Série “Ripley”: Um suspense sobre as artimanhas de um vigarista e matador
Série: Ripley, 2024
Criação: Patrícia Highsmith
Direção: Steven Zaillian
Elenco: Andrew Scott, Johnny Flynn, Dakota Fanning, Eliot Summer, Louis Hofmann, Maurício Lombardi
Onde assistir: Netflix
Sinopse: Um homem rico de Nova York contrata Tom Ripley, um amigo do passado de seu filho, para viajar à Itália e convencer seu filho playboy, gastador e desocupado a voltar para casa. Acontece que o milionário não tem conhecimento da carreira de vigarices e golpes de Tom. A aceitação do trabalho por Tom é o primeiro passo em uma vida de enganos, mentiras, dupla identidade, fraudes e assassinatos.
Comentário: A série “Ripley” da Netflix é a mais nova adaptação do livro da escritora americana Patrícia Highsmith, lançado originalmente em 1955. Trata-se de uma excelente série que mistura suspense, drama e thriller policial num estilo noir e num belíssimo preto e branco. Muito já se tratou no cinema e também nas plataformas de streaming sobre histórias reais ou fictícias de assassinos, vigaristas, golpistas e serial killers. E “Ripley” tem tudo isso e muito mais. Com uma fotografia e direção extraordinárias, a série se tornou uma das mais bem feitas tecnicamente e também uma das mais visualmente impactantes da história da Netflix. Com um elenco formidável, onde se destaca o protagonista principal Andrew Scott (no papel de Tom Ripley), a série nos prende do início ao fim com muita atenção, tensão e expectativa sobre as artimanhas e peripécias ilegais de um vigarista e matador pela Itália, especialmente nas ruas, ruelas, esquinas, escadarias, esculturas, pinturas, quartos de hotel e costa marítima das cidades de Nápoles (e Costa Amalfitana), Roma, Palermo (na Sicília) e Veneza. A série tem uma fotografia em preto e branco tão exuberante que não precisamos de nenhuma cor para se encantar com as imagens de interiores e exteriores de lugares deslumbrantes na Itália e de quadros famosos, principalmente do pintor italiano Caravaggio e suas maravilhosas obras. Aliás, da mesma forma que Caravaggio teve uma vida fugindo e pintando por toda a Itália por ter cometido um homicídio, Tom Ripley se apaixona por ele, se identifica com ele e também vive fugindo, seja por fraudes bancárias ou por assassinatos. Só o que Tom Ripley deseja é uma vida de rico e, para isso, rouba, mata e vive com uma dupla identidade (a dele e a de um rico americano que assassinou). O mais interessante é que nós, os espectadores, acabamos por torcer por ele para não ser pego pela polícia. É preciso assistir para se maravilhar com a trama, os detalhes, as reviravoltas e a investigação policial. Além de uma ótima narrativa, vale muito uma especial atenção para as tomadas de câmera espetaculares, efeitos de lente, a alternância ou mesmo a fusão de cenas de claro e escuro e as variantes de tomadas de câmera de cima para baixo, de baixo para cima, closes, tomadas fixas de objetos os mais variados e até mesmo um gato, que é a única testemunha ocular das ações nefastas de Tom Ripley. E de uma caneta, um objeto muito importante para a consecução dos objetivos do vigarista. Frio, calculista, manipulador, mentiroso, Tom Ripley vai se safando de tudo e de todos. Mas, até quando? Por fim, a série “Ripley” apresenta com maestria suas influências do suspense e do estilo do diretor britânico Alfred Hitchcock e da profundidade e impacto visual das imagens do diretor italiano Michelangelo Antonioni.
Cenas de “Ripley”, 2024