Os musicais de Hollywood e seus desdobramentos históricos
Origem, conceito e grandes nomes
Em termos históricos, os musicais de cinema têm sua origem no teatro, que é um drama de palco. Desde a Grécia Antiga, os artistas (nesse caso, as atores) reuniam em suas performances tanto dramaticidade quanto musicalidade. O próprio termo “orquestra” significava o espaço entre a cena e o público, nos anfiteatros gregos. Ali eram feitas as evoluções do coro, responsável pela condução da narrativa. A música também foi executada em cena, desde muito cedo, e servia tanto para pontuar momentos dramáticos e também quanto à forma da canção ser incluída no texto da peça.
No final do século XVI, surgiu em Florença, Itália, o tipo de encenação teatral com canto que deu origem à ópera, o grande gênero musical da cultura européia. A narrativa da ópera, composta de diversos elementos musicais como abertura, ária, coro, apoteose e final, dita os primeiros parâmetros do que será a linguagem do musical-espetáculo. Suas temáticas são majoritariamente retiradas da mitologia greco-romana ou da antigüidade oriental. Os grandes espetáculos musicais foram, enfim, surgindo e muitas canções se eternizaram nos filmes, além de muitas cenas cinematográficas antológicas que foram se perpetuando e emocionando ao longo do tempo.
Em 1927, a mudança do cinema mudo para o cinema falado, com o filme “O Cantor de Jazz”, foi o pontapé inicial para um período em que o gênero musical reinou absoluto na preferência do grande público, a chamada “Era de Ouro”, que se estendeu da década de 30 até o final dos anos 60. A reunião da dança com a música, muitas vezes acompanhada de lindas coreografias, define o conceito de um filme musical. Nomes como Fred Astaire, Ginger Rogers, Judy Garland, Mickey Rooney, Gene Kelly, Julie Andrews, Liza Minnelli, e diretores conceituados como Stanley Donen, Vincent Minnelli, Robert Wise e George Cukor foram expressivos.
Grandes estrelas dos musicais de Hollywood
Grandes Diretores de musicais
Os primeiros musicais da Era de Ouro
Depois do sucesso do filme “O Cantor de Jazz”, de 1927, o som no cinema fez maravilhas na produção de filmes musicais. A trilha sonora passou a ser cada vez mais importante, inúmeros compositores e canções foram incorporadas à narrativa e, com isso, Hollywood encantou o mundo com filmes de canto e dança e histórias de comédias, romances, sonhos, ilusões e fantasias.
Em 1929, a produtora Metro Goldwin Mayer (MGM) lançou seu primeiro musical chamado “Melodia da Broadway”, dirigido por Henry Beaumont. Na trama, duas irmãs, Queenie (Anita Page) e Hank Mahoney (Bessie Love), apaixonam-se pelo mesmo homem, Eddie Kearns (Charles King). Tudo se passa na Broadway, o famoso bairro teatral de Nova York em números de vaudeville. A canção-tema do filme, “Give My Regards to Broadway”, de George M. Cohan, tornou-se um clássico e uma música inspiradora de Nova York. Em 1930, a obra ganhou o Oscar de Melhor Filme. Considerado o primeiro espetáculo musical de Hollywood, o filme teve sucesso e incentivou muito a produção de novos musicais.
“Melodia da Broadway”, 1929, primeiro filme de espetáculo musical
Cenas de “Melodia da Broadway”, 1929
Uma das obras primas do gênero musical em Hollywood surgiu em 1935, quando foi lançado o filme “O Picolino”, uma comédia romântica dirigida por Mark Sandrich, O filme lançou a famosa dupla de dança Fred Astaire e Ginger Rogers, uma parceria que se tornou uma lenda do cinema. A história acompanha o dançarino americano Jerry Travers (Fred Astaire) que vai a Londres para estrelar um show. Lá ele conhece, se apaixona e tenta impressionar Dale Tremont (Ginger Rogers) que está viajando com uma amiga. Mas tudo dá errado quando Dale o confunde com Horace, o marido de sua melhor amiga. O filme é sempre lembrado pelo clássico número de dança “Cheek to Cheek”, composto por Irving Berlin, considerado um dos maiores compositores americanos de todos os tempos.
