Gêneros do Cinema
O cinema de animação: História e filmes que encantam todas as idades

O cinema de animação: História e filmes que encantam todas as idades

Os pioneiros da animação

Desde os primórdios da humanidade, seja em cavernas ou em pedras, o homem criou desenhos para se manifestar ou guardar imagens da vida com registros, por exemplo, de desenhos de animais com mais patas do que realmente tinham, uma tentativa de mostrar o movimento, que podia ser observado com a passagem de uma tocha. 

Como expressão artística em movimento, o desenho animado precede o próprio cinema. O primeiro desenho animado foi realizado pelo inventor francês Émile Reynaud, que criou o aparelho denominado de praxinoscópio, projetado no seu próprio teatro óptico, um sistema próximo do moderno projetor de filme, no Musée Grévin em Paris, França, em 1892. O desenho se chamava Pobre Pierrot e tratava sobre um conto antigo do romance entre Pierrot e Colombina.

“Pobre Pierrot”, primeiro desenho animado, 1892, e seu criador Émile Reynaud

Cenas de “Pobre Pierrot”, 1892

Já na primeira década do século XX, o primeiro desenho animado em um projetor de filmes moderno foi Fantasmagorie, um curta-metragem do diretor francês Émile Cohl e projetado pela primeira vez em agosto de 1908 no Théâtre Du Gymnase, em Paris.

O tom nonsense do primeiro curta de animação, protagonizados por bonecos e bichos, é resultado da inspiração de Cohl no movimento francês conhecido como Les Arts incohérents (A Arte Incoerente), cujo caráter satírico antecipou escolas artísticas de vanguarda, como o dadaísmo. Quatro anos depois, Cohl foi à cidade de Fort Lee em 1912, onde trabalhou para o estúdio francês Éclair e espalhou sua técnica pelos Estados Unidos.

“Fantasmagorie”, primeiro filme de animação, 1908, e seu criador Émile Cohl

Cenas de “Fantasmagorie”, 1908

Os primeiros desenhos animados como conhecemos hoje surgiram na década de 1910, no então cinema mudo e sem cores. Naquela época, a maioria das animações era de curta-metragem, geralmente visando a um público mais adulto, com piadas e roteiros para uma faixa etária mais elevada do que a dos dias atuais.

Anos depois, em 1917, o primeiro longa-metragem animado foi lançado: O Apóstolo, do argentino Quirino Cristiani, exibido nesse país. O filme é uma sátira política. O segundo filme de animação foi As Aventuras do Príncipe Achmed (1926), da alemã Lotte Reiniger e do franco-húngaro Berthold Bartosch.

“O Apóstolo”, primeiro longa-metragem de animação, 1917, e seu criador Quirino Cristiani

Em 1919, vemos o surgimento de um desenho que incrivelmente faz sucesso até hoje: O Gato Félix, ainda sem cores nem falas. O gato com seu corpo negro, olhos brancos e sorriso gigante, juntamente com o surrealismo das situações em que seus desenhos se combinam fizeram de Felix um dos personagens de desenhos animados mais reconhecidos e populares da história.

A criação do personagem tem sido atribuída a dois artistas: o cartunista americano Otto Messmer e o produtor cinematográfico e também cartunista australiano Pat Sullivan, que detinha os direitos autorais sobre o desenho. O certo é que Félix saiu dos estúdios Sullivan, alcançando sucesso sem precedentes nos anos 20.

O Gato Félix, 1919, e um dos criadores, Pat Sullivan

Cenas de “O Gato Félix”

https://www.youtube.com/watch?v=VL7zsac3JRg

Em 1928 surgiu também o famoso personagem Mickey Mouse e seu também famoso criador, Walt Disney. Inovando completamente na época, ele foi o primeiro desenho com efeitos sonoros (com a voz sendo do próprio Walt Disney), uma completa revolução na época e que fez o desenho ser um imenso sucesso. Tanto, aliás, que fez com que o pobre Mickey não parasse de trabalhar até hoje, estrelando mais de 100 curtas.

