Os Melhores Filmes de Todos os Tempos
Os melhores filmes da década de 1950

Os melhores filmes da década de 1950

O contexto histórico

A década de 50 foi um período em que, do ponto de vista econômico e social, se caracterizou por um processo de recuperação gradativa do mundo pós-guerra. Muita miséria se abateu, principalmente nos países mais fortemente atingidos pelo conflito mundial. Do ponto de vista político, foi uma época de início da Guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética que afetou o mundo todo. Ameaças nucleares começaram a aparecer e a espionagem, desenvolvida durante a segunda guerra, cresceu ainda mais, agora numa luta entre o comunismo e o capitalismo.

Com relação ao cinema, a década de 50 foi transformadora. Hollywood encantou com seus musicais otimistas e fantasiosos, mas também mudou o conteúdo de seus roteiros com histórias mais complexas e personagens com dilemas sociais e psicológicos. Isso reverteu de maneira inequívoca a predominância de histórias onde os degraus de desafios eram para levar à redenção de vidas, geralmente com finais felizes. Isso foi mudando aos poucos para filmes mais transgressores que serão muito explorados na década de 60.

O cinema fora de Hollywood, ou seja, pelo mundo afora, ganhou muita envergadura e já vinha carregado de temas realistas, de dramas sociais, morais, de lutas do cotidiano e de preocupações existencialistas. A abordagem cinematográfica não era para contar uma história que no final estariam todos satisfeitos. Não. Os filmes se tornaram mais densos, questionadores.

Selecionamos 11 (onze) filmes que consideramos os melhores da década de 50, muitos deles também listados por especialistas e estudiosos do cinema mundial.  

Lista dos melhores filmes dos anos 50

Filme: Crepúsculo dos Deuses, 1950, Estados Unidos

Direção: Billy Wilder

Comentário: O filme trata de uma esquecida atriz da era do cinema mudo que deseja retornar às telas e vê essa oportunidade quando abriga em seu casarão decadente um roteirista fracassado e em má situação financeira. Num clima mórbido e noir, a história faz uma crítica à Hollywood colocando lado a lado dois artistas em situação de párias sociais num mundo de intrigas e esquemas: Uma velha atriz que tenta soerguer na cidade dos sonhos, mas não tem mais espaço nos novos padrões do cinema, e um roteirista que não consegue vencer porque não tem influência com os poderosos de Hollywood. Envolvidos em um estranho romance de interesses, essa parceria toma um rumo fatal.

Cenas de “Crepúsculo dos Deuses”, 1950

Filme: Rashomon, 1951, Japão

Direção: Akira Kurosawa

Comentário: “Rashomon” é o melhor filme sobre a natureza da verdade e a filosofia da justiça. Ao analisar em flashbacks a história de um estupro e de um assassinato, o filme expõe diferentes versões sobre as ocorrências de acordo com cada testemunha envolvida e “sua própria verdade” e, nesse quebra-cabeça, revela as complexidades da natureza humana. Uma natureza que prefere, para salvaguardar sua própria sobrevivência ou sua aparência, invenções e dissimulações. O filme, ambientado no Japão do século XI, mas que poderia ser hoje, é uma obra prima que permanece intocável com o passar do tempo.

Cenas de “Rashomon”, 1951

Filme: Milagre em Milão, 1951, Itália

Direção: Vittorio de Sica

Comentário: O filme é uma fantasia dentro da miséria na Itália do pós-guerra. Ao contar a história de um pobre órfão bondoso que tem que enfrentar as durezas do mundo, o filme exalta o humanismo e faz duras críticas sociais, mantendo a pegada do neorrealismo italiano, ao mesmo tempo em que cria uma deliciosa fábula socialista. Falando de pobreza, mas sem ser panfletário, “Milagre em Milão” é capaz de criticar as mazelas do capitalismo, defender o amor ao próximo do cristianismo e ainda compor uma bela tragicomédia. Se os poderosos são implacáveis, um milagre vai fazer com que a classe operária chegue ao paraíso voando em vassouras, literalmente.

Cenas de “Milagre em Milão”, 1951

Filme: Cantando na Chuva, 1952, Estados Unidos

Direção: Stanley Donner

Comentário: O filme é um espetáculo musical grandioso que conta a história de um famoso casal do cinema mudo que tem de se adaptar aos novos padrões do cinema falado, que passou a se tornar vigoroso a partir da década de 30. Com números musicais fabulosos, uma cenografia colorida de tirar o fôlego, atores carismáticos e uma atuação fantástica do ator e dançarino Gene Kelly, “Cantando na Chuva” fala de realidade, mas é uma fantasia exuberante, otimista. É um filme capaz de destruir a tristeza com o seu olhar e nos manter felizes como se aqui neste mundo pudesse haver o paraíso.