“O Picolino”, 1935, e a lendária dupla de dança Fred Astaire e Ginger Rogers
Cenas de “O Picolino”, 1935
Em 1939 foi lançado “O Mágico de Oz”, dirigido por Victor Fleming, que conta a história da jovem Dorothy (Judy Garland), que é capturada por um tornado no Kansas e levada a uma terra fantástica de fadas, bruxas, anões, leões covardes, espantalhos falantes e homens de lata. Além de se destacar pelo uso notável, na época, do Technicolor, “O Mágico de Oz” ganhou fama por seus comoventes personagens, situações divertidas e belas canções, além de uma bruxa má autêntica e de uma fada singela. Dentre elas se destacam a singela “Over the Rainbow” – vencedora do Oscar de Melhor Canção Original em 1940. O filme se tornou um clássico com uma história de fantasia que tratou das virtudes de sabedoria, compaixão e coragem num universo onírico de solidariedade e amizade.
“O Mágico de Oz”, 1939, uma fantasia pura e sofisticada para a época
Cenas de “O Mágico de Oz”, 1939
Em 1941 foi lançado um filme musical que uniu dois talentos: Mickey Rooney, conhecido pelo seu rosto de bebê e estatura pequena, e Judy Garland, que já havia feito sucesso com “O Mágico de Oz”. O filme chama-se “Babes na Broadway”, dirigido por Busby Berkeley. Esse filme é considerado o melhor de vários feitos pela dupla. Conta a história de Tommy (Mickey Rooney) e Penny (Judy Garland) que lideram um grupo de jovens esperançosos em brilhar na Broadway. Quando tudo parece perdido, Tommy tem um surto de inspiração e dispara um discurso que motiva todos a montar um espetáculo próprio. Mickey Rooney e Judy Garland fizeram uma parceria de sucesso e foram muito queridos na América com filmes alegres e divertidos.
“Babes na Broadway”, 1941, e a parceria de sucesso e muita querida no cinema
Cenas de “Babes na Broadway”, 1941
Em 1949 foi lançado o musical “My Dream is Yours” (Meus Sonhos Te Pertencem), uma comédia romântica dirigida por Michael Curtiz. O filme é estrelado por Doris Day. No filme, Doug (Jack Carson), um empresário musical, é abandonado por seu cliente, o cantor Gary (Lee Bowman), e vai à Nova York encontrar um substituto numa rádio. Lá, conhece a viúva Martha (Dóris Day), que tem uma bela voz e que grava numa fábrica de jukebox. A leva para Los Angeles, onde diversos contratempos e romances criam encontros e desencontros. A atriz Doris Day ganhou fama e se tornou uma queridinha de Hollywood.
“Meus Sonhos Te Pertencem”, 1949, a atriz Doris Day alcança a fama
Cenas de “Meus Sonhos Te Pertencem”, 1949
Nas décadas de 50 e 60, grandes clássicos musicais foram produzidos
Em 1951, o diretor Vincent Minnelli lançou o espetacular “Sinfonia de Paris” que trata de um romance em que um veterano da Segunda Guerra Mundial, Jerry (Gene Kelly), vive em Paris tentando se firmar como pintor.
Ele conhece uma milionária, Milo (Nina Foch), que o apoia e tenta ajudá-lo a subir na carreira, mesmo estando mais interessada nele do que na sua arte. Mas ele acaba se apaixonando por Lise (Leslie Caron), que está noiva de outro homem, por quem ela tem uma dívida de gratidão por tê-la salvado e à sua família durante a guerra.
O maior momento de “Sinfonia de Paris” é a dança do casal de protagonistas, acompanhado de um número considerável de figurantes, durante a famosa canção “An American in Paris” (Um Americano em Paris) composta pelo grande músico George Gershwin. O filme é lindo e com um colorido especial de Paris.
