Clássicos do Cinema
“Casablanca”: Bastidores de guerra e romance fulminante se entrelaçam no filme mais comentado do cinema

“Casablanca”: Bastidores de guerra e romance fulminante se entrelaçam no filme mais comentado do cinema

Filme: Casablanca, 1942

Direção: Michael Curtiz

Elenco:  Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Claude Rains, Paul Henreid, Conrad Veidt, Peter Lorre

Sobre o filme

Casablanca é um filme dirigido por Michael Curtiz em 1942. Curtiz era imigrante húngaro que se tornou um diretor ativo de Hollywood. O filme se passa no auge da segunda guerra, e se passa na cidade de mesmo nome, no Marrocos francês, quando da ocupação nazista no norte da África. É um filme que ninguém acreditava na época que pudesse se tornar um clássico, com tanto sucesso e tamanha repercussão. A sua história de intrigas bélicas e amor infeliz o transformou no filme mais falado da história do cinema.

O filme é baseado numa peça teatral chamada  Everybody Comes to Rick’s  (Todo mundo vai ao Rick – Alusão ao nome do Bar da trama), produzida por Murray Burnett e Joan Alison que, aliás, nunca foi encenada. Casablanca foi feito aos tropeços, com muitos contratempos, como mudança de Diretor, alterações no elenco de atores, tudo meio que às pressas, com prazo de entrega e com um roteiro constantemente reescrito durante as filmagens, parte por parte. Nada indicava que daria tão certo, era apenas mais um filme de Hollywood sob encomenda. Mas tudo se tornou perfeito, genuíno e contou uma grande história de amor.

A química entre os atores principais, Humphrey Bogard e Ingrid Bergman, que viveram os apaixonados Rick Blaine e Ilsa Lund, foi tanta que o casal se tornou o maior do cinema, maior até que o romance turbulento de outro casal famoso, Scarlett O’Hara e Rhett Butler, do filme “E o Vento levou”, feito três anos antes.

Humphrey Bogart já era um ator de sucesso em Hollywood, principalmente em filmes policiais. Já Ingrid Bergman, atriz sueca que brilhou em Hollywood, chegaria ao estrelato a partir de Casablanca e se tornaria uma das maiores artistas do cinema.

O mais incrível de tudo é que o filme Casablanca trafega por gêneros e narrativas diferentes no desenrolar de seu enredo. Temos uma história de amor, uma trama de bastidores de guerra, suspense, espionagem, humor, melodrama tenso, intriga arrepiante e um autêntico representante do filme noir, com freqüentes tomadas em ambientes fechados e escuros.

E mais, Casablanca foi rodado quase inteiramente nos galpões (estúdios) da produtora Warner Brothers na Califórnia, com uma trama que envolvia espiões internacionais e amantes condenados à infelicidade, agentes secretos e milícias inimigas espalhadas pela Europa e na África, conspirando uns contra os outros em plena Segunda Guerra Mundial, e praticamente filmado num set de um nightclub (o Rick’s Café), uma casa noturna de apostas recheada de trapaceiros de pôquer, figuras de todo tipo, bebidas e cigarros esfumaçantes.

O Rick’s Café, onde a trama acontece, e Rick com o pianista Sam em seu nightclub

É também um local que atrai uma clientela diversificada: as pessoas da França de Vichy (Governo francês de ocupação nazista), os funcionários e agentes da Alemanha Nazista, refugiados de várias línguas, políticos, autoridades corruptas e ladrões

Enquanto Rick, o personagem principal vivido por Humphrey Bogart e dono do bar onde se desenvolve a história, diz ser neutro em todos os campos e facções políticas, mais tarde revelou seu envolvimento no tráfico ilegal de armas para a Etiópia, que teria como objetivo combater a Invasão italiana de 1935

O enredo é o seguinte: Durante a Segunda Guerra Mundial, Rick Blaine, (Humphrey Bogart), uma espécie de aventureiro existencialista, ou um herói romântico, cínico, frio, amargo e rosto imutável, mas, no fundo, de bom coração, é o proprietário de uma casa noturna badalada na cidade de Casablanca, o Rick’s Café. Sobre sua pessoa pouco se sabe: há rumores de que um crime ou uma grande desilusão amorosa o tenha levado até lá.

Rick, aparentemente blasé (insensível) e indiferente ao que acontece ao seu redor, é um personagem envolto por uma aura de mistério, que vê seu mundo virar do avesso com a chegada à cidade, de maneira totalmente imprevista, de Victor Lazlo (Paul Henreid), homem-chave da resistência contra os nazistas, e sua mulher, Ilsa Lund (Ingrid Bergman), sua antiga paixão não resolvida.

No passado, logo ficamos sabendo com cenas em flashback, que Rick e Ilsa viveram um caso de amor profundo em Paris, mas o destino, a guerra e o senso de dever os separaram. O reencontro entre os dois amantes no Rick’s Café é fulminante: poucos acordes da marcante canção do casal “As Times Goes By”, dedilhados pelo pianista e cantor Sam (Dooley Wilson), amigo e confidente de Rick, fazem com que a antiga chama da paixão se reacenda. Mas Ilsa agora é casada, e com um herói da resistência contra os nazistas, transformando o caso num triângulo amoroso.

Em Paris, o auge do romance entre Rick e Ilsa e o tenso triângulo amoroso: Victor, Ilsa e Rick

Para entender melhor a trama da guerra, muitas das pessoas que fugiam dos nazistas e tentavam se dirigir com segurança para a América, atravessando o Mediterrâneo, utilizavam a rota que passava por Casablanca, no Marrocos francês ocupado, para pegar um vôo para Lisboa, cidade que não foi invadida por Hitler.

Rick Blaine, residente norte-americano que administra uma das principais casas noturnas da cidade, auxilia refugiados clandestinamente com “passes de viagem” comprados às escondidas, ludibriando o corrupto Capitão da polícia local Louis Renault (Claude Rains), que fica permanentemente em seu encalço. No entanto, Rick não esperava ter de ajudar um grande amor do passado, Ilsa.

Temos um amor proibido, Ilsa, uma mulher misteriosa de passado nebuloso e futuro incerto, Rick, um herói taciturno e cheio de motivos para atitudes surpreendentes, um mocinho, Victor Laszlo, marido de Ilsa (Paul Henreid), que representa tudo que há de certo e, mesmo assim, conta com a torcida contrária ao seu final feliz, uma galeria de vilões desprezíveis, tais como o major nazista Strasser (Conrad Veidt), o corrupto Signor Ferrari (Sydney Greenstreet), e o enigmático criminoso Ugarte (Peter Lorre), vendedor das “cartas de trânsito” (os tais passes de viagem), para Lisboa e, depois, América.

O Major nazista Strasser e corrupto Capitão da polícia Renault (à direita) criando intrigas e discórdias e Rick, sofrendo de paixão, com seu confidente Sam, o pianista

Até o final do filme não sabemos se Rick e Ilsa ficarão juntos, se fugirão para a América ou se ela continuará casada com o líder da resistência Victor. Esse triângulo amoroso só se resolverá na cena final do filme, uma das cenas mais vistas e revistas do cinema.  No aeroporto, com o avião a postos, vemos Rick, Ilsa e Victor. Rick sacrifica a si e a seu amor em nome da causa antinazista e Ilsa parte com seu austero e combativo marido Victor.

O filme é repleto de momentos memoráveis, cenas de paixão arrasadoras, situações eletrizantes e humores mórbidos. Soma-se a isso o visual da terra distante e exótica da cidade de Casablanca e a imprevisibilidade de cada reviravolta da trama.

É impossível não se encantar pelo olhar apaixonado de Ingrid Bergman, ou admirar o humor ácido de Humphrey Bogart ou mesmo se emocionar ao ver a cena cantada de “La Marseillaise”, hino nacional da França, pela turma do bar, e as cenas de uma louca paixão em Paris. Casablanca é uma das melhores histórias de amor e sacrifício já contadas no cinema. 

Cenas finais no aeroporto: A armação dos agentes para liberar a fuga e o triste adeus a Ilsa

Sobre o Diretor do filme

O diretor do filme, Michael Curtiz, nasceu na Hungria. Curtiz foi um dos cineastas mais importantes e prolíficos da Era de Ouro de Hollywood, principalmente nas décadas de 30 e 40. Sua filmografia é a síntese da natureza espetacular do cinema clássico.

Nela, encontramos vários personagens típicos do folclore hollywoodiano: o pirata, o fora-da-lei, o boxeador, o gângster, o cowboy, etc. Curtiz dirigiu do musical ao filme de terror, passando pelo melodrama, pelo filme de capa e espada, pelo filme noir, pelo bíblico, entre outros.

O Diretor Michael Curtiz e filmagens de Casablanca

Trailer oficial do filme Casablanca

Música “As Time Goes By”, tema de Casablanca, acompanhada de novas cenas do filme

eBooks para venda – Clique abaixo no banner para comprar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *