitch lançou um filme divertido que obrigou a atriz Greta Garbo, que faz uma agente do governo soviético em missão oficial a Paris, a sorrir em cena. A personagem de Garbo é durona, mas começa a ser seduzida pelos prazeres do capitalismo, que ela deveria detestar, através de um galanteador.

“Do Mundo Nada Se Leva”, 1938, e o Diretor Frank Capra

“Ninotchka”, 1939, e o Diretor Ernst Lubitch

Cenas de “Do Mundo Nada Se Leva”, 1938

Cenas de “Ninotchka”, 1939

A década de 40

Essa década foi marcada pela segunda guerra mundial. Mesmo com esse desastre bélico, o cinema de Hollywood se manteve produtivo, seu modelo industrial continuava vigoroso. Como resultado imediato da segunda guerra na cultura, artistas estrangeiros fugiam para Hollywood para escapar do nazismo na Europa.

Um dos fatores que ajudou o mercado de filmes de Hollywood permanecer ativo foi o fato de que a imposição de restrições no cotidiano da vida americana por causa da guerra não afetou o cinema, que conseguiu se manter como a principal diversão dos americanos. Ainda que as pessoas se cuidassem em relação ao conflito militar na Europa, continuavam assistindo filmes.

É claro que o mercado americano de cinema sofreu baixas, por exemplo com redução da quantidade de filmes, mas isso não o impediu de continuar forte. Apesar da guerra diminuir a produção cinematográfica, principalmente de 1942 a 1945, o estoque de filmes americanos era suficiente para manter o entretenimento nas salas de cinema.

Em 1940, o lendário John Ford realizou “As Vinhas da Ira” baseado no livro de John Steinbeck. O filme é um drama que acompanha uma família de pequenos agricultores que, expulsos de suas terras no Oklahoma durante a depressão econômica de 1929, atravessam o país em busca de melhor sorte na Califórnia. O filme faz duras críticas sociais numa saga de luta pela sobrevivência. O personagem principal é Tom Joad (Henry Fonda), um ex-presidiário.

Em 1942, o premiado Diretor William Wyler lançou “Mrs Miniver”, uma história comovente sobre uma família de classe média onde uma mãe mantém sua família unida em tempos de guerra na Inglaterra. o filme tenta desconstruir a imagem da Inglaterra glamourosa do período pré-guerra. Para esse propósito, o status social elevado da família Miniver foi degradado e maior atenção foi dada à erosão de barreiras entre classes durante o período da guerra.

Também em 1942, o Diretor Michael Curtiz realizou “Casablanca”, um filme que se tornou um clássico e um dos mais comentados da história do cinema. Durante a segunda guerra mundial, no Marrocos, um dono de bar, Rick (Humphrey Bogart), cínico e amargo, tem de lidar com um amor do passado, Ilsa (Ingrid Bergman), enquanto se desenvolvem intrigas e conspirações nos bastidores da própria guerra. Dentro do bar, que também é uma casa de apostas, uma clientela diversificada circula: as pessoas da França de Vichy, os funcionários da Alemanha Nazista, refugiados, políticos e ladrões.

“As Vinhas da Ira”, 1940, e o Diretor John Ford

“Mrs Miniver” 1942, e o Diretor William Wyler

“Casablanca”, 1942, e o Diretor Michael Curtiz

Cenas de “As Vinhas da Ira”, 1940

Cenas de “Mrs Miniver”, 1942

Em 1944, o imigrante Diretor Billy Wilder rodou “Pacto de Sangue” que se tornou um clássico do cinema noir. A história é baseada num crime real de 1927, em que Ruth, uma mulher casada do Queens (Nova Iorque) convence o seu amante Judd Gray a matar o marido Albert, após ter comprado uma apólice de seguro com cláusula de indenização dobrada (double-indemnity no título original). Os assassinos foram presos e executados.

Em 1946, o Diretor Howard Hawks dirigiu “À Beira do Abismo”, um filme policial de investigação e de mistério. No enredo, O detetive particular Philip Marlowe (Humphrey Bogart), crição do escritor americano-britânico Raymond Chandler, é contratado por uma família rica para lidar com um chantagista, Arthur Geiger. Sua vida toma um rumo inesperado enquanto ele persegue o caso e Arthur é encontrado morto.

