Filme “Apocalipse Now” de Francis Ford Coppola, 1979
Filme: Apocalipse Now, 1979
Direção: Francis Ford Coppola
Produção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola, John Milius e Michael Herr
Montagem: Richard Marks, Walter Marks, Lisa Fruchtman
Fotografia: Vittorio Storaro
Música: Carmine Coppola
Elenco: Marlon Brando, Martin Sheen, Robert Duvall, Dennis Hopper, Lawrence Fishburne, Sam Bottoms, Jerry Ziesmer, Frédéric Forrest
O horror, O horror: Um filme sobre a loucura da guerra, de todas as guerras
Notas sobre a produção do filme
Apocalypse Now é um filme de guerra épico americano de 1979 produzido e dirigido por Francis Ford Coppola. O roteiro é vagamente baseado na novela de 1899, Coração das Trevas, de Joseph Conrad, com o cenário mudado do Congo do final do século XIX para a Guerra do Vietnã, num contexto de fins dos anos 60 e começo dos anos 70. O filme foi todo realizado em cenários naturais nas Filipinas.
O roteirista John Milius ficou interessado em adaptar o livro Coração das Trevas para um cenário da Guerra do Vietnã no final dos anos 1960 e inicialmente começou a desenvolver o filme com Francis Ford Coppola como produtor e George Lucas como diretor. Depois que Lucas ficou indisponível, Coppola assumiu o controle da direção e foi influenciado por Aguirre, a cólera dos deuses, dirigido por Werner Herzog (1972), em sua abordagem do material.
Inicialmente programado para ser uma filmagem de cinco meses nas Filipinas a partir de março de 1976, uma série de problemas o estendeu para mais de um ano. Esses problemas incluíam sets caros sendo destruídos pelo clima severo, o ator Marlon Brando aparecendo no set acima do peso e completamente despreparado, o também ator Martin Sheen tendo um colapso e sofrendo um ataque cardíaco quase fatal no local, além de álcool e drogas. Depois de concluído em maio de 1977, o lançamento foi adiado várias vezes. Na verdade, Apocalipse Now, ironicamente como o seu próprio tema indica, foi uma guerra para ser realizado.
Apocalypse Now venceu a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes. Quando foi finalmente lançado em 15 de agosto de 1979, pela United Artists, teve um bom desempenho nas bilheterias. Ao longo do tempo, o filme ganhou ampla aclamação de crítica e seu efeito cultural e temas filosóficos têm sido largamente discutidos desde então. Coppola abordou a guerra para condenar todas as guerras num tom claramente insano.
Sobre o Diretor do filme
Francis Ford Coppola é um diretor de cinema, produtor e roteirista americano. Ele é considerado uma das principais figuras do movimento cinematográfico da Nova Hollywood de fins dos anos 1960 e toda a década de 1970. Liderando um grupo de novos cineastas talentosos, dentre eles Steven Spielberg, Martin Scorsese, Brian De Palma, Terrence Malick, Robert Altman, Woody Allen, William Friedkin e George Lucas, Coppola se tornaria uma grande referência no cinema por não se preocupar com bilheteria, mas com filmes que desafiavam o cinema tradicional.
Coppola se pautou em subverter o sistema de estúdio, que ele sentia ter sufocado suas visões e sufocado também o cinema independente. Sua intenção era de produzir filmes não convencionais, financiar projetos incomuns e dar uma chance a diretores iniciantes. Ele decidiu chamar seu futuro estúdio de “Zoetrope”. O estúdio se tornou um dos primeiros a adotar o cinema digital, incluindo alguns dos primeiros usos da HDTV. Com essa produtora, Coppola teve muita baixa financeira, mas nunca desistiu.
A reputação de Coppola como cineasta foi consolidada com o lançamento de O Poderoso Chefão (1972), que revolucionou o gênero gangster do cinema, recebendo forte recepção comercial e de crítica. Coppola recebeu cinco Oscars, seis Globos de Ouro, duas Palmas de Ouro em Cannes e um British Academy Film Award. Além das três partes do filme “O Poderoso Chefão”, Coppola realizou outras obras primas: “A Conversação”, de 1974, “Apocalipse Now”, de 1979, “O Selvagem da Motocicleta”, de 1983, e “Drácula de Bram Stocker, de 1992.
O cineasta Francis Ford Coppola e o livro que inspirou sua obra prima “Apocalipse Now”
Navegando no filme
O filme segue uma viagem fluvial do Vietnã do Sul ao Camboja empreendida pelo capitão Willard (Martin Sheen), que está em uma missão secreta para assassinar o coronel Kurtz (Marlon Brando), um renegado Oficial das Forças Especiais americanas que é acusado de assassinato, considerado louco, um semideus para uma tribo e isolado com seu próprio exército de lunáticos nas selvas do Camboja.
