Fique por dentro
Diretores de Fotografia: Artistas por trás das câmeras que criam as imagens do cinema

Diretores de Fotografia: Artistas por trás das câmeras que criam as imagens do cinema

Conceituação

O diretor de fotografia é o responsável por criar as imagens do cinema. Geralmente são escondidos e desconhecidos do grande público, ficam por trás da câmera. Eles são importantíssimos para a concepção dos filmes. São operadores de câmera que, a partir das intenções do diretor do filme, fabricam as cenas que iremos assistir.

Detalhando, são os profissionais técnicos em um set de filme que fazem o posicionamento da câmera, enquadramentos, planos e cortes. Trabalham com lentes diferenciadas, tonalidades de cores, analisam o tempo certo das tomadas e se localizam em variadas posições. Utilizam “gruas” (ou guindastes) para cenas longas e altas, “travellings” (carrinho sobre trilhos) para movimentar a câmera e “andar junto com a cena”, câmera no ombro, close-ups em atores e atrizes, tomadas externas em diferentes locais, determinam a luminosidade das cenas, além de colaborar na concepção do cenário.

Os principais planos de um filme

O plano determina o tamanho dos personagens e objetos apresentados em cada cena, assim como qual parte deles veremos. A escolha do plano controla o que podemos saber de um tema numa certa cena e também pode exercer um efeito poderoso em nossa resposta emocional. Os principais planos para gerar imagens diferenciadas são as seguintes:

1). Plano geral ou plano aberto é o plano panorâmico da cena, onde a câmera mostra todo o cenário;

2). Plano médio, onde a câmera inclui todas as características importantes de uma cena. Estabelece relações entre o tema e o meio ambiente. São visíveis apenas gestos largos. Mostra a pessoa da cintura para cima, está entre o plano geral e o close.

3). Plano americano, onde a câmera enquadra a pessoa aproximadamente dos joelhos para cima. Revelam expressões, mas não enfoca um tema. Estabelece inter-relação entre dois personagens. 

4). Primeiro plano, onde a câmera enquadra a pessoa aproximadamente do peito para cima.  Concentra-se num rosto ou detalhe de uma cena. Revela o personagem e seus sentimentos. Desempenha função mais emocional.

5). Primeiríssimo plano ou close-up, onde a câmera enquadra e enfoca o rosto do tema como os olhos, as mãos ou outro detalhe. Essencial para se alcançar a máxima intensidade dramática, apresenta nitidamente a expressão do rosto e projeta as características do personagem e pode revelar pensamentos e o momento interior do personagem.

6). Plano detalhe, onde a câmera maximiza os detalhes de um rosto ao mostrar olhos, boca, nariz, orelhas, etc. Em planos detalhes, objetos menores são mostrados detalhadamente e são o ponto focal. Cria um sentido de mistério e surpresa quando o tema é revelado. Plano de impacto visual e emocional, as vezes criando uma imagem abstrata.

7). Plano em tomada plongée, onde a câmera se situa de cima para baixo da cena ou da pessoa, denotando posição inferior ao objeto de filmagem.

8). Plano de contra-plongée, onde a câmera se situa de baixo para cima, às vezes no chão, abaixo da cena ou da pessoa, significando superioridade ou admiração.

9). Plano seqüência é um plano longo sem cortes. Segue uma tomada contínua, podendo ser executado com a câmera na mão ou câmera móvel, utilizando vários tipos de estabilizadores de imagem. Ele pode também se prolongar muito através da técnica de cortes imperceptíveis ao espectador. O plano sequencia é o mais bem executado tecnicamente e o mais bonito de se vê.

Pela ordem: Planos Plongée (de cima para baixo) e Contra-Plongée (de baixo para cima)

Plano sequência do filme “Snack Eyes” dirigido por Brian de Palma em 1998

Uma seleção de grandes diretores de fotografia da história do cinema

Greg Tolland

Greg Tolland foi um diretor de fotografia americano que morreu prematuramente aos 44 anos. Foi um inovador de técnicas cinematográficas como o foco profundo ou também chamado de profundidade de campo, que consiste em colocar no foco da câmera toda a cena filmada, inclusive o fundo ao longe. Seu filme mais importante foi “Cidadão Kane”, de 1941, dirigido por Orson Welles. Greg Tolland venceu o Oscar de melhor fotografia pelo filme “O Morro dos ventos Uivantes”.

