Análise de Filmes
Filme “A Conquista do Oeste”, 1962

Filme “A Conquista do Oeste”, 1962

Filme: A Conquista do Oeste, 1962

Direção: Henry Hathaway, George Marshall, John Ford

Elenco: James Stewart, Henry Fonda, Debbie Reynolds, Gregory Peck, Richard Widmark, Carroll Baker, Karl Malden, Eli Wallach

Produção: Bernard Smith

Roteiro: James Webb

Fotografia: William Daniels, Harold Wellman

Montagem: Harold Kress

Música: Alfred Newman

A saga da colonização americana no Velho Oeste: Ficção e realidade se combinam num filme grandioso

Fatos históricos do Velho Oeste

Velho Oeste, Oeste Selvagem ou Faroeste (em inglês: Old WestWild West ou Far West), são os termos com que se denomina popularmente o período e episódios históricos que tiveram lugar a partir de meados do século XIX e início do século XX durante a expansão da fronteira dos Estados Unidos para a costa do Oceano Pacífico. A região que ficou conhecida como Velho Oeste e corresponde, hoje, a uma porção de estados americanos do centro e do sudoeste do país, como Texas, Nevada, Arizona, Utah, Novo México e Califórnia.

Até a metade do século XIX, os EUA se resumiam às porções de terra à leste do Rio Mississippi, que corta o país. Foi só em 1848, com a descoberta de jazidas de ouro na Califórnia, que teve início a colonização das terras do oeste americano. Os EUA anexaram terras do México e, em 1862, o presidente Abraham Lincoln aprovou uma lei que doava terras na região para quem desejasse ficar por lá. A partir daí, as cidades do Velho Oeste foram surgindo, seguindo uma rota de caravanas e colonização.

Com o tempo, a fronteira do Velho Oeste converteu-se num mito nos Estados Unidos. Tudo o que aconteceu no Oeste — bom ou mau — serviu para forjar a personalidade do país através de valores como a procura de oportunidades, a virtude do trabalho prático, a atitude enérgica perante as dificuldades, a capacidade de inovação e o esforço orientado para o progresso. Em definitivo: “Um escape e um lugar de esperança para aqueles dispostos e capazes de tomar o futuro nas suas próprias mãos”.

O Presidente dos EUA Abraham Lincoln e um mapa da região do Velho Oeste

Sobre a produção do filme

O filme foi realizado em 1962 e procura retratar a conquista do Oeste estadunidense, desde os primeiros pioneiros até a chegada da estrada de ferro, trazendo o progresso, e as transformações ocorridas no período, como o estabelecimento de uma típica família de pioneiros na região, desde sua chegada ao Velho Oeste, e os desdobramentos e pequenas e grandes tragédias por que passa em sua evolução. É um imenso painel que evoca acontecimentos históricos, reunindo um elenco famoso.

O filme tem vários segmentos e o trabalho de direção foi dividido entre três diretores de acordo com cada segmento da história: John Ford dirigiu o segmento da Guerra Civil dos Estados Unidos da América; Henry Hathaway, os segmentos dos RiosPlanícies e Os Fora-da-Lei; e George Marshall ficou com o segmento da Estrada de Ferro. O filme foi realizado em grande parte em locações naturais, nas próprias terras do Oeste, e demandou muitos recursos e um grande trabalho de câmeras.

Os diretores do filme: Henry Hathaway, George Marshall, John Ford

Sobre o enredo

Trata-se de um filme épico que narra os 50 anos da expansão americana rumo ao Oeste, entre 1830 e 1880, vistos através das experiências das famílias Prescott e Rawlings, passando pelo desenvolvimento dos sítios construídos pelos pioneiros, pela corrida do ouro, pelos confrontos com os índios, pela guerra civil americana e, finalmente, pela construção das estradas de ferro, além de abordar as relações sentimentais entre os personagens. Trata-se de uma saga dos colonizadores, descrevendo os perigos e aventuras vividos pelos pioneiros desbravadores do Oeste americano.

A história segue principalmente a família dos Prescotts, liderada por Zebulon (Karl Malden), uma família imigrante do Leste, por quatro gerações, do Canal Erie (trilha fluvial do leste a oeste dos EUA), por volta de 1830, até meio século depois, quando efetivamente se estabelecem. Pelo caminho encontram piratas fluviais e escapam com a ajuda do caçador de peles Linus Rawlings (James Stewart), que posteriormente se casa com uma de suas filhas, Eve (Carroll Baker). A outra filha, Lilith (Debbie Reynolds), transforma-se em uma cantora de barcaça e atrai o olhar do aventureiro Cleve Van Valen (Gregory Peck).

A família de colonos Prescott, protagonista do filme

Personagens e acontecimentos

O filme é dividido em vários segmentos: 1). Rios, onde é abordada a luta da família Prescott para se estabelecer nas terras desbravadas; 2). Planícies, onde são tratadas as questões relativas aos índios e às relações afetivas dos personagens; 3).  Os Fora-da-Lei, onde é apresentado um perfil dos malfeitores; 4). A Guerra Civil Americana, onde é mostrado o conflito bélico dentro dos Estados Unidos.