O Mickey Mouse, 1928, e seu criador Walt Disney

Cenas de “Mickey Mouse – Avião Louco”, 1928

Em 1930 surgiu uma personagem bastante avançada para a época: Betty Boop, criado por Max Fleischer. A personagem era uma menina de cabeça grande e olhos redondos, com uma cara de santinha, e usava um vestido não muito adequado na época. Sem cores, mas com som, ela foi um sucesso, até que decisões políticas afetassem sua performance. Para “preservar a moral” americana, ela ganhou uma roupa mais comportada e trocou sua personalidade, se tornando uma esposa obediente. Teve seu fim em 1939, voltando algumas vezes em filmes ou produtos.

Betty Boop, 1930, e seu criador Max Fleischer

Cenas de “Betty Boop – Baby Be Good”, 1935

Nos anos 60, surgiu a Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther Show, no original em inglês), uma série animada criada pelos estúdios DePatie-Freleng Enterprises e exibida originalmente entre 1964 e 1980 nos Estados Unidos. A Pantera Cor-de-Rosa foi um personagem criado para fazer apenas uma introdução ao filme Pantera Cor-de-Rosa, de Blake Edwards, com o ator Peter Sellers. O filme é sobre o roubo de um diamante cuja característica ímpar é possuir uma imagem de uma pantera, cor-de-rosa, no seu interior.

O sucesso foi tão grande com crítica e público que, de personagem coadjuvante, passou a principal. Começou a ter uma série de curtas-metragens lançados nos cinemas a partir de 1964. Em 1969, o desenho passou a ser exibido na TV no bloco de animação The Pink Panther Show.

A Pantera Cor-de-Rosa e o filme que originou o personagem em 1964

Cenas de “A Pantera Cor-de Rosa – Pantera Numa Fria”, 1969

Uma menção especial ao animador Norman McLaren

Norman McLaren foi um animador, diretor e produtor escocês/canadense conhecido por seu trabalho para o National Film Board of Canada (NFB). Ele foi pioneiro em várias áreas de animação e cinema, incluindo animação desenhada à mão, animação desenhada em filme, música visual, filme abstrato, pixelização e som gráfico. 

Seus prêmios incluíram um Oscar de Melhor Documentário Curta -Metragem em 1952 por Neighbours, um Urso de Prata de melhor curta-metragem no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 1956 por Rythmetic e um Prêmio BAFTA de 1969 de Melhor Filme de Animação por Pas de Deux.

Norman McLaren será sempre lembrado não somente por seus conhecimentos e técnicas em animação, mas também por experimentos com imagem e som, pois desenvolveu várias técnicas inovadoras para combinar e sincronizar animação com música.

O animador Norman McLaren e seu filme de animação “Le Merle”, 1958

Cenas de “Le Merle”, 1958

A grande contribuição de Walt Disney  

Walter Disney foi um animador, produtor de cinema e empresário americano. Pioneiro da indústria de animação americana , introduziu vários desenvolvimentos na produção de desenhos animados. Como produtor de cinema, ele detém o recorde de mais prêmios da Academia ganhos e indicações por um indivíduo, tendo vencido 22 Oscar de 59 indicações. Ele foi presenteado com dois Globos de Ouro Special Achievement Awards e um Emmy Award, entre outras honras. Vários de seus filmes fazem parte do National Film Registry pela Biblioteca do Congresso dos EUA. 

Nascido em Chicago em 1901, Disney desenvolveu um interesse precoce pelo desenho. Ele teve aulas de arte quando menino e conseguiu um emprego como ilustrador comercial aos 18 anos. Ele se mudou para a Califórnia no início dos anos 1920 e montou o Disney Brothers Studio com seu irmão Roy . Como parceiro Ub Iwerks, ele desenvolveu o personagem Mickey Mouse em 1928, seu primeiro sucesso muito popular; e também forneceu a voz para sua criação nos primeiros anos. 

