Séries para maratonar
Sombras da Guerra, O Alienista e Doze Jurados, três séries que tratam de degradação do pós-guerra, psicologia criminal e drama judicial.

Sombras da Guerra, O Alienista e Doze Jurados, três séries que tratam de degradação do pós-guerra, psicologia criminal e drama judicial.

Série: Sombras da Guerra, 2020

Direção/Criação: Måns Mårlind 

Elenco: Taylor Kitsch, Logan Marshall-Green, Sebastian Koch, Nina Hoss, Michael Hall, Tuppence Middleton, Mala Endee

Plataforma: Netflix

Enredo: “Sombras da Guerra” é uma série que se passa na cidade alemã de Berlim, em 1946, no contexto de destruição após a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha perdeu a guerra e a cidade está arrasada, vive um verdadeiro caos, em que os mais fortes reinam e os fracos lutam desesperadamente pela sobrevivência. Nesse cenário, Max McLaughlin (Taylor Kitsch), um policial norte-americano, é enviado para Berlim com o objetivo de ajudar a polícia local a se organizar com um padrão eficiente, controlar a loucura reinante e os crimes que assolam a cidade.

O policial descobre que o seu maior oponente será Engelmacher Gladow (Sebastian Koch), que controla a cidade por meio de vias ilegais, quase como um Al Capone. Com a ajuda da policial Elsie Garten (Nina Hoss), Max, terá de lidar atambém com as lutas pelo poder entre soviéticos e americanos, a corrupção de seu superior em Berlim, Tom, (Michael Hall) e localizar seu irmão Moritz (Logan Marshall-Green), que sumiu na guerra, tem problemas psiquiátricos e vive para assassinar ex-nazistas.

Comentário: “Sombras da Guerra é uma série de mistérios e conflitos num ritmo frenético, com uma reconstituição de época impecável de uma Berlim destruída e militarmente fatiada, que nos leva a viver esse cotidiano de maneira muito realista. O roteiro possui várias tramas paralelas numa velocidade que demanda a atenção redobrada dos espectadores, se tornando um pouco confuso. Num ambiente de desolação humana pós-guerra, corrupção e luta pelo poder entre os aliados, o policial americano Max se vê rodeado de problemas complexos. Ele enfrenta conspirações políticas, interesses corruptos e doentis em várias frentes, além de lidar com a esquizofrenia teatral de seu irmão Moritz, desaparecido durante a guerra, e que se tornou uma espécie de justiceiro de nazistas, com as armações demoníacas do “Al Capone” Edelmacher e sua jovem assassina Karin (Mala Emdee) e com as confissões e seduções da alcoólatra Claire (Tuppence Middleton), filha de seu chefe.

Ninguém é exatamente uma pessoa confiável. Enquanto assassinatos acontecem e ameaças constantes vêm de toda parte, Max viverá um inferno astral até resolver o quebra-cabeça, com muitas reviravoltas. É preciso acompanhar com atenção os detalhes de cada trama paralela, a intensidade, intenções e sutilezas do comportamento de cada personagem, todos enlouquecidos no contexto de uma Berlim totalmente degradada do pós-guerra. O resultado final é positivo, apesar de um exagero em cenas e situações, onde nos perguntamos se a tamanha insanidade das atitudes das pessoas e autoridades políticas e militares na reconstrução de Berlim tem verdade histórica ou se é apenas ficção.

Série: O Alienista, 2018/2020

Adaptação: Rupert Gregson- Williams

Elenco: Daniel Bruhl, Luke Evans, Dakota Fanning, Brian Geraghty

Plataforma: Netflix

Enredo: “O Alienista” é uma série de thriller psicológico e de investigação criminal ambientado em meio à vasta riqueza de uma elite, pobreza extrema e aparecimento de inovações tecnológicas na Nova York de 1896.  Na primeira temporada o tema é de um assassino em série, violento e ritualístico, responsável por horríveis assassinatos de garotos prostituídos. O comissário de polícia Theodore Roosevelt (Brian Geraghty) convoca o psiquiatra criminal Dr. Laszlo Kreizler (Daniel Bruhl), o ilustrador e caricaturista de jornal John Moore (Luke Evans) e a secretária do departamento de polícia Sara Howard (Dakota Fanning) para conduzir a investigação em segredo. O brilhante e obsessivo Kreizler é conhecido como um alienista – aquele que estuda patologias mentais e os comportamentos desviantes daqueles que estão alienados de si mesmos e da sociedade. 

