Maid, Round 6 e Bridgerton, três séries que tratam de luta pela sobrevivência, jogos mortais e amor e aparências
Série: Maid, 2021
Criação: Molly Smith Metzler
Elenco: Margaret Qualley, Andie MacDowell, Nick Robinson, Raymond Ablack, Rylea Nevaeh Whittet
Onde assistir: Netflix
Enredo: A minissérie “Maid”, título que pode ser traduzido para ‘empregada doméstica’ ou ‘diarista’, acompanha Alex (Margaret Qualley), uma jovem mãe que, para escapar de um relacionamento abusivo com o ex-namorado, Sean (Nick Robinson), decide sair do trailer em que vivia e fugir com a filha de 3 anos, Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), para qualquer outro lugar na expectativa de construir um futuro melhor para as duas. Além de tudo, ela ainda precisa lidar com um relacionamento ruim com a mãe, Paula (Andie McDowell), uma artista hippie, um tanto desequilibrada, além do fato de que o pai é ausente desde sua infância.
Comentário: “Maid” é um drama pesado, mas imperdível para quem não teme se emocionar ou acompanhar um enredo triste. A minissérie é a expressão concreta do desamparo ao narrar as desventuras de uma jovem mulher para sobreviver e preservar a filha de todos os acidentes de percurso. E eles são muitos. Vive numa situação de limbo. Apesar de ter feito o Ensino Médio e ter talento para ser escritora, Alex não progrediu. A série retrata bem as falhas do Estado americano na sua função social, assistencialista, e os conflitos de classe nos Estados Unidos.
A protagonista encarna uma parcela da população que viu o grande mito do sonho americano do sucesso virar pó, vivendo numa corda bamba. Ela se esforça muito e segue lutando para ter o mínimo, porém, sem jamais prosperar.. A ligação da atriz Margaret Qualley, a personagem Alex, com a atriz mirim Rylea Nevaeh Whittet, a pequena Maddy, impressiona. A espontaneidade dessa parceria é um dos pontos altos da série. Por fim, a série é baseada em uma história real, adaptada da autobiografia de Stephanie Lan que foi empregada doméstica por seis anos. Depois, via empréstimos estudantis e bolsas, estudou. Com um olhar pessoal e inflexível sobre uma dura situação social, a série “Maid” é um manifesto pela dignidade.
Série: Round 6, 2021
Criação: Hwang Dong-hyuk
Elenco: Lee Jung-jae, Jung Ho-Yeon , Park Hae Soo, Lee Yoo-Mi, Yeong-su Oh, Wi Ha-joon
Onde assistir: Netflix
Enredo: A série “Round 6”, no título original “O Jogo da Lula”, acompanha centenas de pessoas endividadas e marginalizadas, sem dinheiro e sem perspectiva de melhoria em suas vidas, que aceitam um convite misterioso para competir em um jogo de brincadeiras infantis por um prêmio milionário, mas as apostas são mortais. Na verdade, são vários jogos com uma dinâmica macabra: os eliminados da competição são sempre assassinados.
Ou seja, para ganhar a grana e continuar vivo, o jogador tem que seguir todas as regras e vencer os obstáculos, enquanto vê inúmeras pessoas sendo executadas todo dia. Ninguém foi obrigado a estar ali. O jogo é violento e fatal, mas é democrático e as regras são iguais para todos. Os jogadores podem sair do jogo por maioria de votos. Mas sair para onde? Para uma vida miserável?
Comentário: “Round 6” é um drama sangrento que procura retratar a alta competitividade, a desigualdade social e a falta de oportunidades na Coréia do Sul, onde a série foi produzida, mas que poderia ser situada em inúmeros outros países. Faz também uma crítica pesada à banalização da violência e ao voyeurismo das sociedades por assassinato e sangue, comuns nos cotidianos e em noticiários pelo mundo afora. Além do que, ataca diretamente a indústria do entretenimento violento dos jogos de games, um empreendimento “cultural” desumano e bilionário.
“Round 6” simplesmente escancara presencialmente a violência dos games, filmes e noticiários, e de maneira ainda mais terrível, já que o faz dentro do mundo das brincadeiras de nossa infância, quando ainda existia inocência e pura diversão. Além da discussão da “violência cultural”, a série debate questões sociais e políticas da Coréia do Sul, mas que também podem ser estendidas a outras nações, através de seis personagens: o personagem principal Gi-hun é um trabalhador desempregado, fracassado, que não consegue sair da pobreza e muito menos dar assistência à sua mãe doente; discute a questão dos desertores norte-coreanos na figura da competidora Sae-byok, que se junta à trupe na esperança de ganhar dinheiro para tirar e reunir sua família do regime opressivo do país vizinho; desnuda a misoginia e a corrupção corporativa na figura do jogador Cho Sang-woo, um investidor desonesto e falido, que tenta impedir competidoras do sexo feminino de participar de tarefas em grupo; mostra a exploração de migrantes estrangeiros na figura do paquistanês Ali, que não recebe salários do chefe; mostra o gangsterismo remanescente na figura de Jang Deok; e o tráfico de órgãos humanos na figura de um médico sujo e trapaceiro. Mas, a grande questão de “Round 6” é: Você arriscaria sua vida e a dos outros por dinheiro? E se não houvesse outra opção para sua vida? Morreria e mataria por dinheiro?
Série: Bridgerton, 2020
Criação: Chris Van Dusen, Shonda Rhimes
Elenco: Regé-Jean Page, Phoebe Dynevor, Jonathan Bailey, Simone Ashley
Onde assistir: Netflix
Enredo: A série “Bridgerton” mergulha no mundo sensual, luxuoso e competitivo da alta sociedade londrina do início do século 19. Na época, a família Bridgerton, composta por oito irmãos, se esforça para lidar com o mercado de casamentos, os bailes suntuosos de Mayfair e os palácios aristocráticos de Park Lane, além de se envolver em uma rede de luxúria e traição. Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor), a filha mais velha do respeitado clã, se encontra à procura de um casamento por amor. Quando Daphne conhece o duque de Hastings (Regé-Jean Page), o solteiro mais requisitado da temporada, as faíscas brilham entre os dois. Entretanto, um escândalo preparado por Lady Whistledown (na voz de Julie Andrews) faz com que o nome de Daphne seja manchado. Para se defender das calúnias, ela decide se aliar ao rebelde e cobiçado duque, colocando à prova os valores hipócritas e o jogo de aparências da elite de Londres.
Comentário: Os filmes de época sempre atraem um grande público. As reconstituições históricas são geralmente bem feitas e apreciadas. Além disso, temas como seduções, intrigas, poder, luxo e traições sempre aparecem quando se lida com aristocracia, nobreza e contextos históricos de monarquias, impérios e reinos. A série “Bridgerton” não foge à regra. Os trajes coloridos, as casas luxuosas com suas fachadas decoradas com flores e as histórias de conflitos sociais e amorosos, às vezes divertidos, mas também trágicos, se entrelaçam e capturam o nosso interesse.
Aqui, temos uma família nobre de duques e duquesas, com oito irmãos inseparáveis, que se envolve em dramas e escândalos. A decadência moral, jóias e extravagâncias, mansões de campo e figurino requintado compõem uma série visualmente atraente, que se aliam a escapismos, glamour brilhante, jogos psicológicos e a sensualidade de um drama jovem e moderno.
Uma grande atração de “Bridgerton” é que se trata, antes de tudo, de uma série romântica, inovadora e inteligente, que comprova que as histórias sobre amizade, família e a busca por um grande amor nunca saem de moda. Outro dado interessante é que a história é focada principalmente em personagens femininas e isso traz olhares diversos sobre o que é ser uma mulher em uma sociedade extremamente patriarcal.
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