Cenas de “Cantando na Chuva”, 1952

Filme: O Salário do Medo, 1953, França

Direção: Henri-Georges Clouzot

Comentário: O filme aborda até onde o ser humano pode se submeter a extremos, ou ao seu limite, levado por situações de sobrevivência. Em oposição aos desafios que levam à redenção nas histórias de Hollywood, em “O Salário do Medo” não há glória alguma e nem final feliz. O longa causa muito desconforto e pressão no espectador ao tratar da história de quatro fugitivos em situação desesperadora em um vilarejo miserável na América do Sul. Para receber um bom pagamento, eles aceitam transportar nitroglicerina em caminhões, máquinas capitalistas, precisando passar por um trajeto traiçoeiro e com estradas precárias. 

Cenas de “O Salário do Medo”, 1954

Filme: Sindicato de Ladrões, 1954, Estados Unidos

Direção: Elia Kazan

Comentário: O filme foi uma novidade narrativa sobre gangues que controlavam sindicatos de estivadores americanos. Se tornou polêmico e foi muito premiado. A história acompanha Terry Maloy, um jovem que vive na zona portuária de Nova York e que é estimado pelo chefe implacável de uma gangue sindical. À medida em que se apaixona por uma vítima do brutal chefão, sua apatia vai se transformar em uma revolta heroica e ele terá papel importante na luta contra o controle sindical dos gangsters e o fim da exploração dos estivadores. 

Cenas de “Sindicato de Ladrões”, 1954

Filme: Juventude Transviada, 1955, Estados Unidos

Direção: Nicholas Ray

Comentário: O filme retrata as incertezas da juventude americana nos anos 50 na figura de Jim Stark. Ansioso por ter que lidar com carências afetivas, problemas familiares, um futuro incerto e a questão da maturidade da vida, ele se envolve num triângulo de jovens perturbados e enfrenta uma gangue local. O filme trata da rebeldia juvenil numa América cheia de códigos morais. Vale muito, além de um bom roteiro, a atuação do mito James Dean. “Juventude Transviada” foca os desequilíbrios emocionais e a luta pela identidade e é um filme sensível e poético. 

Cenas de “Juventude Transviada”, 1955

Filme: Rastros de Ódio, 1956, Estados Unidos

Direção: John Ford

Comentário: Filmado in loco, na região do famoso Monument Valley, Arizona, “Rastros de Ódio” é um filme existencialista, sobre dilemas morais, crenças de vida e obsessão. Com uma história simples de um resgate de uma jovem branca das mãos de índios impiedosos que massacraram sua família, o filme traz personagens complexos como Ethan, um veterano da guerra civil americana que se torna um perseguidor implacável, e Martin, um jovem mestiço que se junta à jornada. Com uma violência implícita poderosa, numa narrativa de aventura sombria, fica no espectador a liberdade de sentir e refletir sobre dramas do velho oeste.

Cenas de “Rastros de Ódio”, 1956

Filme: O Sétimo Selo, 1957, Suécia

Direção: Ingmar Bergman

Comentário: O filme é um conto medieval sobre a peste, dilemas sobre fé e o medo da morte. O diretor sueco Ingmar Bergman se encontrava em um período de pavor da morte e adaptou sua história para a Idade Média para expor seu medo apocalíptico e sua angústia com o silêncio de Deus. Em meio aos dramas mortais da peste negra que assolou a Europa de então, um cavaleiro das cruzadas cristãs desafia a morte a um jogo de xadrez, enquanto crentes e hereges entram em conflito sobre Deus e o Diabo. Mesmo com a evidente perda da fé diante de tanto sofrimento, só resta o próprio Deus e a resignação da morte inevitável. 

Cenas de “O Sétimo Selo”, 1957

Filme: Vertigo, 1958, Estados Unidos

Direção: Alfred Hitchcock

Comentário: “Vertigo” (no Brasil “Um Corpo que Cai”) é um filme sobre insegurança e obsessão de um simples agente policial/Detetive, Scottie, que entra numa profunda crise psicológica ao presenciar a morte de uma estranha mulher que investigava e que ficou apaixonado. Não sabedor que se tratava de um suicídio forjado, Scottie, um senhor extremamente emocional, busca a redenção ao desvendar o mistério de uma suposta outra mulher que se parece com a primeira vítima. Filmado lindamente nas ruas da cidade de São Francisco, o filme é ao mesmo tempo uma viagem visual e mental.

Cenas de “Vertigo”, 1958

Filme: Os Incompreendidos, 1959, França

Direção: François Truffaut

Comentário: O filme conta a história de Antoine, um garoto de 13 anos cujas aventuras e desventuras foram baseadas na própria adolescência do diretor François Truffaut, que encontra conforto no cinema. Ao traçar o perfil de um jovem cheio de problemas familiares, transitando de um reformatório para as ruas, o filme mostra uma realidade de incompreensões e desajustes de jovens que se tornam delinquentes ou rebeldes por falta de afeto e de atenções construtivas que não sejam meramente moralistas ou impositivas. Cheio de imagens realistas e também poéticas, o filme é sensível e imperdível.

Cenas de “Os Incompreendidos”, 1959

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