“Sinfonia de Paris”, 1951, um belíssimo musical numa colorida Paris
Cenas de “Sinfonia de Paris”, 1951
Em 1952, foi lançado o filme musical biográfico “A Rainha do Mar” sobre a vida da estrela da natação australiana Annette Kellerman, que foi pioneira em números de balé aquático, que promoveu o maiô de uma peça e o espetáculo de atuar em um tanque. O filme foi dirigido por Mervyn LeRoy e estrelado por Esther Williams, que também era nadadora. O ator Victor Mature atuou no papel de James Sullivan que corteja a nadadora. O filme é um espetáculo visual, com uma cenografia e uma coreografia de tirar o fôlego e cenas aquáticas memoráveis. A nadadora e atriz Esther Williams se tornou a “Sereia de Hollywood”
“A Rainha do Mar”, 1952, um espetáculo visual aquático com a “Sereia de Hollywood” Esther Williams
Cenas de “Rainha do Mar”, 1952
Também em 1952 foi lançada uma das maiores obras primas do gênero, provavelmente o melhor filme musical da história do cinema: “Cantando na Chuva”, dirigido pela dupla Stanley Donen e Gene Kelly, que também é o protagonista. O filme trata da transição do cinema mudo para o cinema falado e os problemas de adaptação. O casal romântico de filmes mudos Don (Gene Kelly) e Lina (Jean Hagen) ganharam fama, mas, quando seu último filme é refeito em um musical, apenas Don tem voz para a nova parte vocal.
Depois de muita prática com uma dicção coach, Lina ainda soa terrível, e Kathy (Debbie Reynolds), uma jovem e brilhante aspirante a atriz, é contratada para gravar com sua voz. O filme tem cenas maravilhosas de dança e música e uma coreografia fantástica. A música “Singing in The Rain”, e suas imagens, se eternizaram no cinema. O filme nos faz sentir vivos, sonhadores e felizes.
“Cantando na Chuva”, 1952, um espetáculo de cores e dança no maior musical da história
Cenas de “Cantando na Chuva”, 1952
Em 1954 o diretor americano George Cukor realizou o filme “Nasce Uma Estrela”, um remake do filme original de 1937. Conta a história de Esther (Judy Garland), uma sonhadora que deseja vencer na carreira artística. Entretanto, ao casar com Norman (James Mason), um astro do cinema decadente e alcoólatra, Esther, agora com o nome artístico de Vicky, terá sua carreira ameaçada. O filme “Nasce Uma Estrela” se tornou badalado desde sua primeira versão em 1937. Em 1976 foi feito um novo filme, também com muito sucesso, dessa vez com a atriz e cantora Barbra Streisand. Mais tarde, um quarto filme foi produzido, mas a versão estrelada por Judy Garland é a melhor e mais carismática.
“Nasce Uma Estrela”, 1954, um filme badalado com remakes ao longo do tempo
Cenas de “Nasce Uma Estrela”, 1954
Em 1961, mais um clássico dos musicais foi produzido. Trata-se de “Amor, Sublime Amor”, dirigido por Robert Wise. Baseado num bem-sucedido musical da Broadway, o filme é uma livre adaptação de “Romeu e Julieta” de William Shakespeare e ambientado na década de 50 em Nova York. É o musical mais premiado da história do cinema. À semelhança do que acontece na peça Romeu e Julieta, o filme apresenta Tony (Richard Beymer), antigo líder da gangue de brancos anglo-saxônicos chamados de Jets, apaixonado por María (Natalie Wood), irmã do líder da gangue rival, os Sharks, formada por imigrantes porto-riquenhos. O amor do casal protagonista floresce entre o ódio e a briga das duas gangues e seus códigos de honras, tal qual a desavença histórica entre os Capuletto e os Montechio mostrada em Romeu e Julieta.