À medida que o estúdio cresceu, ele se tornou mais aventureiro, introduzindo som sincronizado, Technicolor, desenhos animados de longa-metragem e desenvolvimentos técnicos em câmeras. Os resultados, vistos em filmes como Branca de Neve e os Sete Anões(1937), PinóquioFantasia (ambos de 1940), Dumbo (1941) e Bambi (1942), promoveram o desenvolvimento do filme de animação. Novos filmes de animação e live-action se seguiram após a Segunda Guerra Mundial, incluindo Cinderela (1950) e Mary Poppins (1964), o último dos quais recebeu cinco prêmios da Academia.

Walt Disney e sua produtora 

Grandes clássicos do desenho animado

O desenvolvimento do cinema de animação pelos estúdios Disney proporcionou a introdução das cores e do som e grandes clássicos do desenho animado de longa-metragem foram surgindo, cativando o público, ganhando muitos prêmios e entrando para a história do cinema. Selecionamos quatro (04) filmes memoráveis.

São eles: “Branca de Neve e os Sete Anões”, de 1937, que conta a história de uma linda donzela que é envenenada por ciúme; “Pinóquio”, de 1940, que narra a história de um boneco que se torna um menino de verdade; “Cinderela”, de 1950, que fala de uma jovem humilde que, pela sua beleza, conquista o seu príncipe encantado; e “Peter Pan”, de 1953, a história de um garoto que não quer se tornar adulto e que vive muitas aventuras perigosas.

Clássicos de Walt Disney. Pela ordem: Branca de Neve e os Sete Anões, 1937; Pinóquio, 1940, Cinderela, 1950; Peter Pan, 1953

Cenas de “Branca de Neve e os Sete Anões”, 1937

Cenas de Pinóquio, 1940

Cenas de Cinderela, 1950

Cenas de “Peter Pan”, 1953

A combinação de atores reais com animação em três filmes de muito sucesso

A combinação de atores reais com animação de desenho proporcionou vários filmes inesquecíveis já a partir da década de 40, e que tiveram muito sucesso. Essa técnica exigia muito da atuação dos atores e da composição dos cenários. Selecionamos três deles, que são inesquecíveis.

São eles: “Você Já Foi à Bahia”, de 1944, que conta com a participação de Zé Carioca e Pato Donald em aventuras musicais na Bahia; “Mary Poppins”, de 1964, que trata de uma governanta que tem poderes mágicos; e “Uma Cilada para Roger Rabbit”, de 1988, uma história de investigação policial sobre um assassinato.

“Você já foi à Bahia?, 1944, ”“Mary Poppins”, 1964; “Uma Cilada para Roger Rabbit”, 1988

Cenas de “Você Já Foi à Bahia?”, 1944

Cenas de “Mary Poppins”, 1964

Cenas de “Uma Cilada para Roger Rabbit”, 1988

A elevação tecnológica da animação: A empresa Pixar e sua incorporação à Disney

A Pixar Animation Studios, também conhecida como Pixar, é um estúdio americano de animação por computador com sede em Emeryville, Califórnia, e se tornou uma subsidiária da Disney Studios de propriedade da The Walt Disney Company.

A Pixar começou em 1976 como parte da divisão de computadores Lucasfilm, conhecida como Graphics Group, antes de sua cisão como uma corporação em 1986, com financiamento do co-fundador da Apple, Steve Jobs.

A Disney comprou a Pixar em 2006. A Pixar é mais conhecida por seus filmes tecnologicamente desenvolvidos, investimentos em computação e implementação da própria empresa da interface de programação de aplicativos de renderização de imagens RenderMan Interface Specification.

A animação digital se desenvolveu muito, transformando os filmes de desenho animado em filmes de puro realismo, muitas vezes tornando os personagens animados muito parecidos com seres humanos.

