Análise de Filmes
Filme “Janela Indiscreta” de Alfred Hitchcock, 1954

Filme “Janela Indiscreta” de Alfred Hitchcock, 1954

Rear Window (no Brasil, Janela Indiscreta) é um filme americano de 1954 que mistura suspense e mistério, dirigido por Alfred Hitchcock, e escrito por John Michael Hayes com base no conto “It Had To Be Murder” (1942), de Cornell Woolrich. Originalmente lançado pela Paramount Pictures, o filme é estrelado por James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter e Raymond Burr. Ele foi exibido no Festival de Cinema de Veneza de 1954 e é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock devido à sua técnica muito apurada.

O filme foi inteiramente rodado nos estúdios da Paramount Pictures incluindo um enorme set em um dos estúdios. Houve também um cuidadoso uso de som, incluindo sons naturais e música à deriva no pátio do edifício em frente ao apartamento do personagem principal de James Stewart. O diretor usou principalmente sons “diegéticos”—sons resultantes da vida normal dos personagens—ao longo do filme.

O filme expõe muitas facetas da solidão da vida na cidade grande e tacitamente demonstra o impulso da curiosidade mórbida de todos nós. O objetivo do filme é a sensação, e isso ele geralmente fornece no colorido de seus detalhes e na enchente de ameaça perto do fim.  É um dos melhores thrillers de Alfred Hitchcock que combina habilidades técnicas e artísticas de uma forma que torna o filme uma ótima obra de entretenimento que combina mistério e assassinato.

O cenário do filme, um condomínio de apartamentos montado em estúdio para parecer o bairro de Greenwich Village, Nova York

O filme desenvolve uma linha tão limpa e organizada do início ao fim para ficarmos totalmente atraídos por ele (e para dentro dele) sem o menor esforço. A experiência não é bem como assistir a esse filme, mas sim como espionar os vizinhos. Hitchcock nos faz cúmplices do voyeurismo de Stewart, o personagem principal. No clímax, quando um homem enfurecido vem rompendo a porta para matar Stewart, nós não conseguimos nos distanciar, porque nós também estávamos espiando, e assim nós compartilhamos a culpa e, de alguma forma, nós merecemos o que está para acontecer com ele. Trata-se de um voyeurismo até às últimas consequências, sejam elas psicológicas ou físicas.

O Diretor Alfred Hitchcock

O ator James Stewart

A atriz Grace Kelly

Após quebrar a perna, o fotógrafo profissional L. B. “Jeff” Jefferies (James Stewart), está confinado a uma cadeira de rodas em seu apartamento em Greenwich Village, Nova York, para se recuperar. De sua janela dos fundos, ele assiste seus vizinhos: uma exuberante dançarina que ele apelida de “Senhorita Torso”; uma mulher solitária de meia-idade que ele chama de “Senhorita Coração Partido”; um solteiro compositor e pianista de meia-idade; vários casais, um deles em lua de mel; uma escultora; e Lars Thorwald (Raymond Burr), vendedor de jóias ambulante e sua esposa acamada.

Sua namorada, a socialite Lisa (Grace Kelly), o visita regularmente, assim como a enfermeira Stella (Thelma Ritter). Uma noite, Jeff ouve uma mulher gritar, e depois o som de vidro quebrando. Mais tarde, ele observa Thorwald deixando seu apartamento e fazendo repetidas viagens carregando sua mala de amostras. Na manhã seguinte, Jeff percebe que a mulher de Thorwald sumiu, e então vê Thorwald limpando uma grande faca e um serrote. Mais tarde, Thorwald amarra um grande baú com uma corda grossa e uma companhia de mudanças a leva embora. Jeff discute tudo isso com Lisa, sua namorada, e com Stella, sua enfermeira.

Jeff, convencido de que Thorwald assassinou sua esposa, relata isso ao seu amigo Tom Doyle (Wendell Corey), detetive da Polícia, que investiga, mas não encontra nada de suspeito.

O personagem principal apenas observando

Sua namorada quer casar, mas ele sempre sai pela tangente

O filme Janela Indiscreta se desenvolve dentro de um condomínio de apartamentos no bairro de Greenwich Village em Nova York. O filme possui uma narrativa absolutamente inovadora, totalmente planejada e psicologicamente milimetrada. Todo o filme é visto do ponto de vista do personagem principal, um fotógrafo profissional que está imobilizado após um acidente e passa a olhar os vizinhos de sua janela para passar o tempo.

À medida que os vários tipos humanos do condomínio vão aparecendo e reaparecendo com suas vidas cotidianas, para o bem ou para o mal, o fotógrafo acamado passa a ter mais curiosidade, a tal ponto de virar um bisbilhoteiro contumaz da vida alheia. Seus olhos passam a ser os de sua câmera fotográfica. Nesse ponto, a câmera cinematográfica do diretor Alfred Hitchcock passa a ser a própria câmera fotográfica do personagem principal. E tudo o que vemos é o que o personagem vê e tudo o que sentimos e reagimos a cada cena é o mesmo que o próprio fotógrafo vê e sente. Nos tornamos o próprio personagem do filme e somos levados a situações as mais variadas com muita tensão e expectativa até o clímax final do filme, que é aterrorizante.

Inúmeros filmes ao longo da história do cinema abordaram assassinatos de uma maneira convencional e geralmente de maneira violenta. Policiais que investigam, assassinos que mexem com drogas e dinheiro, seriais killers que matam muitas pessoas sem sentimento nenhum, gangues de rua, gente que enriquece através de fraudes, roubos e outras artimanhas. Mas, Hitchcock não é assim. Ele aborda perseguições, investigações, suspeitos e/ou assassinatos, como é o caso, de uma maneira de entretenimento, por incrível que isso possa parecer. Hitchcock dizia que o que importa num filme é a cereja do bolo, ou seja, não a história em si, mas o que sentimos em cada cena.

O bisbilhoteiro L. B. “Jeff” Jefferies, um fotógrafo profissional que se recupera de um acidente

Um amigo Detetive da Polícia (à direita) que observa um possível assassino

A enfermeira e cuidadora (à esquerda) também se envolve para tentar desvendar o mistério

O suspeito de um crime e sua mulher, a vítima, acamada

O clímax do filme: o assassino vai atrás do bisbilhoteiro que o descobriu

Cenas de “Janela Indiscreta”, 1954

Alfred Hitchcock (à direita) filmando “Janela Indiscreta”, 1954

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