Greg Tolland e a sua colaboração no filme “Cidadão Kane” de Orson Welles, 1941

Robert Burks

O americano Robert Burks foi proficiente na maioria dos gêneros do cinema e na maioria dos ambientes de cena, seja ao ar livre, em ambientes fechados, em locações ou no set, em filmes em preto e branco e colorido. Profissional meticuloso, planejador de cenas e também especialista em efeitos especiais, Burks ficou muito conhecido pela sua colaboração com Alfred Hitchcock em 12 filmes. Ele venceria o Oscar de melhor fotografia pelo filme “Ladrão de Casaca”, de Hitchcock em 1955.

Robert Burks e sua colaboração em “Ladrão de Casaca” de Alfred Hitchcock, 1955

Carlo Di Palma

Carlo Di Palma era italiano e aprendeu o ofício com o pai, ainda jovem. Ficou famoso pela sua colaboração com o cineasta também italiano Michelangelo Antonioni, especialmente no filme “O Deserto Vermelho”, em 1964, onde revolucionou o uso das cores para realçar as situações emocionais dos personagens, com tonalidades mudando de acordo com o estado da alma, o estado psicológico. Tempos depois, mudou-se para os Estados Unidos e trabalhou em vários filmes de Woody Allen, com destaque  para “Hannah e suas Irmãs”, “Neblinas e Sombras”, em preto e branco, e “Poderosa Afrodite”. Sua fotografia era intitulada como “as cores da vida”.

Carlo Di Palma e sua colaboração no filme de Woody Allen “Poderosa Afrodite”, 1995

Vitorio Storaro

Vitorio Storaro é italiano, trabalhou em muitos filmes clássicos e colaborou com grandes diretores de cinema. Sua concepção no cinema se fundamentava no uso das cores para produzir efeitos psicológicos nos personagens e no visual do filme como um todo. Depois de uma vitoriosa carreira no cinema italiano, Storaro foi convidado a fotografar filmes nos Estados Unidos, onde teve muito sucesso. Venceu três vezes o Oscar de melhor fotografia pelos seguintes filmes: “Apocalipse Now”, 1979, dirigido por Francis Ford Copolla; “Reds”, 1981, dirigido por Warren Beauty; e “O Último Imperador”, 1987, dirigido por Bernardo Bertolucci.

Vitorio Storaro e sua colaboração no filme “O Último Imperador” de Bernardo Bertolucci, 1987

Gordon Willis

O norte-americano Gordon Willis foi um exímio criador de composições visuais apuradas. Gostava da linguagem mais clássica, não digital. Capturou as imagens de grandes clássicos do cinema e colaborou muito com os cineastas Francis Ford Copolla, em filmes da trilogia “O Poderoso Chefão” e Woody Allen, especialmente no premiado “Annie Hall”, de 1977, e no apaixonante e mágico filme em preto e branco “Manhattan”, de 1979.  Muitos analistas alegam que Gordon Willis nunca venceu o Oscar de melhor fotografia por sua postura anti-hollywood. Entretanto, ele conseguiu a estatueta honorária pelo conjunto de sua obra.

Gordon Willis e sua colaboração no filme “O Poderoso Chefão III” de Francis Ford Copolla, em 1990

Roger Deakins

Roger Deakins é inglês e um dos diretores de fotografia mais requisitados do cinema. Sua técnica é muito apurada, sofisticada e é um grande planejador de cenas e cenários antes das filmagens. Colaborou muito com o cinema dos irmãos Ethan e Joel Coen em filmes como “Barton Fink” e “Fargo”. Venceu duas vezes o Oscar de melhor fotografia por “Blade Runner 2049” de Denis Villeneuve e o mais recente “1917” de Sam Mendes que, aliás, dá a impressão de ter sido filmado num único plano-sequência.

Roger Deakins e sua colaboração no filme “Fargo” dos irmãos Ethan e Joel Coen, 1996

Sven Nykvist

Sven Nykvist era de nacionalidade sueca. Foi o diretor de fotografia favorito do cineasta Ingmar Bergman. Apesar de trabalhar em filmes complexos, esse virtuoso fotógrafo sueco era conhecido por um trabalho de muito naturalismo e simplicidade. Uma de suas grandes contribuições foi revolucionar as tomadas cinematográficas de rostos em closes para criar dramas psicológicos. Venceu dois Oscar de melhor fotografia por dois filmes de Ingmar Bergman: “Gritos e Sussurros”, de 1972, e “Fanny e Alexander”, de 1982. Trabalhou também com os cineastas Woody Allen e Andrei Tarkovski.