Designado para uma missão suicida, o capitão Willard entra em crise no QG do exército americano
Ambivalente sobre a missão, o capitão Willard se junta a uma Patrulha de Barcos da Marinha e se encontra com o Tenente-Coronel Bill Kilgore (Robert Duvall), comandante de um esquadrão de helicópteros de ataque. Em meio a ataques aéreos de napalm sobre os moradores e o som de Cavalgada das Valquírias, música de Richard Wagner, tocando sobre os alto-falantes dos helicópteros, a praia é tomada e Kilgore ordena seus subordinados a surfarem em meio a fogo aberto.
O coronel Bill Kilgore quer praticar surfe, enquanto lança o devastador napalm na população
Enquanto a guerra avança com artilharias e helicópteros contra inimigos vietnamitas infinitamente inferiores militarmente, o filme acompanha diversas situações no front de batalha onde vemos soldados drogados, acuados e emocionalmente arrassados. “O que fazemos aqui?”, é uma pergunta comum. “Já que estamos aqui, então vamos nos drogar e ouvir rock!”, é uma expressão comum.
No campo de batalha, soldados passam por situações difíceis e muitas vezes mortais, e quase sempre drogados
Willard reúne seus homens para a Patrulha de Barcos e começam a viagem rio acima. Vasculhando os arquivos de Kurtz, descobre que ele era um exemplo como oficial e possível futuro General-Chefe do Estado Maior. Mais tarde a tripulação encontra um tigre e visita um depósito de suprimentos da United Service Organizations (USO) para um show das coelhinhas da Playboy. Mesmo na guerra, que haja espetáculo sedutor. Depois, a equipe inspeciona uma sampana civil em busca de armas, mas um pânico massacra civis.
Em plena guerra, um show das coelhinhas da Playboy e o barco da missão atacando civis
Seguindo o Rio, o barco percorre sua trilha fluvial em direção ao esconderijo do coronel Kurtz. Entre situações alucinadas, matanças, intrigas e piadas bizarras e comportamentos insanos, dentro de uma guerra insana, o capitão Willard, pálido, desconcertado, vil quando acha que deve ser, se resignou com sua missão. Mas ainda não sabe o horror que tem pela frente. Isso o deixará ainda mais impressionado, suas dúvidas voltam, mas só existe um caminho.
A chegada do barco do capitão Willard ao reduto do coronel Kurtz e sua tribo de lunáticos
No reduto do coronel Kurtz, o capitão Willard se depara com um mundo de fanáticos, tribal, um “exército” movido por seus próprios pensamentos e motivações. Isso é uma nova loucura ou apenas um refúgio da loucura da guerra? Já não importa nenhuma resposta a isso. Tudo não passa de uma mesma loucura. Se não bastasse, tudo é presenciado e reportado por um fotojornalista americano completamente pirado ou podemos dizer um maníaco admirador de seu novo deus, o coronel Kurtz?
O capitão Willard no mundo desconhecido do coronel Kurtz e o pirado fotojornalista americano
Ao se deparar com o coronel Kurtz e ser preso, o capitão Willard não sabe mais qual será seu destino e o destino de sua missão. Mas, se surpreende com uma estranha filosofia de seu compatriota militar e agora um inimigo de sua pátria. Kurtz não quer mais guerra. Para isso criou sua maneira de se defender da guerra, com suas próprias regras. Me deixem em paz ou então morram, é o seu ultimato. Entretanto, Kurtz não mata Willard.
O coronel Kurtz, um militar de alta patente que criou o seu próprio mundo na guerra
Se existe uma missão militar, essa missão deve ser cumprida. Assim pensa Willard. Caçando sorrateiramente a sua presa (Kurtz) na calada da noite, Willard se surpreende novamente ao não encontrar resistência física de seu alvo, mas sim gestos e palavras de uma sabedoria de quem viveu, sentiu e se desencantou com tudo. Kurtz, na verdade, foi um grande militar (dentro das noções de honra e pátria) que se tornou uma vítima das suas próprias crenças e de um mundo totalmente insano.
Essas são suas palavras que restaram de sua vida e de tudo que viu: “O horror, o horror”.
Capitão Willard e Coronel Kurtz: o embate final
O cineasta Francis Ford Coppola (à esquerda) filmando “Apocalipse Now”
Cenas de “Apocalipse Now”, 1979
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