Movimentos Cinematográficos
O cinema na Índia e no Irã: Um enfoque sobre povos e culturas fora do Ocidente

O cinema na Índia e no Irã: Um enfoque sobre povos e culturas fora do Ocidente

O cinema indiano

O cinema indiano é antigo, mas passou décadas muito pouco visto ou reconhecido no mundo ocidental. Já dentro de seu país, sempre teve grande público. Ele passou por várias fases e tipos de cinema internamente. Montou suas estruturas cinematográficas e teve repercussão internacional. A seguir, é feito uma avaliação de seus movimentos ao longo do tempo com filmes e cineastas representativos.

Os filmes indianos geralmente incluem muitas cenas de música e dança. Estas músicas costumam expressar emoções e paixões, que variam entre o amor, tragédia, triunfo e celebração. Nos filmes indianos costumam-se usar cantores de playback, ou sejam artistas que cantam as músicas, e os atores apenas sincronizam os seus movimentos labiais com a voz do cantor. As melodias de um filme indiano determinam em boa parte o sucesso comercial do mesmo.

Além do cinema comercial, existe também um tipo de cinema na Índia que aspira apenas à seriedade da arte. Este tipo de cinema é conhecido como o Novo Cinema Indiano, mas a maior parte das pessoas da Índia chama a estes filmes de “filmes de arte”. Estes lidam com uma grande variedade de temas, mas a maior parte explora as complexas situações e relações humanas.

O cinema Bengali

A história do cinema bengali vem desde a década de 90 do século XIX quando ocorreram as primeiras projeções em Calcutá. Depois de uma década, as primeiras sementes da indústria foram lançadas com a fundação da Royal Bioscope Company, que produzia cenas de várias representações teatrais populares. Muito tempo depois, foi estabelecida em 1918, a Indo British Film Co, a primeira produtora bengali.

Depois disso, atravessou-se uma longa história muito produtiva com nomes tais como Satyajit Ray e Ritwik Ghatak e outros que ganharam fama internacional assegurando o seu lugar na história do cinema.

Nascido em Calcutá, Satyajit Ray foi o maior cineasta indiano. Diretor, roteirista, documentarista, conquistou admiração internacional. Em 1964, Ray dirigiu Charulata (A Esposa Solitária). Foi considerado por muitos como o seu filme mais talentoso. O filme conta a história de uma esposa solitária, Charu, na Bengala do século XIX, e seus sentimentos crescentes por seu cunhado Amal. No Festival de Berlim, Ray venceu o prêmio de melhor Diretor.

Filme “A Esposa Solitária”, 1964

O cineasta Satyajit Ray

Cenas de “A Esposa Solitária”, 1964

Ritwik Kumar Ghatak foi um notável diretor de cinema, roteirista e dramaturgo indiano. Junto com proeminentes cineastas bengalis contemporâneo, seu cinema é lembrado principalmente por sua descrição meticulosa da realidade social, divisão e feminismo. Ghatak nunca teve uma audiência internacional, fora da Índia durante sua vida. O único grande sucesso comercial de Ghatak foi Madhumati (1958), um filme hindi que primeiro lidou com o tema da reencarnação.

Filme “Madhumati”, 1958

O cineasta Ritwit Ghatak

Cenas de “Madhumat1” 1958

O Cinema hindi (Bollywood)

A indústria cinematográfica híndi, baseada em Mumbai (anteriormente conhecida como Bombay, ou Bombaim), é o maior ramo do cinema indiano. A indústria híndi é às vezes chamada de Bollywood (mistura de Hollywood com Bombaim). A palavra Bollywood é por vezes aplicada ao cinema indiano com um todo, no entanto esta designação é incorreta, visto que se refere apenas ao cinema de língua híndi.

Bollywood tem sido muito criticada pelo que é visto por alguns como uma violação dos valores culturais indianos e pela sua discussão de temas controversos. Esta é considerada a mais liberal entre as várias indústrias cinematográficas indianas. Bollywood é a maior indústria de cinema indiano em termos de público. Têm também um grande reconhecimento internacional, especialmente no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Austrália onde existem grandes comunidades do sul da Ásia. Foram selecionados dois filmes recentes produzidos por Bollywood.

O primeiro éTaare Zameen Par (traduzido para “Como Estrelas na Terra”), de 2007. É um filme de drama de hindi produzido e dirigido por Aamir Khan. O filme explora a vida e a imaginação de um menino de 9 anos que, apesar de se destacar nas artes, tem baixo desempenho acadêmico o que leva seus pais a mandá-lo para um internato, onde um novo professor de arte suspeita que ele é disléxico e o ajuda a superar seu distúrbio de leitura.

Filme “Como Estrelas na Terra”, 2007

O cineasta Aamir Khan

Cenas de “Como Estrelas na Terra”, 2007

Outro filme recente na linha de Bollywood foi realizado em 2021 por Laxman Utekar e intitulado de “Mimi”. Acalentando grandes sonhos, mas não os meios para alcançá-los, uma mulher relutantemente concorda em se tornar uma barriga de aluguel para um casal. No entanto, quando os problemas começam a surgir, ela deve enfrentar algumas decisões difíceis.