Os desafios dos rios

Para os colonos, os rios eram, ao mesmo tempo, vitais e perigosos. Era preciso primeiro domá-los para depois nutrir-se deles. É o caso dos membros da família Prescott, onde resistentes mulheres e crianças atentas lutavam pela sobrevivência. As cenas dos rios no filme mostram a determinação dos colonos em se estabelecerem em lugares sustentáveis.

O aventureiro

Durante a colonização, muitos aventureiros apareciam para tirarem vantagem de diversas maneiras e em vários tipos de situações, ora como jogadores de cartas em Saloons, ora negociando ouro, ora como conquistadores dos corações das donzelas colonas. É o caso de Cleve Van Valen (Gregory Peck) e seu caso amoroso com Lilith (Debbie Reynolds).

O homem das montanhas

Muitos homens corajosos se viravam de alguma forma. É o caso de Linus Rawlings (James Stewart) que sobrevivia nas montanhas como caçador de peles. Nessa empreitada, tinha que lidar com aninais bisontes e negociar com tribos indígenas, além de demonstrar ser capaz de amar e constituir família, apesar de uma vida itinerante.

O homem das planícies

Nas planícies, outros tipos de desbravadores tratavam da sobrevivência, seja penetrando em tribos indígenas, realizando trocas de mercadorias, e se alojando em acampamentos de colonos para colher frutos do pão de cada dia. É o caso do personagem Jethro Stuart (Henry Fonda), um andarilho mercador e solitário.

O perigo dos bisontes

Era comum que os colonos e outros aventureiros se deparassem com manadas de bisontes que poderiam destruir acampamentos, afugentar o gado e ferir aqueles que se metessem no caminho. Os bisontes, ainda que perigosos, serviam tanto para a caça quanto para os mercadores de peles.

As caravanas de colonos

As caravanas de colonos foram incentivadas pelo governo americano a partir de meados do século XIX para desbravar as terras do Oeste. Inúmeras famílias se deslocavam do Leste para realizar seus sonhos de uma vida independente e cheia de oportunidades. Mas a jornada não era fácil, exigia muito trabalho e coragem.

Os índios

Os índios, e suas tribos, há muito tempo ocupavam as terras do Oeste. Tinham muitos conflitos com os colonos e outros desbravadores. Suas terras eram cobiçadas e muitas vezes invadidas na marra. Suas reações variavam entre ataques violentos contra “os brancos” e até mesmo negociações com aventureiros e com soldados.

A Guerra Civil americana

A Guerra Civil americana, também chamada de Guerra da Secessão, ocorreu entre os anos de 1861 a 1865 e dividiu os Estados Unidos entre os Confederados, que representava o sul escravocrata, e a União, que representava a modernização industrial do norte dos EUA. O acontecimento histórico é tratado no filme com realismo e heroísmo.

Os Fora-da-lei

Os Fora-da-Lei foram personagens do Velho Oeste muito populares e um tanto quanto exagerados pelo cinema. Eram cowboys astutos que representavam o mito do mal do Oeste com suas vidas sem leis e que causavam dores para os colonos e para o progresso dos EUA. É o caso do personagem Charlie Gant (Eli Wallach)

A Estrada de Ferro

A Estrada de Ferro, ou “Cavalo de Ferro” como chamava os índios, trouxe a ferrovia e o progresso. A ferrovia foi responsável tanto pelo transporte de cargas advindas da produção agrícola e do gado das terras do Oeste, quanto para o deslocamento de passageiros. A ferrovia uniu as terras do Oeste com as cidades grandes dos EUA. É o caso do personagem Mike King (Richard Widmark), um empreendedor ferroviário.

Uma reflexão sobre o filme

O filme “A Conquista do Oeste” é o melhor painel realizado pelo cinema sobre os acontecimentos históricos do Velho Oeste. Ainda que se trate de uma ficção cinematográfica, a história contada no filme condiz plenamente com os fatos. O filme, portanto, combina brilhantemente peça de ficção com realidade histórica.

Além de tratar com maestria a saga dos desbravadores e colonos no Velho Oeste, o filme tem o mérito também de desenvolver histórias paralelas com um grande elenco de estrelas do cinema. Centrando a história dos pioneiros em torno de uma família, e suas gerações, o filme sabe lidar com romances, tragédias, conflitos e mostra a força de pessoas que lutaram por uma vida melhor.

O filme também mostra os mitos do Velho Oeste através de índios, bandidos, saloons, homens da Lei, heróis e soldados, mas foca principalmente numa grande saga de luta pelo estabelecimento de famílias, seu árduo trabalho, e o desenvolvimento de pequenas cidades que, daí, resultariam nos grandes Estados americanos do Oeste.

“A Conquista do Oeste” é um filme imperdível, de aventuras verdadeiras, com uma fotografia belíssima, personagens fortes e determinados e um retrato de uma época que se tornou uma espécie de perfil do “ser americano” com suas eternas lendas.

Cenas de “A Conquista do Oeste”, 1962

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