“Amor, Sublime Amor”, 1954, um “Romeu e Julieta” moderno, bem coreografado e apaixonante
Cenas de “Amor, Sublime Amor”, 1961
Em 1964, uma fantasia da Disney que se tornou um clássico, chamada “Mary Poppins”, dirigido por Robert Stevenson, foi lançado e alcançou um tremendo sucesso, agradando a todas as idades. A história é sobre Mary Poppins (Julie Andrews), uma babá com poderes mágicos que, no começo do século XX em Londres, vai trabalhar na casa do Sr.Banks (David Tomlinson) para cuidar de seus filhos. Seu amigo Bert (Dick Van Dyke) é um músico de rua e limpador de chaminés. Com ele e duas crianças pestinhas, Jane e Michael (Karen Dotrice e Matthew Garber, respectivamente), Mary vai viver um mundo de fantasia, puro e colorido. O filme é encantador, valoriza a família e destaca as qualidades da generosidade e do bom-humor. Além disso, o filme tem efeitos especiais inovadores para a época.
“Mary Poppins”, 1964, uma encantadora fantasia da Disney com bom-humor e generosidade
Cenas de “Mary Poppins”, 1964
Em 1965, outro filme com a atriz Julie Andrews foi um grande sucesso de público. Chama-se “A Noviça Rebelde”, mais um clássico musical dirigido por Robert Wise. O filme narra as aventuras de uma jovem mulher austríaca, Maria (Julie Andrews), que está em um convento para se tornar uma freira em Salzburgo no ano de 1938 e acaba sendo enviada para a casa de campo de um oficial da marinha viúvo e aposentado, Capitão von Trapp (Christopher Plummer), para ser a governanta de seus sete filhos. Depois de trazer música e amor para as vidas das crianças através da bondade e paciência, ela se casa com o Capitão e, juntamente com as crianças, descobre uma maneira de sobreviver à tragédia da segunda guerra mundial e à ascensão dos nazistas que ocupa sua terra natal, a Áustria. O filme é humano, sensível e virtuoso. Alto astral.
“A Noviça Rebelde”, 1965, um musical de bons sentimentos e de grandes virtudes
Cenas de “A Noviça Rebelde”, 1965
Os desdobramentos dos filmes musicais a partir dos anos 70
O diretor americano Bob Fosse dirigiu dois brilhantes filmes musicais nos anos 70. O primeiro foi “Cabaret”, em 1972, e o segundo foi “All That jazz”, em 1979. “Cabaret” deu fama mundial à atriz Liza Minnelli na pele de Sally, uma cantora e dançarina estadunidense nos anos 30 que se envolve ao mesmo tempo com um professor inglês e um nobre alemão durante a ascensão do nazismo. Ela trabalha no Kit Kat Klub, de Berlin, sob tensão constante das ameaças dos nazistas. Sua grande aspiração é receber um convite de um grande estúdio de cinema alemão. A atuação saborosa de Liza Minnelli fez juz aos seus pais, o famoso diretor Vincent Minnelli e a atriz Judy Garland, ambos mestres dos musicais da Era de Ouro de Hollywood.
“All That Jazz” é uma obra prima dos filmes musicais. Seu enredo é sobre um diretor de teatro e coreógrafo, Joe Gideon (Roy Scheider), que, após um enfarto, repassa sua vida em confidências com uma dama de branco, o anjo da morte. Na verdade, o filme é uma fantasia semi-biográfica do próprio diretor Bob Fosse e seu esforço maníaco em lidar com a arte, a despeito dos cuidados com a sua própria saúde. O personagem do filme, Joe Gideon, é o seu alter-ego, um artista incansável que faz tudo em nome da sua arte. Repleto de cenas teatrais maravilhosas e com uma trilha sonora incrível, “All That Jazz” é um testamento sobre o ofício da arte, seus prazeres e seus desafios. Um filme grandioso.
“Cabaret”, 1972, o diretor Bob Fosse, e “All That Jazz”, 1979
Cenas de “Cabaret”, 1972
Cenas de “All That Jazz”, 1979
Em 1977, o diretor Martin Scorcese realizou “New York, New York”. A história é sobre um saxofonista de jazz, Jimmy (Robert De Niro), e uma cantora pop, Francine, (Liza Minnelli) que se apaixonam perdidamente e se casam. No entanto, a personalidade egoísta, volátil e ultrajante do saxofonista coloca uma tensão contínua em seu relacionamento, e depois que eles têm um bebê, seu casamento desmorona. Um filme é uma homenagem musical à cidade de Nova York. Martim Scorcese, além de um grande realizador de filmes de ficção, entraria no ramo de documentários musicais, abordando principalmente estrelas do rock.