“Pacto de Sangue”, 1944, e o Diretor Billy Wilder

“A Beira do Abismo”, 1946, e o Diretor Howard Hawks

Cenas de “Pacto de Sangue”, 1944

Cenas de “À Beira do Abismo”, 1946

A década de 50

O cinema de Hollywood na década de 50 superou os traumas da segunda guerra mundial e apresentou uma grande variedade de estilos e roteiros mais elaborados e mais profundos. Em razão da popularização da televisão, os estúdios cinematográficos sofreram uma redução de público nas salas de cinema e consequentemente caiu a lucratividade.

A concorrência com a televisão fez com que Hollywood buscasse novos atrativos para trazer o público de volta às salas de exibição de filmes. Nesse sentido, essa década foi de grande criatividade cinematográfica onde as temáticas foram se diversificando, saindo um pouco da linha de melodramas e romaces alienados para um cinema mais complexo e reflexivo.

Além da televisão, houve o problema do ‘machartismo’ nos Estados Unidos, um movimento de perseguição a comunistas que afetou artistas em Hollywood. De qualquer maneira, o cinema de Hollywood se manteve firme no seu modelo industrial, com novos atores, atrizes e diretores talentosos.

O Diretor John Huston realizou um grande filme em 1950. Seu nome: “O Segredo das Jóias”. O filme foi realizado em estilo noir e conta a história de um roubo de jóias meticulosamente planejado, mas com muitas reviravoltas. No enredo, um mestre do crime, Erwin “Doc” (Sam Jaffe), é solto da prisão e planeja um roubo com um apostador vigarista em uma cidade sem nome do Centro-Oeste americano. Com uma impecável direção, o filme trata de párias sociais numa sociedade hipócrita.

Adaptando uma obra consagrada de Tennesse Willians, o Diretor Elia Kazan realizou em 1951 “Um Bonde Chamado Desejo”. No enredo, Blanche DuBois, uma sulista erudita mas cheia de amargura e desilusão, chega ao apartamento da irmã Stella em New Orleans e se envolve com um homem rude e grosseiro, Stanley (Marlon Brando). Contrapondo pessoas opostas em cultura e hábitos, o filme exala suor, brigas e sensualidade.

“O Segredo das Jóias”, 1950, e o Diretor John Huston

“Um Bonde Chamado Desejo”, 1951, e o Diretor Elia Kazan

Cenas de “O Segredo das Jóias”, 1950

Cenas de “Um Bonde Chamado Desejo”, 1951

Em 1952, o Diretor Stanley Donen rodou aquele que é considerado o melhor musical da história. Estamos falando de “Cantando na Chuva”. Com lindas coreografias e inúmeras músicas deliciosas, o filme se passa nos anos 20 em Hollywood na transição do cinema mudo para o cinema falado, quando um casal de artistas, Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont, passa por várias enrascadas. Colorido, pulsante, alegre e engraçado, o filme é uma jóia do cinema de Hollywood.

Em 1953, o Diretor Fred Zinnemann lançou “A Um Passo da Eternidade”. O filme retrata a vida dos soldados que estão estacionados na ilha de Oahu, no Havaí, na época do inesperado ataque japonês a Pearl Harbor. Mas vai muito além de uma mera reconstituição de um evento da segunda guerra ao abordar as relações tumultuadas, pessoais e amorosas, no campo militar sem pudor, de maneira realista e muito picante. E ainda tem um grande elenco.

Também em 1953, o Diretor Henry Hathaway filmou “Niagara” com a ícone Marilyn Monroe em ótima atuação. O filme é um thriller de suspense e a história acompanha um casal conturbado. Ela, jovem e atraente, e ele, já de meia idade e com problemas psiquiátricos, vão descansar em um bangalô nas cataratas do Niagara, EUA. Mas o ciúme doentio do marido e a sedução carnal da esposa transforma o passeio num drama psicológico, ao mesmo tempo em que se encaminha para um final trágico.

“Cantando na Chuva”, 1952, e o Diretor Stanley Donen