“Ben-Hur”: Um épico sobre traição, vingança e fé nos tempos de Cristo
Filme: Ben-Hur, 1959
Direção: William Wyler
Elenco: Charlton Heston, Stephen Boyd, Jack Hawkins, Martha Scott, Cathy O’Donnell, Sam Jaffe, Haya Harareet
Sobre a produção, o diretor e o enredo
Um filme que se transformou em álbum de figurinhas tamanha a sua popularidade ao longo do tempo. “Ben-Hur” foi o filme de maior orçamento, com os maiores cenários construídos na história do cinema até à época de sua produção, 1959, e permanece como um dos maiores ganhadores de Oscar, num total de 11, além de grande sucesso de bilheteria. O filme foi produzido pela Metro Goldwyn Mayer (MGM) em formato widescreen e é baseado no romance Ben-Hur: A Tale of the Christ, escrito por Lew Wallace e publicado em 1880. Foi filmado nos estúdios da Cinecitá em Roma e em Culver City, Califórnia. Extrapolou o orçamento na produção e na publicidade. O filme era uma aposta de longa data da MGM para voltar a ter credibilidade e público.
Do período de produção e filmagens até o seu lançamento num teatro de Nova York no final de 1959, o filme demorou cerca de 01 ano e meio. O diretor foi William Wyler, um cineasta muito respeitado em Hollywood, vencedor de vários prêmios Oscar, talentoso e corajoso por sua colaboração ao esforço dos aliados na segunda guerra mundial como um cineasta de batalhas aéreas. “Bem-Hur” é até hoje muito imitado e já serviu, e ainda serve, de referência a muitos diretores de cinema e a muitos filmes épicos. Charlton Heston, que viveu Ben-Hur, venceu o Oscar de melhor ator e se tornou uma lenda do cinema, sempre participando de grandes produções, muitas históricas e religiosas.
O diretor William Wyler e o ator Charlton Heston como Ben-Hur
O enredo é o seguinte: No início do século I, no tempo de Jesus Cristo e sob o jugo do Império Romano, o rico príncipe Judah Ben-Hur (Charlton Heston) vive em Jerusalém com sua mãe Miriam (Martha Scott), sua irmã Tirzah (Cathy O’Donnell), seu leal escravo Simonides (Sam Jaffe) e a filha deste Esther (Haya Harareet), que é apaixonada por Ben-Hur. Seu amigo de infância Messala (Stephen Boyd) trabalha como tribuno militar e retorna para Jerusalém depois de vários anos como o novo comandante da guarnição romana local. Ele acredita na glória de Roma e seu poder imperial, enquanto Ben-Hur é devoto de sua fé e da liberdade do povo judeu. Após um acidente, e para intimidar a população judia, Messala condena Bem-Hur à escravidão. E aqui começa seu infortúnio e sua vingança.
Uma abordagem sobre “Ben-Hur”
O filme “Ben-Hur” começa com o nascimento de Jesus Cristo na cidade de Belém no tempo do Imperador romano Tibério e termina com a sua crucificação. Entretanto, Jesus Cristo é apenas o pano de fundo de uma história sobre uma amizade de infância entre o judeu Ben-Hur e o romano Messala. Sedento pelo poder e pela glória de Roma, Messala condena seu amigo à escravidão e às galés romanas. Traição e vingança se misturam num cenário de dominação imperial e religiosidade.
1ª Parte: Traição, sofrimento e liberdade
Ben-Hur, um comerciante judeu e cidadão respeitado dentro do Império Romano, assim como todos os judeus da época, aguardava a vinda do Messias, mas um Messias ao estilo do rei Davi ou do rei Salomão, seu filho, para restaurar o reino da Judéia e sua capital Jerusalém. Já Messala, era o típico romano, um Tribuno defensor do Império, que não consegue convencer seu amigo disso. Ben-Hur tem uma boa família, rica, pacífica, e mantém sua fé, apesar dos conquistadores romanos.
A amizade de infância destruída: Ben-Hur e Messala e A família de Ben-Hur: Fé judaica
Em nome do poder e da dominação imperial, uma amizade se vai. Um acidente com telhas quebradas que caem em cima do novo governador romano da Judéia sela o destino de Ben-Hur. Messala o condena a ser escravo de Roma e o manda para as galés romanas para que não volte mais. No caminho, Bem-Hur se encontra com Jesus Cristo, que só aparece de costas, envolto numa aura de mistério e glória. Em todo o longa, Jesus é retratado de uma forma única, sem revelar seu rosto e sua voz. O que vemos nas poucas imagens de Jesus são como as pessoas o olham e como o sentem. Bem-Hur recebe água e esperança.
