Os Infratores, A Viatura e O Culpado, três filmes que tratam de conflitos na Lei Seca, maldade e inocência, e investigação solitária
Filme: Os Infratores, 2012
Direção: John Hillcoat
Elenco: Tom Hardy, Shia LaBeouf, Jessica Chastain, Guy Pearce, Jason Clark, Gary Oldman
Onde assistir: Netflix
Enredo: Em 1931, os irmãos Bondurant — Forrest (Tom Hardy), Howard (Jason Clarke) e Jack (Shia LaBeouf) — vivem em Franklin County, Virgínia, EUA. Com a ajuda de um amigo e usando seu bar como fachada, eles mantêm atividades ilegais de comércio de bebidas alcoólicas. Eles serão postos à prova quando se recusam a pagar o suborno exigido pelas autoridades corruptas.
Comentário: Dispondo de uma boa ambientação durante a depressão econômica americana e no período da Lei Seca, onde o contrabando de bebidas aparece em alta, quadrilhas surgem, os gangsters estão em voga e a corrupção policial é enorme, o filme faz uma crítica ao sonho americano ao expor uma dura realidade e inserir todos os personagens numa terra sem lei e em que tudo é e não é permitido ao mesmo tempo. Vide os próprios irmãos Bondurant: são ladrões que, apesar de não fazerem mal a ninguém, acabam virando assassinos com quem tenta mexer em seus negócios. Uma forma de vencer na vida a qualquer custo. O filme tem personagens interessates, com destaque para Tom Hardy que faz o líder do clã dos irmãos, fechado, sisudo e pouco fala, murmura. Outro grande personagem é o vivido por Guy Pearce, um policial corrupto chegado de Chicago que fica obcecado em querer acabar com os negócios dos Bondurant. Destaque também para as personagens femininas que conseguem mediar uma trama de encrencas nitidamente masculina. O filme é bem conduzido, mas com um excesso de personagens que não possuem tempo para se desenvolver melhor, e nos carrega para um final eletrizante que não era muito esperado, e por isso mesmo surpreendente. Atenção para o frágil irmão caçula do clã, Jack, um tanto quanto desajeitado, mas que guarda algumas boas armas em seu desempenho.
Cenas de “Os Infratores”, 2012
Filme: A Viatura, 2015
Direção: John Watts
Elenco: Kevin Bacon, James Freedson-Jackson, Hays Wellford, Camryn Manheim
Onde assistir: Netflix
Enredo: “A Viatura” é um filme americano de estrada e de suspense que segue dois meninos, Travis (James Freedson-Jackson) e Harrison (Hays Wellford), ao mesmo tempo inocentes pela idade e delinquentes pelas atitudes, que se deparam e sequestram o carro de polícia abandonado de um xerife corrupto, Kretzer (Kevin Bacon). Brincando com o perigo, os garotos se depararão com consequências muito além do que poderiam imaginar.
Comentário: O filme é, antes de qualquer coisa, uma interessantíssima história focada numa visão de mundo de dois garotos que, apesar de saberem que estão fazendo algo errado e perigoso de sequestrar um carro de polícia, vão desenvolvendo suas peripécias com capacidade e indiferença, mas não mensuram a própria dimensão dos seus atos, que podem se tornar mortal. Eles seguem curtindo suas próprias loucuras juvenis, dirigindo por estradas desertas. É aí que entra um Xerife, corrupto e assassino, que fica completamente desesperado com o sumiço de seu carro. Com uma ótima atuação do ator Kevin Bacon, que carrega um personagem que não é suficientemente inteligente para se manter fora de problemas, mas suficientemente esperto para tentar desenterrar-se disso, o filme se desenvolve com humor sombrio, alternando entre brincadeiras nada infantis e a perspectiva de acontecimentos nada tranquilos. O filme ainda conta com dois personagens secundários, uma viajante e um bandido, que irão desencadear um frisson nos espectadores. O filme sempre mistura acidez com ingenuidade, maldade com inocência e vai se encorpando para um desfecho mais cruel, obviamente por ações de adultos, uma vez que os garotos, ainda que corajosos, são apenas garotos.
Cenas de “A Viatura”, 2015
Filme: O Culpado, 2021
Diretor: Antoine Fuqua
Elenco: Jake Gyllenhaal, Riley Keough, Paul Dano, Ethan Hawke
Onde assistir: Netflix
Enredo: Um policial de Los Angeles, Joe Bayler (Jake Gyllenhaal), comete um suposto homicídio em ação nas ruas e, enquanto aguarda julgamento, é punido e rebaixado para trabalhar na central de emergências. Trancado numa sala, rabugento e inquieto, ele descobre um sequestro numa estranha ligação telefônica. Ele precisará de autocontrole e intuição para investigar e acompanhar o caso em tempo real. Além de se reconciliar com seu passado perturbador.
Comentário: Estamos acostumados a assistir filmes de investigação com muita ação, tiros e sangue onde as partes envolvidas, vilão, vítima e a polícia, se encontram numa rede de confusões e intrigas. Dito isso, imagine-se uma investigação de sequestro e suas reviravoltas sendo realizado por telefone e tudo o que se pode fazer é usar de habilidades mentais e deduções intuitivas sem sair de uma cadeira. Esse é o enfoque do interessante filme “O Culpado”. Filmado em um único ambiente fechado e com um único protagonista, o filme é um thriller psicológico, angustiante. Nos faz acompanhar um policial com uma vida particular devastada e numa tensão imparável. Para aliviar suas próprias dores matrimoniais e profissionais, o policial Joe vai tentar desvendar a história de um suposto sequestro de uma mulher. Mas não é o que parece. A história do sequestro telefônico coloca em nossa própria mente as imagens do que está acontecendo nas ruas naquele momento. E isso faz os espectadores também tentar desvendar o mistério. Os diálogos telefônicos se transformam em imagens imaginadas. Ajudado por colegas de farda que ele não vê, Joe vai, paralelamente à sua boa ação, se redimir de suas falhas perturbadoras. No climax, a verdade vai suplantar a mentira, tanto no desenrolar do sequestro quanto na vida pessoal do protagonista.
Cenas de “O Culpado”, 2021
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