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Mulheres no cinema: Uma seleção de Diretoras talentosas

Mulheres no cinema: Uma seleção de Diretoras talentosas

A presença da mulher em filmes remonta já no início da história do cinema. Elas se sobressaíram mais como atrizes, transformando-as em estrelas e até mesmo em adjetivos como divas ou musas. Infelizente, o cinema sempre teve o domínio dos homens, tanto como donos de estúdios cinematográficos, financiamentos, e também no protagonismo de roteiros e direção dos filmes. Afora no campo das interpretações, onde grandes atores se tornaram famosos.

Esse post vai se ater especialmente em diretoras de filmes talentosas que desde os primeiros tempos do cinema existiram, ainda que de maneiras isoladas e minoritárias. Ao longo do tempo, com muitas dificuldades e preconceitos, as mulheres diretoras vêm ganhando mais espaço e reconhecimento, conquistando prêmios e abordando temas diversos e inovadores. Há muito a percorrer ainda para que elas sejam efetivamente poderosas numa indústria cinematográfica majoritariamente masculina.

Alice Guy-Blaché foi uma diretora de cinema francesa pioneira. Ela foi uma das primeiras cineastas a fazer um filme de ficção narrativa, bem como a primeira mulher a dirigir um filme. De 1896 a 1906, ela foi provavelmente a única cineasta mulher do mundo. Lutou pela presença e igualdade de gênero por meio do seu talento em retratar narrativas ousadas para a época. Foi capaz de sincronizar todas as captações durante as gravações dos filmes (som, imagem, etc.). Ao longo dos 20 anos de carreira, ela realizou alguns clássicos dos primórdios do cinema, especialmente seu primeiro curta metragem chamado “A Fada do Repolho”, realizado em 1896 e remontado e relançado em 1900.

Cenas de “A Fada do Repolho”, 1900 (remontagem e relançamento)

Agnès Varda foi uma diretora de cinema, roteirista e fotógrafa de origem belga e radicada na França. Seus filmes focavam no realismo documental, ou formas não-ficcionais de mídia, focando no feminismo e em produzir críticas sociais em um estilo experimental. O trabalho de Varda utilizou filmagens em locações em uma época em que as limitações da tecnologia sonora tornavam mais fácil e comum filmar em ambientes fechados, com cenários construídos e cenários pintados de paisagens, em vez de ao ar livre, em locações externas. Ela também contratava atores amadores, algo bem incomum para o cinema dos anos 1950. Um grande filme de sua autoria é “Cléo das 5 às 7”, de 1962.

Cenas de “Cléo das 5 às 7”, 1962

Margarethe von Trotta é uma diretora, roteirista e atriz de cinema alemã.  Ela se estabeleceu em uma carreira solo de grande sucesso, tornando-se a diretora alemã de maior projeção nacional do pós-guerra. Margarethe é considerada a diretora mais feminista da atualidade, pois seu principal objetivo em seus filmes é o de criar e demonstrar novas representações da mulher contemporânea. Suas obras costumam focar nas relações entre e sobre mulheres, como companheiras, melhores amigas, filhas, irmãs e mães, bem como as relações delas com os homens. Em 1981, alcançou renome internacional com o filme“Marianne e Juliane”, com o qual venceu o Leão de Ouro do Festival de Veneza.

Cenas de “Marianne e Juliane”, 1981

Elizabeth Jane Campion é uma diretora de cinema neozelandesa. Ela é a segunda entre cinco mulheres nomeadas para o Oscar de Melhor Direção e a primeira cineasta feminina na história a receber a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, a qual lhe foi concedida em reconhecimento ao seu trabalho no filme O Piano (1993), pelo qual também ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Em 2022, recebeu seu primeiro Oscar de Melhor Direção, pelo filme Ataque dos Cães, e se tornou a primeira mulher nomeada duas vezes na categoria. Jane Campion sempre foi uma cineasta inovadora e costuma abordar a condição social feminina e dramas psicológicos.

Cenas de “O Piano”, 1993

Mira Nair é uma cineasta e crítica literária Indiana radicada nos Estados Unidos. Sua produtora é a Mirabai Films. Entre seus filmes importantes estão Mississippi Masala (1991)O Homonimo (2006), o vencedor do Leão de Ouro de Veneza Casamento à Indiana (2001) e Salaam Bombay (1988), que recebeu indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ao Prêmio BAFTA de Melhor Filme em Língua Não Inglesa. Seu cinema, tanto no documentário quanto na ficção, é marcado por uma narrativa de enfoque cultural, social e psicológico das relações humanas indianas e com muita cor e vibração. Também aborda preconceitos inter-raciais na sociedade contemporrânea.

Cenas de “Casamento à Indiana”, 2001

Sofia Carmina Coppola é uma cineasta, roteirista, produtora e atriz ítalo-americana. Em 2003, recebeu o Oscar de melhor roteiro original pelo filme Perdido em Tradução, e se tornou a terceira mulher a ser indicada para um Oscar de melhor Direção. Em 2010, com o drama Em Algum Lugar, ela se tornou a quarta cineasta dos Estados Unidos a ganhar o Leão de Ouro, o maior prêmio no Festival de Cinema de Veneza. Sofia Coppola nasceu na cidade de Nova York, filha mais nova (e única menina) da cenografista/artista Eleanor Coppola e do cineasta Francis Ford Coppola. Descende de italianos por parte de seu pai. Sofia se iniciou como atriz, mas é como cineasta que ela vem se sobressaindo. Sofia é conhecida por seus filmes intimistas e esteticamente marcantes. Alguns de seus trabalhos mais notáveis ​​incluem “As Virgens Suicidas”, “Encontros e Desencontros”, “Maria Antonieta” e “Priscila”. 