A caminho das galés romanas, Ben-Hur se encontra com Jesus Cristo
As cenas nas galés romanas são realistas, cruéis, desumanas. A despeito de sua habitual passividade de vida, o personagem Ben-Hur desenvolve coragem e resistência, alimentado pela sede de vingança. Assim, ele vai sobrevivendo e ganhando confiança de si mesmo e do próprio Cônsul romano Quinto Arrio (Jack Hawkins), o comandante dos navios. Após a vitória na batalha marítima, Ben-Hur é adotado, então, pelo Cônsul. Ben-Hur se recupera, desenvolve amor por cavalos e um talento para corrida de bigas. Além disso, herda bens e planeja sua volta a Jerusalém.
Ben-Hur nas galés romanas e a confiança do Cônsul
2ª Parte: Retorno, vingança e tragédia
Depois de muito bem cuidado na corte imperial em Roma, Ben-Hur retorna a Jerusalém para achar sua família. Acreditando que sua mãe e irmã morreram, se vê obrigado a participar da tradicional e espetaculosa corrida de bigas para, enfim, se vingar de seu antigo amigo, hoje carrasco, Messala. As cenas dessa corrida de bigas foram as mais importantes e também as mais difíceis do filme, já que foram necessários três meses de filmagens, cenários gigantescos e milhares de figurantes.
Vencendo a corrida e sendo coroado com louros, resta a Ben-Hur encarar Messala em seu leito de morte. Uma revelação é chocante: A verdade sobre sua mãe e sua irmã é que se tornaram leprosas, talvez o pior mal da época.
A corrida de bigas e a morte de Messala
Ben-Hur encara o vale dos leprosos, não antes de sofrer muito com essa tragédia. As cenas do leprosário e das pessoas com lepra envoltas em panos são profundamente tocantes. Essa doença incurável, muito comum nessa época, marginalizava todos os acometidos, se tornavam párias da sociedade, isolados em cavernas e em entroncamentos de estradas, solitários e aguardando a morte. Essa doença é tão emblemática e terrível que Jesus Cristo fez inúmeras curas, milagres, em vários locais da Judéia e da Galileia.
Ben-Hur no vale dos leprosos onde se encontram sua mãe e sua irmã
3ª Parte: Fé e conversão
Resgatando sua mãe e irmã do leprosário, Ben-Hur se encontra pela segunda vez com Jesus Cristo no caminho do calvário, durante seu processo de crucificação. Dessa vez, a ação se inverte: Ben-Hur dá de beber a Jesus, se verte de lágrimas e de uma profunda compaixão em direção à sua redenção. Ben-Hur começa a se livrar do peso do sofrimento e da vingança. A paz se instala em seu peito. Após a morte de Jesus, o céu se aplacou e muitos milagres ocorreram, dentre os quais a cura de Miriam e de Tirzah, a família leprosa de Ben-Hur.
Judah Ben-Hur declarou: “Jesus me deu água e um coração para viver”.
O segundo encontro com Jesus na crucificação e a cura de sua família
Resiliência, vingança e fé numa história de sofrimento e redenção
Apesar de ser uma história de traição e vingança, o roteiro conta com uma bela mensagem de fé e amor, e Jesus Cristo, que aparece em poucas tomadas sem mostrar o rosto e sem falar, tem uma forte presença, suas cenas são marcantes. O diretor William Wyler estava muito preocupado com a figura de Cristo no filme. Segundo ele, Jesus foi o personagem mais importante da história. Então queria mostrar como os personagens no filme o viam e o sentiam. A figura de Jesus, serena e discreta, é forte e poderosa.
A odisseia de Ben-Hur: De um homem pacato, um honesto comerciante judeu de boa família e provido de sua fé, passando por um sofrimento a toda prova, com resiliência e sedento por vingança, para enfim, um homem sensibilizado pelos dois encontros com Jesus, e que, finalmente, entrega a espada e abraça a fé.
O diretor William Wyler filmando “Ben-Hur”
Cenas de “Ben-Hur”, 1959
eBooks para venda – Clique abaixo no banner para comprar