Filme “Jesus de Nazaré” de Franco Zeffirelli, 1977
Filme: Jesus de Nazaré, 1977
Direção: Franco Zeffirelli
Produção: Lew Grade, Vincenzo Labella
Roteiro: Suso Cecchi D’Amico, Anthony Burgees
Elenco: Robert Powell, Olivia Hussey, Anne Bancroft, Ernest Borgnine, Michael York, James Mason, Anthony Quinn
Música: Maurice Jarre
Fotografia: Armando Nannuzzi
Montagem: Reginald Mills
Vida, morte e ressureição de Jesus num filme de mensagens encantadoras e atos sublimes
Sobre a produção e o diretor
O filme “Jesus de Nazaré” foi concebido originalmente como uma minissérie para televisão. Depois é que foi para o cinema, com uma nova montagem para reduzir o longo tempo de duração de cerca de seis horas. É, ao longo de toda a história do cinema, a maior produção feita de um filme sobre a vida de Jesus. Nenhuma produção desse gênero reuniu um elenco tão estelar e uma produção que demandou muitos recursos e muito tempo de trabalho. Mas valeu a pena, pois o filme é grandioso e mostra um Jesus absolutamente cativante e emocionante
Consta que o próprio Papa Paulo VI pediu que o produtor Lew Grade fizesse o filme, quando o encontrou no Vaticano para parabenizá-lo por outra produção bíblica anterior, “Moisés, O Legislador” (1974). Após a realização e o sucesso do filme, o mesmo Papa aprovou o resultado final e tornando o filme o mais apreciado pelo Vaticano sobre a vida de Jesus, apesar do filme alterar algumas passagens do evangelho e acrescentar outras que não constam na Sagrada Escritura. Mas o produto final é muito belo e fascinantes.
O papel de diretor foi oferecido ao italiano Franco Zeffirelli, um católico convicto. Zeffirelli já havia feito em 1968 a adaptação mais popular de uma obra de Shakespeare para o cinema, o aclamado “Romeu e Julieta”. E depois faria outro filme religioso sobre a vida de São Francisco, “Irmão Sol, Irmão Lua”, em 1972. A escolha do ator Robert Powell para ser Jesus, que faria o papel de Judas, se deu quando Zeffirelli o viu no set de filmagem descansando e, após sentir algo como um transe espiritual, decidiu escalá-lo imediatamente para o papel. O Jesus do ator Robert Powell foi tão iluminado que sua figura se tornou uma das imagens mais difundidas de Cristo pelo mundo.
O diretor Franco Zeffirelli e o ator Robert Powell, uma parceria que deu muito certo
Por dentro do filme
O filme acompanha toda a vida conhecida de Jesus Cristo: do seu nascimento em Belém, um pouco de sua infância, suas peregrinações na Galileia, Cafarnaum e Jerusalém, até sua morte e ressureição. O filme altera algumas passagens do texto sagrado a título de ficção cinematográfica e cria outros eventos que não estão explícitos nos evangelhos, mas que são verosímeis, ou seja, possíveis de terem ocorridos.
O nascimento em Belém, Maria, José e os Reis Magos
Jesus nasce em Belém numa estrebaria de animais, porque a cidade estava cheia de pessoas que participavam do censo romano, o recadastramento do povo judeu. Sua mãe Maria (Olivia Hussey), e seu pai José (Yorgo Voyagis), recebem a visita de três Reis Magos, Balthazar (James Earl Jones), Melchior (Donald Pleasence) e Gaspar (Fernando Rey), também conhecidos como astrônomos, que seguiram uma estrela no firmamento até o local do menino Jesus.
João Batista e o batismo de Jesus no Rio Jordão
O profeta João Batista (Michael York), nascido de Isabel e Zacarias, e primo de Jesus, é aquele que batiza o povo na água para o arrependimento dos pecados. Foi o mensageiro de Jesus, aquele que anunciou a chegada do Messias, aplainou as suas veredas. Jesus é batizado por ele no rio Jordão. Em seguida, Jesus vai para o deserto ser tentado por satanás e depois inicia sua vida pública.
O início da vida pública e seus primeiros discípulos
Jesus, na Sinagoga, lê passagem do profeta Isaías e declara que o tempo do Messias chegou. Mas não é compreendido, pelo contrário, alegam que ele blasfema. Ele, então, se retira e inicia sua vida pública anunciando o perdão dos pecados, curas e a boa nova do Reino de Deus. Escolhe 12 discípulos, entre eles Simão (James Farentino), ao qual chamou de Pedro (que significa rocha).
Os milagres de Jesus
Jesus realizou inúmeros milagres, sinais, curas: transformou água em vinho, curou cegos, paralíticos, leprosos, doentes de todo tipo, andou sobre as águas, acalmou a tempestade, ressuscitou mortos e limpou endemoniados. O filme apresenta alguns importantes milagres como a cura do servo do centurião romano (Ernest Borgnine) e a multiplicação dos pães.
O sermão da montanha e a oração do Pai nosso
Durante suas pregações e ensinamentos, Jesus recitou lindamente o sermão da montanha, considerado a constituição do Reino de Deus e onde ele afirma as predileções de Deus pelos pobres, mansos, pacíficos, injustiçados e misericordiosos. Foi também por essa ocasião que ele ensinou a oração mais importante do cristianismo: O Pai nosso.
