O Festival Internacional de Cinema de Cannes, França
Antecedentes
A ideia da criação do Festival de Cinema de Cannes surgiu devido à insatisfação de países como França, Reino Unido e Estados Unidos com o controle fascista e nazista do Festival de Veneza, então o único Festival importante e de alcance mundial na Europa, e que já existia desde 1932.
Diante das ameaças e imposições de Mussolini e Hitler, e do comando do Festival de Veneza, a partir de 1937, por parte de Joseph Goebbels, Ministro da propaganda nazista, o governo francês se empenhou muito, conseguiu algum suporte financeiro do setor privado, e lançou o Festival de Cannes em setembro de 1939
Não apenas para competir com o Festival de Veneza, mas também para fortalecer o cinema francês, sair da sombra de Hollywood e reunir toda a nata do cinema mundial na balneária cidade de Cannes. O francês Louis Lumière, pai do cinema, foi o Presidente de honra.
Entretanto, com a eclosão da segunda guerra mundial, durante o início do Festival, e a posterior invasão da França pelas tropas nazistas, o evento foi cancelado e só seria retomado em 1946.
Retomada e sucesso mundial do Festival
Em setembro de 1946, a verdadeira 1ª Edição do Festival de Cannes aconteceu na Boulevard de La Croisette, na cidade de Cannes. Contou com produções de 18 países e premiou o cineasta francês René Clément pelo filme “A Batalha dos Trilhos” nas categorias de prêmio do júri e de melhor diretor. O Festival se tornou um evento internacional, teve muito sucesso e foi se tornando o mais importante evento cinematográfico do mundo
A partir de 1951, após duas pausas em 1948 e 1950 por falta de orçamento, a data do Festival foi alterada para a primavera, mês de maio de cada ano, para não mais competir com a data do Festival de Veneza. O primeiro cartaz do festival enquadra um pequeno casal ilhado para refletir o espírito litorâneo do evento cinematográfico no sul da França.
A Cidade de Cannes, sede do festival
Cannes é uma cidade balneária na costa do mar Mediterrâneo, situada na famosa Côte D’Azur, também chamada Riviera Francesa, sul da França. É uma região sofisticada, muito badalada e de intenso turismo. Além de Cannes, a região é rodeada por algumas belas cidades muito visitadas pelo mundo inteiro: Nice, Mônaco, Saint. Tropez e Antibes.
O Festival de Cannes é realizado no Palais de Festivals et de Congrès, situado na rua Boulevard de La Croissant.
A Criação da Palma de Ouro
A Palma de Ouro, o mais cobiçado e prestigiado troféu do Festival, foi criado em 1955. É uma jóia de ouro maciço. A escolha da Palma se impôs pela referência à folha que orna o escudo (brasão) da cidade de Cannes e as suas palmeiras, mas, sem dúvida, também nos remete às palmas honorárias da antiguidade grega e romana.
O filme “Marty”, do americano Delbert Mann e estrelado por Ernest Borgnine, foi o primeiro a receber a Palma de Ouro, concedida por um júri presidido pelo escritor e cineasta francês Marcel Pagnol.
O exclusivo círculo dos cineastas duplamente premiados em Cannes tem apenas sete membros, incluindo uma dupla: o americano Francis Ford Coppola, o japonês Shoei Imamura, o dinamarquês Bille August, o inglês Ken Loach, o sérvio Emir Kusturica, o americano Michael Haneke e os belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne
Francis Ford Coppola, vencedor duas vezes em Cannes com “A Conversação”, 1974, e “Apocalipse Now, 1979
Desde sua criação, o troféu foi atribuído apenas uma vez a uma mulher: a diretora neozelandesa Jane Campion, que recebeu a Palma por “O Piano” em 1993.
Cannes, além de celebrar a arte, também incentiva a indústria de filmes. Desde 1959, o “Mercado de Filmes”é um dos principais balcões internacionais onde investidores e distribuidores de todo o mundo se encontram para definir os novos rumos da sétima arte, garantindo o financiamento e/ou a distribuição de filmes ainda inéditos.
Ao longo dos anos, diversas mudanças foram feitas, do número de inscritos, aos prêmios e à criação de mostras paralelas, buscando sempre aumentar o alcance do Festival de Cannes para influenciar o público e a indústria cinematográfica no reconhecimento do “melhor” da sétima arte.
Mostras paralelas de filmes em Cannes
Semana da crítica
A primeira mostra paralela ao Festival de Cannes foi criada em 1962 pela União Francesa dos Críticos de Cinema, e chamada de“Semana da Crítica”. O objetivo era descobrir novos talentos, como o cineasta italiano Bernardo Bertolucci, por exemplo, exibindo os primeiros trabalhos de diretores de todo o mundo, sem se prender a tendências comerciais.
Quinzena dos realizadores
Em 1968, numa conturbada edição do Festival, vários cineastas, dentre os quais os diretores franceses consagrados François Truffaut e Jean-Luc Godard, criaram a “Quinzena dos Realizadores”, uma mostra não competitiva com filmes internacionais escolhidos de forma independente, não vinculada à curadoria oficial dos organizadores do Festival de Cannes.
Un Certain Regard (Um Certo Olhar) e Caméra d’Or (Câmera de Ouro)
A principal mostra que acontece paralela à competição pela Palma de Ouro, a “Un Certain Regard”, foi criada em 1978 por Gilles Jacob, que presidiu o Festival de Cannes por muito tempo. A mostra busca mostrar diferentes visões e estilos considerados importantes pela organização, mas que não se encaixam exatamente na da seleção principal. Ao longo dos anos, a “Un Certain Regard” exibiu filmes originais com técnicas experimentais e tendências de vanguarda criadas por diretores novatos ou consagrados.
Também criado por Gilles Jacob em 1978, o “Caméra d’Or” premia diretores estreantes. O troféu, entregue no encerramento do festival, nasceu com o intuito de incentivar o novo diretor a realizar o seu segundo longa. Diretores que apenas fizeram filmes acadêmicos ou para a TV também podem competir na categoria. Jim Jarmusch (Estranhos no Paraíso), John Turturro (Mac), Steve McQueen(Hunger) e Miranda July (Eu, Você e Todos Nós) estão entre os cineastas premiados.
O filme Brasileiro que venceu em Cannes
Em 1962, o filme brasileiro “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte, venceu a Palma de Ouro em Cannes e é o único do país a realizar tal feito até hoje. O diretor francês François Truffaut, um dos líderes do movimento cinematográfico da “Nouvelle Vague”, fazia parte do júri. Truffaut adorou o filme e foi decisivo para a vitória brasileira.
O filme é uma adaptação da peça homônima do dramaturgo Dias Gomes e narra o drama do personagem Zé do Burro para cumprir uma promessa para Santa Bárbara, feita num terreiro de candomblé, de carregar uma cruz até a Igreja da referida Santa em Salvador, Bahia, mas sofre com a intransigência do Padre local. Ele acaba por mobilizar a população em torno do caso e termina virando uma espécie de mártir.
Alguns ótimos Filmes vencedores da Palma de Ouro de Cannes- Assistam!!
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