Filme “Mimi”, 2021

O cineasta Laxman Utekar

Cenas de “Mimi”, 2021

O Cinema telugo

A indústria cinematográfica telugo é baseada na capital do estado de Andra Pradexe, Hiderabade e é a segunda maior indústria da Índia, logo depois do cinema hindi. Esse Estado indiano também afirma ter o maior estúdio cinematográfico do mundo, o Ramoji Film City.

Ao longo do tempo, os filmes telugos conseguiram ser lançados em outros países especialmente nos Estados Unidos, Canadá, partes da Europa, África do Sul, Malásia e Singapura.

Uma importante personalidade desse movimento cinematográfico indiano foi Yaragudipati Varada Rao (1903 – 1973), que foi ator e diretor, que, além de dirigir alguns importantes filmes mudos, como, por exemplo, Pandava Nirvana (1930), rodou em 1937, o clássico hagiográfico Chintamani , um grande sucesso tâmil que durou um ano como a maior audiência estimada em uma única tela na Índia e no Ceilão britânico.

Filme “Chintamani”, 1937

O cineasta Yaragudipati Varada Rao

Cenas de “Chintamani”, 1937

O cinema iraniano

Em 1900, o cinema foi apresentado no Irã pela primeira vez para o xá e sua esposa, cinco anos depois de ser inventado. Entretanto, em várias décadas seguintes, o cinema iraniano sofreu com a falta de reconhecimento, incentivo e caiu no esquecimento. Assim como o cinema japonês, o cinema iraniano acumulava obras-primas ao longo do tempo, mas permaneceu com um público restrito a seu próprio país, salvo algumas exceções. Um cinema pouco visto e pouco comentado mundo.

Na década de 1980, o cinema iraniano passou a se erguer com mais apoio e dinamismo, mas foi somente a partir da década de 90 que grandes filmes e novos diretores se sobressaíram dentro do Irã e pelo mundo afora.

Um deles é o cineasta Mohsen Makhmalbaf e seu filme “Salve o Cinema”. Numa mistura de documentário e ficção, o filme foi feito em homenagem aos 100 anos do cinema em 1995, baseado num anúncio de jornal que foi postado por Makhmalbaf para quem quisesse trabalhar no seu novo filme e entrar para o cinema. Makhmalbaf aproveita a situação e filma um filme sobre pessoas que querem ser artistas de cinema e qual o limite de cada uma.

Filme “Salve o Cinema”, 1995

O cineasta Mohsen Makhmalbaf

Cenas de “Salve o Cinema”, 1995

Outro grande nome do cinema de arte iraniano é Abbas Kiarostami. Diretor, roteirista, poeta, fotógrafo e produtor de cinema, Kiarostami foi aclamado pela crítica por dirigir, entre outros filmes, “Gosto de Cereja”, de 1997, com o qual foi vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O filme trata de um homem de Teerã, de meia-idade, que tem a intenção de se matar e procura alguém para enterrá-lo após sua morte.

Filme “Gosto de Cereja”, 1997

O cineasta Abbas Kiarostami

Cenas de “Gosto de Cereja”, 1997

Seguindo uma safra de grandes diretores e filmes, temos também Majid Majidi que se entrega a um cinema melancólico herdado do Neorrealismo italiano.  Em seu filme “Filhos do Paraíso”, de 1997, o diretor iraniano conseguiu obter atuações muito naturais de seus jovens atores amadores. Mostra a vida de uma família humilde, e onde um pobre garoto perde seu único par de sapatos e tem que se virar para despistar o ocorrido.

Filme “Filhos do Paraíso”, 1997

O cineasta Majid Majidi

Cenas de “Filhos do Paraíso”, 1997

E não parou por aí. O cineasta iraniano Jafar Panahi, que já havia tido reconhecimento no Festival de Cinema de Cannes, dirigiu “O Círculo”, em 2000, e venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Jafar pertence à escola cinematográfica do neorrealismo. O filme aborda a repressão sexista contra as mulheres no Irã contemporâneo. No enredo, várias mulheres acabam de receber indultos temporários para deixar a prisão. As perspectivas, porém, são as piores. Mesmo em liberdade, elas se sentem em uma grande prisão.

Filme “O Círculo”, 2000

O cineasta Jafar Panahi

Cenas de “O Círculo”, 2000

Por fim, apenas para encerrar esse perfil do cinema iraniano, temos o Diretor Asghar Farhadi que se manteve num cinema psicológico e venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim com o drama “A Separacão”, de 2011. O filme trata de pessoas simples (no enredo, um casal e uma filha), que sonham em ter uma vida melhor fora do Irã. Mas, divergem sobre a oportunidade para realizar isso, e se separam. Novos problemas surgem e situações inusitadas acontecem.

Filme “A Separação”, 2011

O cineasta Asghar Farhadi

Cenas de “A Separação”, 2011

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