Sucessos contemporâneos de animação produzidos pela Disney/Pixar

A incorporação da empresa de animação digital Pixar aos estúdios da Disney modernizou ainda mais os desenhos com tecnologia de ponta. Já faz algum tempo que grandes filmes têm sido feitos. Selecionamos quatro (04) filmes de grande sucesso de crítica e de público dessas duas empresas juntas.

São eles: “Procurando Nemo”, de 2003, é uma história no mundo submarino onde um peixe segue uma jornada para resgatar seu filho sequestrado; “Os Incríveis”, de 2004, é uma história de super-heróis onde o Sr. Incrível, forçado a permanecer em uma identidade civil, anseia por voltar à ação;  “Carros”, de 2006, narra a história de três carros que, aguardando uma importante competição de corridas, viajam pela Califórnia e se metem em encrencas; e “Divertida Mente”, de 2015, conta uma história muito interessante de Riley, uma garota que luta para lidar com sua nova vida em São Francisco com suas cinco emoções principais, Medo, Raiva, Alegria, Nojo e Tristeza.

“Procurando Nemo”, 2003, “Os Incríveis”, 2004

Cenas de “Procurando Nemo”, 2003

Cenas de “Os Incríveis”, 2004

 “Carros”, 2006, “Divertida Mente”, 2015

Cenas de “Carros”, 2006

Cenas de “Divertida Mente”, 2015

Clássicos da animação digital altamente realistas

A partir de 1995, a empresa Pixar revolucionou a animação digital resultando em grandes clássicos desse tipo de cinema. E isso não parou mais, pois quanto mais a tecnologia se aprimora mais filmes de animação são produzidos e cada vez mais de forma realista. Atingindo um público cada vez maior, esses filmes vêm se tornando uma “febre” no mundo do cinema. Selecionamos três (03) deles que se tornaram clássicos.

São eles: “Toy Story”, de 1995, conta a história de Woody, um boneco de caubói de bom coração que vê sua posição como o brinquedo favorito do menino Andy ameaçada quando seus pais compram para ele uma figura de ação, Buzz; “Shrek”, de 2001, foi um tremendo sucesso ao contar a história de Shrek, um ogro, que embarca em uma jornada com um burro para resgatar a princesa Fiona de um lorde vil e recuperar seu pântano; e “Ratatouille”, de 2007, que conta a história de Remy, um rato vivendo em Paris que sonha em se tornar um chef de cozinha. 

“Toy Story”, 1995, “Shrek”, 2001, “Ratatouille”, 2005

Cenas de “Toy Story”, 1995

Cenas de “Shrek”, 2001

Cenas de “Ratatouille”, 2005

Filmes de animação digital que se assemelham com seres humanos e atores reais

O desenvolvimento da tecnologia digital tem proporcionado filmes de animação cada vez mais realistas. Eles apresentam uma incrível capacidade visual de dar vida aos personagens como se fossem pessoas reais. Além disso, é possível assisti-los em visual de 3-D, dando ainda mais aproximação com o mundo real. Selecionamos três (03) deles de grande impacto.

São eles: “O Expresso Polar”, de 2004, que conta a história de um menino que embarca numa viagem extraordinária de trem ao Polo Norte para conhecer o Papai Noel; “As Aventuras de Tintim”, de 2011, adapta para a tela do cinema o famoso e jovem detetive dos quadrinhos em uma aventura de tirar o fôlego; e “Frozen”, de 2013, que trata da jornada de uma garota para encontrar sua irmã e que tem por companhia um homem de gelo, Kristoff, e sua rena, Sven.

“O Expresso Polar”, 2004; “As Aventuras de Tintim”, 2011, “Frozen”, 2013

Cenas de “O Expresso Polar”, 2004

Cenas de “As Aventuras de Tintim”, 2011

Cenas de “Frozen”, 2013

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