Sven Nykvist e sua colaboração no filme “Gritos e Sussurros” de Ingmar Bergman, 1972

Emmanuel Lubezki

Emmanuel Lubezki nasceu no México e trabalhou com muitos diretores famosos, incluindo Mike Nichols , Tim Burton , Michael Mann , Joel e Ethan Coen , e colaboradores frequentes Terrence Malick , Alfonso Cuarón e Alejandro González Iñárritu . Lubezki é conhecido por usos inovadores de iluminação natural e fotos ininterruptas contínuas em cinematografia. Seu trabalho foi elogiado pelo público e pela crítica, o que lhe rendeu três prêmios Oscar de Melhor Fotografia pelos filmes Gravidade (2013), Birdman (2014) e “O Regresso” (2015).

Emmanuel Lubezki e sua colaboração no filme “O Regresso” de Alejandro González Iñárritu, 2015

Janusz Kaminski

Janusz Kaminski é um diretor de fotografia polonês que fez carreira nos Estados Unidos. Ao ser descoberto pelo cineasta Steven Spielberg em um filme que fez para a Televisão, em 1991, Kamisnki viu sua carreira deslanchar em sucessos. Ele ganhou duas vezes o Oscar de Melhor Fotografia na década de 1990, por “A Lista de Schindler” e “Resgate do Soldado Ryan, ambos dirigidos por Spielberg. Além disso, foi indicado mais quatro vezes ao Oscar.

Janusz Kaminski e sua colaboração no filme “A Lista de Shindler” de Steven Spielberg, 1993

Walter Carvalho

O brasileiro Walter Carvalho é um diretor de fotografia muito reconhecido no país e também no mundo. Participou como cinegrafista de dezenas de filmes com gêneros diferentes. Foi orientado e influenciado pelo irmão e também cineasta brasileiro Wladimir Carvalho. Sua câmera foi testemunha de transformações sociais, políticas e culturais pelas quais o Brasil tem passado nas últimas décadas. Além de fotógrafo, também se enveredou na direção de filmes.

Walter Carvalho e sua colaboração no filme “Carandiru” de Héctor Babenco, 2003

Vilmos Zsigmond

Vilmos Zsigmond foi um diretor de fotografia húngaro naturalizado americano. Se estabeleceu em Los Angeles na década de 60 e ganhou proeminência na década de 1970 depois de ser contratado pelo cineasta Robert Altman como diretor de fotografia em McCabe & Mrs. Miller (1971) tornando-se uma das principais figuras do movimento New Wave americano.  Ele venceu o Oscar de Melhor Fotografia em 1978 por seu trabalho em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, dirigido por Steven Spielberg.

Vilmos Zsigmond e sua colaboração no filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” de Steven Spielberg, 1978

Chris Menges

Chris Mengesnasceu na Inglaterra, filho do compositor e maestro Herbert Menges. Ele começou sua carreira na década de 1960 como operador de câmera em documentários e filmes de baixo orçamento. Seu primeiro filme como diretor de fotografia foi Kes, em 1969. Na década de 80 sua carreira se consolidou, sendo indicado a vários prêmios. Venceu duas vezes o Oscar de melhor fotografia, primeiro com o filme “The Killing Fields” e o segundo com o filme “A Missão”, dirigido por Roland Joffé em 1986. Trabalhou com cineastas importantes como Ken Loach e Stephen Frears.

Chris Menges e sua colaboração no filme “A Missão” de Roland Joffé, 1986

Douglas Slocombe

Douglas Slocombe foi um diretor de fotografia britânico, particularmente conhecido por seu trabalho nos Ealing Studios nas décadas de 1940 e 1950, bem como pelos três primeiros filmes de Indiana Jones, dirigidos por Steven Spielberg. Ele ganhou o BAFTA Awards em 1964, 1975 e 1979, e foi indicado ao Oscar em três ocasiões. Sua contribuição ao cinema foi grande, transitando pelo antigo e pelo novo cinema mundial.

Douglas Slocombe e sua contribuição ao filme “Indiana Jones e o Templo da Perdição” de Steven Spielberg, 1984

eBooks para venda – Clique abaixo no banner para comprar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *