História do Cinema
O cinema mundial na segunda década do século XXI: Uma safra de novidades revigorantes

O cinema mundial na segunda década do século XXI: Uma safra de novidades revigorantes

O contexto histórico

A segunda década do século XXI se caracterizou principalmente pelo avanço tecnológico. Bioengenharia, inteligência artificial, robótica e internet se desenvolveram mais rapidamente. O mundo virtual se tornou uma rede planetária. Empresas de informações e de dados ficaram muito poderosas.

Em termos geopolíticos e econômicos ocorreu o rápido crescimento da economia da República Popular da China, que se tornou a segunda maior potência depois dos Estados Unidos. Há previsões de que grande parte da economia global estará concentrada nos países conhecidos como BRICS: Brasil, Rússia, Índia, República Popular da China e África do Sul.

Em termos de comportamento, o mundo ocidental caracterizou-se pela secularização. Em escala global, verifica-se o aprofundamento do processo de globalização da economia e da informação, potencializado sobretudo pela revolução digital, que, embora tivesse início ainda no fim do século XX, tornou-se efetivamente uma revolução no século XXI.

O cinema foi atingido fortemente pelo processo digital, com mais e mais filmes sendo produzidos por computadores de alta tecnologia. Apesar desse tecnicismo, filmes de conteúdo mais profundo foram rodados, e novos diretores talentosos se firmaram.

Uma seleção de filmes americanos de 2010 a 2020

A década foi muito boa para o cinema americano. Temáticas variadas abordaram fantasias artísticas, crimes, escravidão, racismo, comédia maluca, bastidores de Hollywood e questões de luta pela sobrevivência. Foram selecionados 09 filmes significativos.

Filmado em 2011, “Meia-Noite em Paris” é uma fantasia encantadora de Woody Allen. Acompanhamos Gil (Owen Wilson), um escritor e roteirista americano que vai com a noiva Inez e a família dela a Paris, cidade que idolatra. De repente, ao badalar da meia-noite, ele é transportado para a Paris de 1920, onde conhece inúmeros intelectuais e artistas que admira e que frequentavam a cidade-luz naquela época, como F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Salvador Dali, Picasso.

Um novo e talentoso cineasta, Nicolas Refn, rodou em 2011 um filme  policial neo-noir de drama e suspense. Durante o dia, um misterioso e soturno motorista (Ryan Gosling) trabalha como mecânico e dublê automalista de filmes de Hollywood. À noite, ele se dedica como piloto de fuga de bandidos e mafiosos. Este motorista também é vizinho de Irene (Carey Mulligan), uma solitária garçonete com quem se apaixona e a vida dos dois se complica.

Em 2013, outro novato diretor se sobressaiu: Steve McQueen. Seu filme em questão é “12 Anos de Escravidão”, do gênero drama histórico-biográfico, baseado no livro autobiográfico de Solomon Northup. Northup, um negro livre nascido em Nova York, é sequestrado em Washington, D.C. e vendido como escravo, sendo forçado a trabalhar em plantações na Louisiana por 12 anos, até ser libertado.

Meia-Noite em Paris, 2011

Drive, 2011

12 Anos de Escravidão, 2013

Cenas de “Meia-Noite em Paris”, 2011

Cenas de “Drive”, 2011

Cenas de “12 Anos de Escravidão”, 2013

Em 2014, um diretor de linguagem única, cômica, colorida e surpreendente, Wes Anderson, lançou “O Grande Hotel Budapeste”. No enredo, ambientado no período entre as duas guerras mundiais, um gerente de hotel e um jovem empregado se tornam amigos e vivem aventuras que incluem o roubo de um famoso quadro do Renascimento, a batalha pela grande fortuna de uma família e as transformações históricas durante a primeira metade do século XX.

Também em 2014, foi lançado “Birdman”, dirigido pelo mexicano por Alejandro González Iñárritu. A história segue Riggan Thomson (Michael Keaton), um ator de Hollywood famoso por interpretar um super-herói chamado Birdman e que caiu no ostracismo. Para se reerguer, ele luta em montar uma peça teatral na Broadway. O filme foi gravado de maneira que parecesse que ele foi realizado inteiramente em apenas uma única tomada, com exceção da abertura.

