Análise de Filmes
Filme “O Jovem Frankenstein” de Mel Brooks, 1974

Filme “O Jovem Frankenstein” de Mel Brooks, 1974

Créditos do filme

Filme: O Jovem Frankenstein, 1974

Direção: Mel Brooks

Produção: Michael Gruskoff

Roteiro: Gene Wilder e Mel Brooks

Cinematografia: Gerald Hirschfeld

Música: John Morris

Elenco: Gene Wilder, Marty Feldman, Peter Boyle, Teri Garr, Madeline Kahn, Cloris Leachman, Kenneth Mars

Uma genial paródia aos filmes de terror focando no tema da imortalidade

Sobre o enredo

Em uma faculdade de Medicina nos Estados Unidos, o Dr. Frederick Frankenstein, um neurocirurgião, dá aula sobre o sistema nervoso central. Um estudante lhe pergunta das pesquisas de Victor Frankenstein, seu avô, e ele afirma que aquele trabalho era insano. Ao descobrir que recebeu de herança um castelo na Transilvânia, Romênia, Frederick viaja até lá e lê o livro deixado por seu antecessor sobre suas experiências em reanimar mortos. Apesar de cético, o médico decide colocar a teoria do avô em prática.

Sobre a história original

O filme “O Jovem Frankenstein” é baseado no livro Frankenstein ou o Prometeu Moderno, um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico, de autoria de Mary Shelley, escritora britânica nascida na Londres vitoriana. É considerada a primeira obra de ficção científica da história.

O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817, e a obra foi primeiramente publicada em 1818.

O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental, e se junta a outros dois clássicos do terror: Drácula e Dr Jekyll and Mr Hyde. Além de terror, o livro de Mary Shelley tem outro ângulo revolucionário: Aborda a pesquisa científica no tratamento da reanimação de cadáveres através da eletricidade e criação de um super humano. Em verdade, explora o tema da imortalidade.

A escritora Mary Shelley e seu livro “Frankenstein”, 1818

Sobre o Diretor do filme

Mel Brooks, nome artístico de Melvin Kaminsky, (Nova Iorque, 28 de junho de 1926) é um ator e cineasta norte-americano de origem judaica. É uma das poucas pessoas a receberem os maiores prêmios do entretenimento, Oscar (prêmio de cinema), Grammy (prêmio de música), Emmy (prêmio de TV) e Tony (prêmio de teatro).

Depois de servir na Segunda Guerra Mundial em um esquadrão anti-minas, entrou para o meio artístico inicialmente como músico. Depois entrou para a comédia stand-up e em seguida se tornou roteirista de televisão. É considerado um dos maiores artistas de comédia dos Estados Unidos.

Sua estreia no cinema foi The Producers, uma comédia de 1968 que escreveu e dirigiu, vencendo o Oscar de Roteiro Original. Brooks se especializou em paródias em vários gêneros do cinema. Parodiou o filme de espionagem com Agente 86; o faroeste com Banzé no Oeste, o terror com Jovem Frankenstein e Dracula: Dead and Loving It; a aventura com a A Louca História de Robin Hood; o suspense com Alta Ansiedade; o épico-histórico com a História do Mundo – Parte 1; a ficção científica com S.O.S –Tem um Louco Solto no Espaço; e o cinema mudo com a A Última Loucura de Mel Brooks.

O Diretor americano Mel Brooks

Navegando e comentando o filme

O filme “O Jovem Frankenstein” é uma genial paródia, em tons de sátira, aos filmes de terror, principalmente dos anos 30, quando o gênero se encontrava em franca ascensão. Mas serve para todas as épocas do terror, pois conseguiu criar um tipo de humor e de ambientação que não envelhece tamanha sua criatividade e inventividade. Os personagens são hilariantes e os atores brilhantes.

Girando em torno do tema antigo da imortalidade, mas sem se preocupar com especulações científicas ou filosóficas, o filme abraça a comédia e explora a paródia, além de nos deliciar com piadas e situações extremamente divertidas. Não há parada. Do início ao fim, somos levados a sorrir um riso fácil, sem apelação.

É um filme fundamentalmente de atuações. Elenco e personagens estão afiadíssimos. São muitos, todos com sua fatia de importância na trama e cada qual com seus trejeitos. Vamos a eles.

Gene Wilder é o Dr. Fronkonsteen (pronúncia que ele insiste para se dissociar do nome do avô considerado louco) que, movido por uma arrebatadora curiosidade científica após descobrir os escritos de seu avô, decide replicar a experiência de reanimar mortos. Acaba por encarnar um cientista louco em busca da imortalidade.

Dr. Fronkonsteen, o cientista, de sério e desconfiado para maluco excêntrico

Marty Feldman vive Igor, um morador antigo do castelo de olhos esbugalhados, portador de uma corcunda que muda de posição em seu ombro, e que nos faz ri sem parar apenas ao olhar sua figura. Um personagem ao mesmo tempo prestativo e super atrapalhado, e ainda vestido de preto, parecendo uma criatura surgida de trevas hilariantes.

Igor, uma estranha criatura atrapalhada que nos faz ri apenas olhando seu rosto

Teri Garr é Inga, uma assistente sedutora e um tanto simplória. Aparentando inocência,  parece ter um apetite insaciável (não precisa nem falar que se trata de sexo). Suas aparições são despretensiosas, mas seu  personagem dá uma espécie de equilíbrio fantasioso entre seriedade, maluquice e excentricidade.

Inga, uma jovem atraente e meiga, mas de boba não tem nada

Peter Boyle faz o monstro criado em laboratório, existencialista, em busca de sua alma, misturando medo, descontrole e uma inocência dissimulada. O personagem foge da tradição de monstros assustadores e seu perigo é equilibrado com sua fragilidade emocional. Atenção para seus ares de deboche e ironia.

O monstro, uma confusão de personalidade, perigoso e emotivo

Cloris Leachman é Frau Blucher, uma espécie de governanta do castelo, com suas expressões gélidas e raivosas, e, inexplicavelmente, faz os cavalos relincharem assustadoramente ao ouvir seu nome. Trata-se de uma personagem que se situa entre o passado do Barão Frankenstein, que ela se acha a mandante, e um presente que ela tenta manipular.

Frau Blucher e os cavalos relincham assustados

Kenneth Mars é o Inspetor Kemp do vilarejo– de braço mecânico – talvez para indicar de que também é biônico, e que nos brinda com cenas absolutamente cômicas e atrapalhadas. Parece sempre meio perdido, assustado e inquieto. Demonstra autoridade, mas aparenta muito mais ser um trapalhão perdido numa investigação.

Inspetor Kemp, não consegue fazer ninguém o levar a sério

E, por fim, temos Madeline Kahn que faz Elizabeth, a noiva intocável do cientista Fronkonsteen, agitada, parece não está em lugar algum, não entende o que se passa, mas nos brinda com uma das melhores cenas do filme: Suas intimidades com o Monstro, que parece possuir uma enorme genitália. E ela canta agradecida.

Elizabeth, a noiva, ao mesmo tempo suntuosa e enganadora

O filme tem uma infinidade de cenas memoráveis, absolutamente impecáveis na comicidade e na composição visual. Não vale a pena revelá-las aqui neste post porque pode reduzir seu impacto, sua imensa beleza e sua grande confusão proposital. Além de tudo isso, ainda temos crianças desamparadas, velhos cegos pitorescos e um vilarejo em pânico.

Considerações finais

“O Jovem Frankenstein” é uma das maiores paródias da história do cinema, um primor na caracterização dos personagens e na ambientação de época, além de ser impecável na ligação do elenco com o roteiro. Filmado em preto e branco, o filme é recheado de momentos impagáveis. Além de sua incrível história que mistura ciência e humor, algo inédito na época, seu impacto permanece até hoje, quase cinquenta anos após sua produção.

Tem-se, aqui, uma comédia de primeira linha, esperta e surpreendente, ácida e brilhante, que sabe ser engraçado com a imagem e também com o texto, abrangendo as mais diversas possibilidades que vão pontuando uma trama premeditadamente bagunçada , ao mesmo tempo em que serve também como uma das mais geniais homenagens ao clássico escrito por Mary Shelley em 1818. É um filme que nos faz rir junto com os artistas e os personagens, nos envolvendo completamente.

O elenco e o Diretor do filme (à direita) no set de filmagem

Cenas de “O Jovem Frankenstein”, 1974

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