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Carmen Miranda: Uma artista que divulgou e exportou um Brasil tropical

Carmen Miranda: Uma artista que divulgou e exportou um Brasil tropical

Carmen Miranda (nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha) foi uma cantora, dançarina, e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Era irmã da também atriz e cantora Aurora Miranda.

Apelidada de “Brazilian Bombshell” (Bomba Brasileira), Carmen Miranda ficou conhecida por seus exóticos figurinos e chapéu com frutas que ela costumava usar em seus filmes estadunidenses, que fez deles sua marca registrada, numa espécie de artista exportadora de um Brasil tropical. Gravou seu primeiro álbum com o compositor Josué de Barros em 1929. A gravação de Pra Você Gostar De Mim, escrita por Joubert de Carvalho, a levou ao estrelato no Brasil como a principal intérprete do samba na década de 1930. 

Sua imagem se tornou a personificação de um exotismo, não só brasileiro, mas latino-americano que foi abraçado como singular, diderente e peculiar pelo público dos EUA, mas não foi bem aceito pelos brasileiros, sendo taxado de “não autêntico” e “americanizado”. Apesar de todos os estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, suas apresentações fizeram grandes avanços na popularização da música brasileira e, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da consciência de toda a cultura latino-americana.

Carmen Miranda foi a primeira artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas mãos e pés no pátio do Grauman’s Chinese Theatre, em 1941. Ela também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama em Los Angeles. A sua figura, para muito além da música, seria uma influência permanente na cultura brasileira, do rádio ao cinema, e genuinamente tropicalista.

Todos os títulos dos filmes, a seguir, estão nominados segundo traduções adotadas no Brasil.

Carmen Miranda em dois momentos de sua carreira

Seu crescente sucesso na indústria fonográfica brasileira lhe garantiu um lugar nos primeiros filmes sonoros brasileiros lançados nos anos 1930. Carmen Miranda participou de cinco musicais carnavalescos lançados nesse período como Alô, Alô, Brasil (1935) e Alô, Alô, Carnaval (1936). Em 1939, ela apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana, personagem que a lançou internacionalmente, no filme Banana da Terra, dirigido por Ruy Costa. O musical apresentava clássicos como O que é que a baiana tem?, que lançou Dorival Caymmi no cinema.

“Alô, Alô Brasil”, 1935

Imagens de arquivos históricos do filme “Alô, Alô, Brasil”, 1935

“Alô, Alô, Carnaval”, 1936

Cenas de “Alô, Alô, Carnaval”, 1936

“Banana da Terra”, 1939

Cenas de “Banana da Terra”, 1939

Em 1939, o produtor da Broadway, Lee Shubert, ofereceu a Carmen Miranda um contrato de oito semanas para se apresentar em The Streets of Paris depois de vê-la no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, ela fez sua estreia no cinema estadunidense no filme Serenata Tropical, de 1940, ao lado de Don Ameche e Betty Grable. Em 1941, foi filmado Uma Noite no Rio e, em 1943, foi lançado Entre a Loira e a Morena. Outro filme que deve ser considerado é Serenata Boêmia, de 1944. Esses foram os filmes mais badalados de Carmen Miranda produzidos nos Estados Unidos.

Em sua época de apogeu, Carmen Miranda foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos, e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca. Ela fez um total de catorze filmes nos EUA entre a década de 1940 e década de 1950, nove deles somente na 20th Century Fox. Embora aclamada como uma artista talentosa, sua popularidade diminuiu na década de 50. Apesar de seu caráter exótico e nada convencional, o seu talento como cantora e performer continua até hoje.

“Serenata Tropical”, 1940

Cenas de “Serenata Tropical”, 1940

“Uma Noite no Rio”, 1941

Cenas de “Uma Noite no Rio”, 1943

“Entre a Loira e a Morena”, 1943

Cenas de “Entre a Loira e a Morena”, 1943

“Serenata Boêmia”, 1944

Cenas de “Serenata Boêmia”, 1944

Em 1947, Carmen Miranda contracenou com o famoso ator e comediante americano Groucho Marx no filme Copacabana. É um filme independente estadunidense de comédia musical. O título é uma referência à famosa boate homônima em Nova York onde foram gravadas diversas cenas do filme. Carmen Miranda chegou no auge de sua maturidade artística, apesar de não mais contar com o apoio financeiro de grandes produtoras americanas. Daí para frente, sua carreira entrou em declínio.

“Copacabana”, 1947

Cenas de “Copacabana”, 1947

Em 20 anos de carreira, ela deixou sua voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 canções. Um museu foi construído mais tarde no Rio de Janeiro, em sua homenagem. Em 1995, ela foi tema do aclamado documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business, dirigido por Helena Solberg, e uma interseção no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada “Carmen Miranda Square”, em setembro de 1998. Até hoje, nenhum artista brasileiro teve tanta projeção internacional como ela.

“Bananas is My Business”, 1995

Cenas de “Banana is My Business”, 1995

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