Outro grande achado do cinema americano nesse período foi “Três Anúncios de um Crime”, rodado em 2017 por Martin McDonagh num estilo de filme policial de drama e humor negro. O filme conta a história de Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mãe arrasada após o estupro e assassinato de sua filha. Inconformada com a ineficiência das autoridades locais, ela protesta publicamente, atiçando a cidade e desafiando os policiais.

O Grande Hotel Budapeste, 2014

Birdman, 2014

Três Anúncios de Um Crime, 2017

Cenas de “O Grande Hotel Budapeste”, 2014

Cenas de “Birdman”, 2014

Cenas de “Três Anúncios de Um Crime”, 2017

“Green Book” é um filme de comédia dramática dirigido por Peter Farrely acerca de uma turnê na região do Sul Profundo dos Estados Unidos feita pelo pianista afro-americano Don (Mahershala Ali) e Tony (Viggo Mortensen), um segurança ítalo-americano. O filme aborda o racismo desenfreado nos EUA nos anos 60 e o título do filme refere-se a um guia turístico destinado aos viajantes afro-americanos indicando-lhes dormitórios e restaurantes relativamente amigáveis com negros durante a vigência das chamadas leis Jim Crow.

“Mank”, realizado em 2020 por David Fincher, se passa em Hollywood durante os anos 1930 e 1940 e gira em torno da vida problemática do roteirista Herman J. Mankiewicz, seus problemas com álcool, seu trabalho com Orson Welles para construir o roteiro do filme  Cidadão Kane e da sua relação com grandes nomes da indústria cinematográfica da época, principalmente com o poderoso magnata da mídia William Randolph Hearst.

“Nomadland” é um filme americano de 2020, do gênero drama de estrada, escrito e dirigido por Chloé Zhao. No enredo, após o colapso econômico de uma cidade empresarial na zona rural de Nevada, Fern (Frances McDormand) faz as malas com sua van e parte na estrada explorando uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna e aprende importantes habilidades de sobrevivência.

Green Book, 2018

Mank, 2020

Nomadland, 2020

Cenas de “Green Book”, 2018

Cenas de “Mank”, 2020

Cenas de “Nomadland”, 2020

Diretores de filmes americanos que se sobressaíram nos anos de 2010 a 2020. Pela ordem: Steve McQueen, Wes Anderson, Alejandro González Iñárritu, Martin McDonagh, David Fincher e Chloé Zhao.

Uma seleção de filmes pelo mundo de 2010 a 2020

Pelo mundo afora, o cinema apresentou várias narrativas: Filme experimental, existencialismo, aventura de fantasia, thriller, temática da terceira idade, luta de classes, temática social e tédio. Foram selecionados 09 filmes significativos.

Em 2011, o cineasta Terrence Malick, conhecido por filmar de tempos em tempos, rodou um drama de linguagem fantástica. O filme aborda as origens e o significado da vida pelos olhos de uma família da década de 1950 no Texas, tendo temas surrealistas e imagens através do espaço e o nascimento da vida na Terra. No enredo, Jack (Brad Pitt) tenta consertar o relacionamento conturbado que compartilha com seu pai, o Sr. O’Brien. Ele busca o verdadeiro sentido da vida no mundo moderno e questiona a existência da fé.

Em 2012, o cineasta asiático Ang Lee filma “As Aventuras de Pi”. Ainda que seja realista, o filme tem uma atmosfera de contos de fada. No enredo, uma família de um dono de um zoológico localizado em Pondicherry, na Índia, decide se mudar para o Canadá, viajando a bordo de um imenso cargueiro. O navio naufraga e somente Pi, filho mais novo da família, consegue sobreviver em um barco salva-vidas. Perdido em meio ao oceano Pacífico, ele precisa dividir o pouco espaço disponível com um tigre-de-bengala.

“Força Maior” é um filme sueco de comédia dramática de 2014 dirigido e escrito por Ruben Östlund. O título usado para o filme em alguns países de língua inglesa vem de força maior, uma cláusula contratual que liberta ambas as partes da responsabilidade em caso de desastres inesperados. O filme segue um casal de férias nos Alpes franceses que são surpreendidos por uma avalanche, gerando problemas de relacionamento.

A Árvore da Vida, 2011

As Aventuras de Pi, 2012

Força Maior, 2014

Cenas de “A Árvore da Vida”, 2011

Cenas de “As Aventuras de Pi”, 2012

Cenas de “Força Maior”, 2014

“A Juventude” é um filme italiano de 2015 do diretor Paolo Sorrentino. É um filme sobre memórias, lembranças. No enredo, Fred e Mick são dois velhos amigos com quase 80 anos de idade cada, estão de férias em um hotel elegante aos pés dos Alpes. Fred é um compositor e maestro aposentado e Mick, um diretor de cinema que ainda está trabalhando. Juntos, os dois passam a se recordar de suas paixões da infância e juventude.

Em 2016, um jovem talentoso diretor nascido na Dinamarca, Joachim Trier, rodou “Mais Forte que Bombas”. No enredo, após a morte da mãe (Isabelle Huppert), Jonah (Jesse Eisenberg), um fotógrafo de guerra, volta para casa e reencontra o pai (Gabriel Byrne) e o irmão caçula (Devin Druid) ainda abalados pelo trauma. Com mágoas não superadas, os três buscam uma conexão através das lembranças completamente diferentes que têm da mulher.

Em 2017, o diretor mexicano Guilhermo Del Toro rodou “A Forme da Água”, uma fantasia sombria muito premiada. No enredo, em meio a conflitos políticos e grandes transformações sociais ocorridas nos Estados Unidos, Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, conhece e se afeiçoa a uma criatura anfíbia fantástica mantida presa no local e elabora um plano de fuga.

A Juventude, 2015

Mais Forte que Bombas, 2016

A Forma da Água, 2017

Cenas de “A Juventude”, 2015

Cenas de “Mas Forte que Bombas”, 2016

Cenas de “A Forma da Água”, 2017

“Roma” foi rodado em preto e branco em 2018 pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón. Ambientado nos anos 1970, o filme é um excerto semiautobiográfico na Cidade do México, que discorre sobre a vida de uma empregada doméstica numa família de classe média. Seu título é uma referência à Colonia Roma, um distrito localizado em Cuauhtémoc, no México. O filme faz claras referências ao movimento do neorrealismo italiano, onde a temática de conflitos sociais e dramas humanos são predominantes.

Em 2019 o diretor sul-coreano Bong Joon-ho surpreendeu o mundo com “Parasita”, uma mistura de comédia e tragédia. O filme se propõe a discutir uma luta de classes fortemente calcada num cenário contemporâneo. No enredo, uma família pobre consegue emprego na casa de uma família rica numa atmosfera quase bizarra. Apesar do universo absurdo em que a história trafega, as reflexões sobre a pobreza e a riqueza adquirem um tom universal.

Por fim, em 2020 foi lançado “Drug, Mais Uma Rodada” do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg. No enredo, quatro professores do ensino médio em uma fase de vida tediosa, insatisfeita, consomem álcool diariamente para ver como isso afeta suas vidas sociais e profissionais. Na verdade, o grupo de amigos decide testar a teoria de que serão mais felizes bêbados.

Roma, 2018

Parasita, 2019

Druk, Mais Uma Rodada, 2020

Cenas de “Roma”, 2018

Cenas de “Parasita”, 2019

Cenas de “Druk, Mais Uma Rodada”, 2020

Diretores pelo mundo que se sobressaíram nos anos de 2010 a 2020. Pela ordem: Terrence Malick, Guilherme Del Toro, Rubem Ostlund, Paulo Sorrentino, Joachim Trier, Alfonso Cuarón, Bong Joon-ho, Thomas Vinterberg

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