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O Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary (IFF), República Tcheca

O Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary (IFF), República Tcheca

Uma breve história

O Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary (IFF) é realizado anualmente em junho/julho na cidade de Karlovy Vary, República Tcheca. O Festival é um dos mais antigos do mundo e se tornou o principal evento cinematográfico da Europa Central e Oriental.

O sonho pré-guerra de muitos cineastas entusiastas se materializou em 1946, quando um Festival sem competição de filmes de sete países aconteceu na cidade de Mariánské Lázně e Karlovy Vary, no leste europeu Acima de tudo, pretendia exibir os resultados da recém-nacionalizada indústria cinematográfica tchecoslovaca. Após os primeiros dois anos, o Festival mudou-se permanentemente para Karlovy Vary.

O Festival de Karlovy Vary realizou pela primeira vez uma competição internacional de filmes em 1948. Desde 1951, um júri internacional avalia os filmes. A competição cinematográfica rapidamente encontrou seu lugar e, a partir de 1956, se tornou um grande evento. Infelizmente, após a criação do Festival de Cinema de Moscou e a decisão política de organizar apenas um Festival  para todos os países socialistas, Karlovy Vary foi forçado a alternar ano a ano com o Festival de Moscou entre 1959 e 1993.

As mudanças sociais e políticas que ocorreram no bloco comunista em novembro de 1989 colocaram em segundo plano as preocupações sobre a organização do Festival de Karlovy Vary. Mas, já partir de 1990, o Festival renasceu com a presença de vários convidados internacionais como os diretores Milos Forman e Lindsay Anderson, a atriz Annette Bening e ator Robert De Niro.

Os Diretores Milos Forman e Lindsay Anderson, incentivadores do Festival de Karlovy Vary

Em 1994, a 29º edição do Karlovy Vary (IFF) inaugurou uma tradição inteiramente nova. Após décadas alternando com o Festival de Moscou, o Festival voltou a acontecer todos os anos. A nova Fundação do Festival de Cinema de Karlovy Vary foi criada em 1993, com apoio do Ministério da Cultura, da cidade de Karlovy Vary e do Grand Hotel Pupp. 

A cidade de Karlovy Vary

Karlovy Vary é uma cidade situada na parte ocidental da República Checa na confluência dos rios Ohře e Teplá e é assim chamada depois que o imperador Carlos IV fundou a cidade na década de 1370. A cidade é historicamente famosa pelas suas termas. A cidade também é conhecida pelo seu Festival Internacional de Cinema e pelo seu licor famoso Karlovarská Becherovka.

A culinária de Karlovy Vary é bastante requintada para atender os turistas de alto padrão que visitam a cidade, contudo o visitante tem a disposição numerosos bistrôs e quitandas com preços acessíveis que vendem os famosos biscoitos waffers gigantes, outra atração imperdível da cidade.

A cidade de Karlovy Vary também é mundialmente famosa pelos cristais da marca Moser de alta qualidade e pureza com o know-how dos melhores artesãos da região da Bohêmia. A empresa é conhecida pela fabricação taças finas, vidros decorativos (tais como vasos, cinzeiro, castiçal), presentes de luxo e diversas gravuras de arte. Devido à qualidade, Moser é um dos mais cobiçados cristais de decoração.

O local do Festival

O centro do Festival é o hotel Thermal e as projeções são exibidas em toda cidade.

O programa do Festival

O núcleo do programa é a competição de filmes inéditos, ou seja, apenas os filmes que não foram exibidos em competição em nenhum outro festival internacional podem ser incluídos. A competição de documentários é um evento importante desse Festival. O extenso programa informativo apresenta pré-estreias de distribuição e filmes premiados em outros festivais. 

Mas também inclui descobertas de criações artísticas de diretores independentes, produções vindas de indústrias cinematográficas pouco conhecidas, retrospectivas e uma visão geral do cinema tcheco. Seminários focados principalmente em filmes europeus são outra parte importante do festival.

O programa do festival tem as seguintes seções:

  • Seleção Oficial – Competição – filmes nunca antes exibidos em competição em nenhum outro festival internacional.
  • Leste do Oeste – Competição – filmes do antigo bloco socialista.
  • Filmes Documentários – Competição – uma competição dividida em duas partes: documentários com menos de 30 minutos e mais de 30 minutos.
  • Horizontes e Outro Olhar – uma seleção dos mais notáveis ​​filmes contemporâneos.
  • Imagina – filmes com uma abordagem não convencional de narração e estilo, visões distintas e radicais da linguagem cinematográfica.
  • Out of the Past – filmes clássicos, cult, raros e injustamente esquecidos, exibidos em suas versões originais e restauradas.
  • Future Frames: Generation NEXT of European Cinema – dez realizadores, uma nova geração de jovens cineastas europeus, apresentam os seus filmes de estudantes. O projeto é organizado em cooperação com a European Film Promotion.
  • Midnight Screenings – uma seleção dos mais recentes filmes de terror e ação, obras que abordam seus gêneros de maneiras novas, muitas vezes bem-humoradas.
  • Czech Films – uma seleção representativa dos filmes tchecos atuais.
  • Homenagens, focos especiais e retrospectivas.

Principal prêmio do Festival

Desde 1948, o Grande Prêmio é o Globo de Cristal – embora sua forma tenha mudado frequentemente. A partir do 35º Karlovy Vary IFF 2000, o Globo de Cristal ganhou um novo visual: agora a figura de uma mulher levanta uma bola de cristal.

O Globo de Cristal

Primeiro filme premiado no Festival

A Última Etapa é um filme de drama dirigido pelo polonês Wanda Jakubowska, lançado em 28 de março de 1947 em telas polonesas e na França em setembro de 1948. É o primeiro filme cuja ação se passa quase exclusivamente no campo nazista de Auschwitz Birkenau, Polônia, durante o Holocausto da segunda guerra mundial. Foi também o primeiro filme vencedor do Festival de Cinema de Karlovy Vary em 1948.

Filme “A Última Etapa”, 1948, e o Diretor Wanda Jakubowska

O cineasta brasileiro Glauber Rocha vence o Festival

Lançado em 1962, “Barravento”, dirigido por Glauber Rocha, foi premiado no Festival de Karlovy Vary. O filme se tornou um experimento cinematográfico tropical de “câmera na mão e ideia na cabeça“. O filme foi rodado em uma vila litorânea da Bahia, com uma comunidade de pescadores.

Na história que aí se desenvolve, há espaço para a incursão religiosa afro-brasileira, para uma forte crítica ao poder dos ricos frente ao abandono (inclusive governista) dos mais pobres e há espaço para o diretor criticar a desorientação dessa classe massacrada, que não consegue organizar-se para gritar contra sua exploração e se afunda em crises particulares, provocações e maior atenção a feitiços e festas.

Filme “Barravento”, 1962, e o Diretor Glauber Rocha

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