Na segunda temporada, que se passa um ano depois e se foca no universo feminino, Sara abriu sua agência de detetives particulares, se tornando a primeira mulher nesse ramo da história americana. Ela, Kreizler e agora – o repórter Moore do New York Times se unem para encontrar uma sequestradora de bebês. A investigação os coloca no caminho de uma assassina de crianças enquanto mostra a corrupção institucional, a desigualdade de renda, o jornalismo marrom e o papel das mulheres na sociedade de Nova York de meados de 1890.

Comentário: “O Alienista” e uma série sombria, rodada em consultórios escuros, escritórios policiais de gente corrupta, ambientes externos degradantes e muitas cenas de mortes chocantes. Possui personagens complexos, diálogos ácidos e, com raras exceções sutis, não têm humor. Mas, possui uma atuação elegante e de emoções contidas dos atores, todos escondendo algo inquietante de si mesmos. Aborda uma protagonista feminina, Sara, inteligente, estranha e introspectiva, que luta pelo seu espaço de mulher numa sociedade machista e se torna muito corajosa e perspicaz.

A série tem uma boa reconstituição de época e trata da questão do estudo de mentes humanas disfuncionais como um debate novo na época e que seria muito explorado a partir de então. O trabalho do alienista do título, Dr. Laszlo Kreizler, é inovador, junto com suas visões controversas. Além disso, ele tem de lidar com os esforços das instituições elitistas do poder que protegem a alta sociedade. Seu comportamento é de um cavaleiro, mas suas palavras não ecoam com clareza e perdem espaço para a sensibilidade da feminista Sara. Mas com a ajuda de gente que poderíamos chamar de um “bando de estranhos”, os esforços incansáveis ​​de Kreizler acabaram respondendo à pergunta por trás do que torna um homem um assassino. A série assusta, é pesada, psicológica, mas prende os espectadores numa atmosfera de mistérios, sustos e surpresas.

Série: Doze Jurados, 2018

Criação/Produção: Bert Van Dael e Sanne Nuyens

Elenco: Maaike Neuville, Charlotte de Bruyne, Maaike Cafmeyer, Tom Vermeir

Plataforma: Netflix

Enredo: A série “Doze Jurados” tem drama e suspense e trata do chamado “julgamento do século” numa cidade no interior da Bélgica, onde doze cidadãos comuns são constituídos como jurados para decidir o destino da diretora de uma escola elitista, Frie Palmers (Maaike Cafmeyer), julgada sob acusação de um duplo assassinato de sua melhor amiga e sua filha pequena.

Durante o julgamento, a série, ainda que a história se passe em boa parte dentro de um tribunal, aborda de maneira meticulosa e severa a vida pessoal dos jurados, repleta de conflitos familiares, problemas amorosos, segredos pesados, crises de consciência, abusos domésticos, manipulações, dominações e vícios variados. Cada jurado, que são pessoas desconhecidos, tem sua própria quota de problemas e de culpas, que vão sendo apresentados à medida em que eles também vão se relacionando e ganhando personalidade no desenrolar da história.

Comentário: “Doze jurados” é uma série para fãs de crimes e dramas jurídicos, com uma história cheia de detalhes, dúvidas, mistérios e ambientes tensos. Todo mundo tem seus próprios defeitos, crises e culpas. No fim, jurados e réus, parecem que estão sendo julgados pelas suas vidas criminosas, defeituosas ou pecaminosas.

Um ponto forte da história é questionar a própria validade, na prática, do sistema de julgamento através de júri popular que cria um peso de responsabilidade para pessoas comuns de determinar o destino de um acusado com um sério risco de ocorrer uma injustiça. A série evolui de maneira densa, o que faz com que os espectadores fiquem muito envolvidos na trama, seja com o quebra-cabeça dos próprios crimes e a dúvida que paira sob cada jurado, seja pela evolução também dos problemas pessoais de cada um.

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