“New York, New York”, 1977, uma homenagem musical a Nova York
Cenas de “New York, New York”, 1977
Em 1978 “Grease, Nos Tempos da Brilhantina”, dirigido por Randal Kleiser, empolgou todo mundo com seu enredo alegre, seus personagens jovens e sua atmosfera nostálgica. O filme é ambientado na Califórnia no final dos anos 50 e retrata a vida do líder de uma gangue de greasers Danny Zuko (John Travolta) e da australiana Sandy Olsson (Olivia Newton-John), que desenvolvem uma atração um pelo outro. O roteiro não tem muito o que desenvolver e o filme se segura graças ao casal romântico de atores, à excelente direção de arte e aos números cuidadosamente coreografados. O filme foi um estrondoso sucesso de público, com uma trilha sonora contagiante.
“Grease, Nos Tempos da Brilhantina”, 1978, uma filme nostálgico e muito bem coreografado
Cenas de “Grease, nos Tempos da Brilhantina”, 1978
Em 1979, o movimento hippie e a Guerra do Vietnã ganharam uma versão musical com o filme “Hair”, dirigido por Milos Forman. O filme conta a história de um jovem fazendeiro do interior dos Estados Unidos, Claude (John Savage), convocado para a Guerra do Vietnã, que chega a Nova York para apresentar-se ao exército e encontra e se torna amigo de uma grupo de hippies cabeludos da cidade, adeptos do pacifismo e contrários à guerra. Claude se apaixona por uma jovem de família rica, Sheila (Beverly D’Angelo), e, enquanto o líder dos hippies, Berger (Treat Williams), tenta convencê-lo de não ir para a guerra, o casal também tenta ficar junto. O filme eternizou a música “Aquarius”, que se tornou um símbolo pela paz e por uma vida livre de regras sociais.
“Hair”, 1979, um libelo musical hippie por paz e amor
Cenas de “Hair”, 1979
Em 1980, o diretor Alan Parker realizou o delicioso filme musical “Fama”. Com um elenco empolgante de jovens desconhecidos da mídia artística, o enredo nos conta que na cidade de Nova Iorque um grupo de adolescentes faz audições para estudar na Escola de Artes Performáticas, onde os alunos são divididos em três departamentos: drama, música e dança. O filme é muito divertido, alegre, humano, às vezes com situações melancólicas, mas ótimo de assistir com um mosaico de personagens bem diferenciados: temos um negro aspirante a dançarino, um homossexual que gosta de cantar, uma tímida garota judia, um jovem e simpático aspirante a tecladista eletrônico, uma cantora negra num caminho profissional, e outros tipos interessantes. Enfim, um ótimo filme, emocionante, principalmente para quem gosta de artes e de jovens sonhadores.
“Fama”, 1980, um mosaico de personagens artísticos cativantes
Cenas de “Fama”, 1980
No século XXI, os musicais retornam e empolgam, mostrando vitalidade e inovação
Com a chegada do século XXI, os musicais mostraram força e empolgação, apresentando espetáculos dignos da Era de Ouro de Hollywood, com espetáculos visuais deslumbrantes e com dança, canto e música reunidos para oferecer um entretenimento de primeira qualidade. Selecionamos cinco exemplares da melhor qualidade artística.
Em 2001, o diretor Baz Luhrmann, que já havia rodado uma versão moderna e pop de Romeu e Julieta, realizou o visualmente incrível filme musical “Moulin Rouge, Amor em Vermelho”. O filme é excessivamente colorido, frenético e hipnótico. Com uma cenografia brilhante para reconstituir a Paris da Belle Époque, século XIX, o filme nos carrega sem fôlego para um universo de fantasia artística onde Christian (Evan McGregor), um escritor inglês, viaja para Paris para se juntar à revolução boêmia. Ele visita a maior boate da cidade, Moulin Rouge, e se apaixona por sua estrela e cortesã, Satine (Nicole Kidman). Um musical estonteante, um dos melhores no gênero da história do cinema.