A ressureição de Lázaro
Lázaro, e suas irmãs Marta e Maria, eram muito amigos de Jesus. Ele pernoitava e se alimentava em sua casa. Quando soube de sua morte, Jesus chorou e o ressuscitou numa das maiores demonstrações de seu amor e poder. O milagre foi visto por muita gente e depois Lázaro teria participado de outras reuniões com Jesus, sempre em sua casa.
Jesus com Maria Madalena e a mulher adúltera
Maria Madalena (Anne Bancroft) era pecadora e Jesus teria tirado muitos demônios dela. Mas logo ela se tornaria um de seus discípulos mais fervorosos e próximos dele. Maria Madalena teve a honra e a glória de ter sido a primeira a vê-lo ressuscitado. Jesus também perdoou a mulher adúltera (Cláudia Cardinale), ato que era julgado com a morte, numa atitude de profunda compaixão.
Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e a condenação pelo Sinédrio
Jesus pregava e fazia milagres em várias cidades e lugares diferentes. Teve uma ocasião especial em que sua entrada na cidade de Jerusalém foi triunfal, o chamado Domingo de Ramos, onde ele declarou que Jerusalém seria destruída e expulsou os vendilhões do Templo. A partir daí, Jesus teria muitos problemas com os líderes judaicos e seria traído e depois capturado no Horto das Oliveiras. Numa reunião no Sinédrio, o Conselho Supremo judaico liderado pelo sacerdote Caifás (Anthony Quinn), Jesus foi condenado.
A última Ceia e a traição de Judas
Sabedor de que sua hora estava chegando, de ser traído, preso e condenado à crucificação, Jesus realiza a última ceia onde reúne seus 12 discípulos, anuncia o traidor Judas e faz o ritual do seu corpo e do seu sangue que serão ofertados pelo perdão dos pecados. Nessa ceia, Jesus declara um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
O encontro com Pôncio Pilatos
Jesus foi enviado pelos judeus ao Governador romano Pôncio Pilatos, que, então, daria a sentença final, se seria crucificado ou apenas açoitado. Pilatos não queria condenar Jesus à morte, não via motivo para isso, mas foi pressionado e ofereceu uma escolha entre ele e o bandido Barrabás. Derrotado, Jesus foi entregue para ser crucificado.
A crucificação de Jesus
Em direção ao local da crucificação, o chamado Cálvario, Jesus percorreu 14 estações em sua “via crucis”, dentre elas o encontro com sua mãe Maria, e sofreu muito. Perto de morrer e de entregar seu espírito ao Pai, Jesus pediu o perdão para seus algozes. Ao seu lado esquerdo e direito, dois ladrões foram também crucificados, sendo que um deles, de maneira humilde e confiante, pediu a sua salvação, o que foi atendido por Jesus.
A ressureição de Jesus e o discípulo Tomé (atrás), que só acreditou quando viu
No terceiro dia após a morte de Jesus, Maria Madalena e outros discípulos testemunharam a ressureição de Jesus que, logo depois, se apresentou aos seus discípulos e prometeu a vida eterna aos que nele tem fé e a sua proteção também eterna. Tomé, um deles, só acreditou quando o viu e tocou em suas feridas. Jesus apareceu muitas vezes após ressuscitado e depois “subiu” ao céu.
Sobre Jesus Cristo
Jesus Cristo é a pessoa mais importante da história. Após 2000 anos de sua vinda, continua uma figura fascinante, forte, discutida, sinal de contradição entre as pessoas, analisada, amada e seguida por bilhões de pessoas pelo mundo. Sua vida foi um exemplo de amor e compaixão. Sua mensagem é cativante, bela, profunda, edificante, não exclui ninguém desde que as pessoas se arrependam de seus erros e sigam a jornada do bem. A reconciliação entre os seres humanos e com Deus é sua grande meta.
Jesus combatia muito as lideranças religiosas da época por não abrirem seus corações à sua mensagem de salvação e chamava muita a atenção contra a hipocrisia, o materialismo, a falta de fé, a desunião e a mentira. Curou todo tipo de doença física, mas o mais importante é a cura espiritual, entregar-se a Deus de peito aberto, sem medo, e com fé. Seu movimento, que começou com apenas 12 discípulos, sendo que um o traiu, foi crescendo como um grão de mostarda. De uma pequena cidade em Nazaré, na Galileia para o mundo todo.
Jesus preconiza a justiça, o perdão e a paz, mexe profundamente com o nosso interior, abre nossos corações, inclui todos os tipos de marginalizados: pobres, aleijados, párias sociais, doentes, mulheres, crianças, prostitutas, cobradores de impostos e todo tipo de pessoa que queira mudar para melhor, amar, viver na plenitude a aventura do bem. Todos os alijados, socialmente e espiritualmente, de ontem e de hoje, são seus amigos. Jesus também é duro com aqueles que não querem mudar, expõe suas mazelas interiores, suas falhas, seus corações de chumbo. Jesus tem o coração do tamanho do mundo, é manso e amoroso. E sua misericórdia é infinita.
Cenas de “Jesus de Nazaré”, 1977
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