Cenas de “Maria Antonieta”, 2006

Lina Wertmüller foi uma cineasta italiana de origem na nobreza suíça. Seu nome completo é Arcangela Felice Assunta Wertmüller. Ela é mais conhecida por seus filmes de arte dos anos 1970, tais como “Pasqualino Sete Belezas”, “A Sedução de Mimi”, “Amor e Anarquia” e “Destino Insólito”.  Wertmüller foi a primeira cineasta mulher no mundo a ser indicada ao Oscar de Melhor Direção. Ela ganhou muitos prêmios, incluindo um Oscar Honorário, bem como um David di Donatello Career Achievement Award. e foi indicada para muitos outros, incluindo um Globo de Ouro, dois Oscars, e dois prêmios Palme d’Or. Seu cinema era muito passional e impregnado de paixões, mas também tinha seu lado cômico e trágico.

Cenas de “Pasqualino Sete Belezas”, 1975

Kathryn Ann Bigelow é uma diretora, produtora e roteirista americana. Seus prêmios incluem dois Oscars, dois BAFTA e um Primetime Emmy Award. A revista Time a nomeou uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2010. Bigelow fez sua estreia na direção de filmes com o filme de motociclistas fora da lei chaado Os Sem Amor  (1981). Ela ganhou destaque dirigindo os thrillers Quase Escuro (1987), Aço Azul (1990), Caçadores de Emoção (1991), Dias Estranhos (1995) e K-19: A Viúva (2002). Por dirigir o drama de guerra Guerra ao Terror (2008), Bigelow se tornou a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Diretora. Desde então, ela dirigiu o thriller de espionagem A Hora mais Escura (2012) e o drama policial Detroit (2017).

Cenas de “Guerra ao Terror”, 2008

Greta Celeste Gerwig é uma atriz, roteirista e diretora de cinema americana. Inicialmente conhecida por trabalhar em vários filmes mumblecore (filmes fora das convenções sociais), ela desde então expandiu de atuação e co-escrita de filmes independentes para direção de grandes filmes de estúdio. Como cineasta solo, Gerwig escreveu e dirigiu os filmes de amadurecimento Lady Bird (2017) e Adoráveis ​​Mulheres (2019), e a comédia de fantasia Barbie (2023), todos os quais receberam indicações ao Oscar de Melhor Filme. Por Lady Bird , ela recebeu indicações ao Oscar de Melhor Diretora e Melhor Roteiro Original, e por Adoráveis ​​Mulheres, ela foi indicada para Melhor Roteiro Adaptado. Seu filme Barbie se tornou o único filme de uma diretora solo a arrecadar mais de um bilhão de dólares em todo o mundo e lhe rendeu uma segunda indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Cenas de “Lady Bird”, 2017

Chloé Zhao é uma cineasta nascida na China. Ela é conhecida principalmente por seu trabalho em filmes independentes. Zhao conquistou reconhecimento internacional com o filme americano Nomadland (2020), que ela escreveu, produziu, editou e dirigiu, e que ganhou vários prêmios, incluindo o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza e o People’s Choice Award no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Ganhando quatro indicações ao Oscar pelo filme, Zhao ganhou Melhor Filme e Melhor Diretora, tornando-se a primeira mulher negra/asiática a ganhar este último e a segunda de três mulheres a ganhar o Oscar de Melhor Diretora.

Cenas de “Nomadland”, 2020

Filha do também cineasta brasileiro Jorge Bodanzky, Laís teve aulas de atuação dramática com Antunes Filho antes de se tornar diretora de cinema. Estreou na direção com o curta-metragem Cartão Vermelho, sobre uma menina que vive entre moleques e descobre a sexualidade. Este premiado curta foi selecionado para o New York Film Festival de 1995. O reconhecimento no cinema se deu com a realização do longa Bicho de Sete Cabeças (2001) uma produção Brasil/Itália  que conquistou diversos prêmios e apresentou para o mundo o ator Rodrigo Santoro. Como Nossos Pais, seu quarto longa, teve a première no 67º Festival de Berlim (Panorama Special) de 2017 embalado por inflamados debates feministas e indicado ao prêmio Teddy, recebeu excelentes críticas na mídia internacional especializada. Foi o filme mais premiado do Brasil naquele ano.

Cenas de “Bicho de Sete Cabeças”, 2001

Ana Muylaert  é uma diretora, produtora e roteirista de cinema e televisão brasileira, premiada dentro e fora do país. Dentre seus trabalhos mais reconhecidos estão os filmes Durval Discos e Que Horas Ela Volta?. Foi em 2015, que Ana dirigiu Que Horas Ela Volta?, longa premiado no Festival de Sundance, nos Estados Unidos e no Festival de Berlim, na Alemanha, além do Troféu APCA, o Abraccine e o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, no Brasil. A diretora também ganhou o troféu Grande Otelo no 15º Prêmio do Cinema Brasileiro pelo filme Que horas Ela Volta?. Ao todo, esse filme ganhou sete estatuetas, entre elas a de melhor longa-metragem de ficção.

Cenas de “Que Horas Ela Volta?”, 2015

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