“Moulin Rouge, Amor em Vermelho”, 2001, um hipnótico espetáculo de arte e boemia na Paris da Belle Époque
Cenas de “Moulin Rouge, Amor em Vermelho”, 2001
Em 2002, um musical de crimes surpreendeu o mundo do cinema: “Chicago”, dirigido por Rob Marshall. “Chicago” é baseado na peça musical dirigida e coreografada por Bob Fosse, que é homenageado pelo filme, e primeiramente produzida em 1975. As protagonistas do filme são as assassinas Velma Kelly (Catherine Zetta-Jones) e Roxie Hart (Renée Zellweger).
Velma é uma estrela de vaudeville que assassina a sangue frio o marido adúltero e Roxie é uma dona-de-casa que sonha em se tornar uma cantora famosa e que também assassina seu amante Fred, que a enganou. Ambas serão defendidas no Tribunal por Billy Flyn (Richard Gere), o advogado mais esperto de Chicago. O filme explora bem os temas de celebridade, escândalo e corrupção em Chicago durante a Era do Jazz, nos anos 20.
“Chicago”, 2002, um retrato artístico, criminoso e musicado da Chicago dos anos 20
Cenas de “Chicago”, 2002
Em 2010, um musical arrebentou no cinema: “Burlesque”, dirigido por Steve Antin. O filme foi o retorno da cantora Cher no cinema. A história gira em torno de Ali (Christina Aguilera), uma jovem bondosa e sonhadora, com uma bela voz, que escapa da vida dura e de um futuro incerto em uma cidade do interior e vai para Los Angeles, para concretizar seu sonho artístico. Ao chegar, ao acaso, a um teatro majestoso, The Burlesque Lounge, onde está sendo exibido um fantástico musical, Ali acaba sendo contratada como garçonete por Tess (Cher), dona e administradora do teatro. Logo, os fantásticos figurinos do estilo burlesco e a coreografia ousada conquistam Ali que lutará para se tornar a estrela do lugar. Filmado em grande parte dentro em um teatro escuro e apaixonante, “Burlesque” dá um show de imagens e interpretações.
“Burlesque”, 2010, um musical bombástico sobre a luta pelo estrelato artístico
Cenas de “Burlesque”, 2010
Em 2016 o filme musical voltou com tudo na produção de “La La Land, Cantando Estações”, dirigido por Damien Chazelle, que venceu o Oscar de melhor diretor. O filme segue a história de um pianista de jazz, Sebastian (Ryan Gosling), e uma aspirante a atriz, Mia (Emma Stone), que se conhecem e se apaixonam em Los Angeles enquanto perseguem seus sonhos artísticos. O título é uma referência às inicias da cidade de Los Angeles na qual o filme é ambientado e ao termo Lalaland, que significa estar fora da realidade. O filme tem ousadia e faz claras alusões visuais a musicais clássicos do passado como “Cantando na Chuva” e “Sinfonia de Paris”. O casal romântico tem ótima empatia e a atriz Emma Stone está apaixonante.
“La La Land, Cantando Estações”, 2016, um retrato encantador da busca por sonhos
Cenas de “La La Land, Cantando Estações”, 2016
Por fim, em 2017, um novo musical empolgou as platéias do mundo: “O Rei do Show”, dirigido por Michael Gracey. Estrelado por Hugh Jackman, Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson e Zendaya, o filme baseia-se na narrativa do artista P. T. Barnum, portanto é semi-biográfico, sobre a criação do circo Barnum & Bailey Circus e as vidas de seus artistas. O filme tem ritmo, uma boa fotografia, esbanja cores e segue firme na história de Barnum (Hugh Jackman), de origem humilde e desde a infância sonhando com um mundo mágico. Desafia as barreiras sociais e econômicas e vislumbra criativamente uma ousada empreitada: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices, pessoas esquisitas, estranhas e rejeitadas de todos os tipos, quase um circo de horrores.
“O Rei do Show”, 2017, um espetáculo musical circense protagonizado por estranhas criaturas
Cenas de “O Rei do Show”, 2017
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